Gestão da Informação – Pilotando no mar bravio

Por , em 20.05.2012

 

A crise do modelo dominante do pensamento científico espelha-se nas profundas mudanças sociais assistidas no final do século XX. A cultura dita moderna ao antecipar sua pós-modernidade, mesclou-se em suas próprias fronteiras.

É o conhecimento da realidade que a altera significativamente. A prática social gera a informação que reformula a própria prática, a qual gera novas informações que mantém o ciclo ascendente, vertiginoso, voraz, autofágico e autorreforçado.

Esta sede de futuro faz com que a sociedade dita moderna anseie por antecipar seu próximo estágio. E ao antecipa-lo transforma-se. Materializando-se nele. Consumindo-se em sua antecipação. Realizando-a. Não pela adoção do novo por ele mesmo, mas como consequência da continuada reflexão que o generaliza.

Por exemplo, quando um canal de comunicação globaliza a próxima tendência da moda — o que a princípio se configurava como simples tendência — acaba por transformar-se em moda.

Assim a vida social vive um fluir turbulento e ascendente cuja tentativa de antecipação do futuro pode transformar-se no próprio futuro.

Numa abordagem sistêmica, observou-se nas últimas décadas do século XX o crescimento da importância de uma nova dimensão de análise da questão: a informação.

A Teoria do Sistema de Informação Organizacional, defendida por Jean-Louis Le Moigne considera que existe um sistema de informação inerente a cada organização social. É considerado um sistema, tendo em vista que é produto de adição aos restantes subsistemas identificados anteriormente, e que exerce influência sobre a organização como um todo, sendo a fonte de informação na qual é fundamentada a tomada de decisão e a execução das ações de controle.

A informação é definida como “um objeto formatado” — produto artificial da cultura humana, tendo por objetivo o de representar um tipo de evento identificável.

Como produto da observação humana, a informação possui características muito próprias: “se consome sem se gastar, se gasta sem se consumir e é abundante por natureza”, pode ser gerada, memorizada, tratada e transmitida e com o advento das novas tecnologias estes processos se dão cada vez de forma mais rápida e eficiente.

A informação ganha relevância como recurso estratégico de primeira classe, por que surge naturalmente como elemento redutor das tensões e dificuldades surgidas da turbulência de um cenário em profusa transformação. Daí ser tratada dentro de uma nova disciplina no âmbito das Teorias Modernas da Gestão, com objetivo de lidar com os fluxos de dados e as respectivas diretrizes estabelecidas para sua interpretação, bem como os efeitos que possam induzir, tudo estabelecido com o nome de Gestão da Informação.

Surgiu a partir desta premissa o caminho natural para as sucessivas evoluções conceituais necessárias para o tratamento desta nova realidade emergente.

Qual é o impacto imediato disso?

Muito longe de esgotar esse tema, que voltarei a abordar em artigos futuros, vou mencionar aqui o caso da gestão empresarial, só para citar um exemplo:

No lugar de um gestor, as corporações contarão com um piloto. Mais que uma simples troca de signos, trata-se de uma modificação da forma de se conceituar o elemento responsável pelas decisões.

A metáfora do piloto hábil que navega pelo macrossistema, atende em primeira instância a visão conceitual do necessário sistema de orientação e do necessário equilíbrio no mar bravio que se constitui o panorama mundial das corporações.

A “captação, tratamento e transmissão dos dados necessários ao funcionamento da empresa” bem como “a definição dos conteúdos e do sistema de memorização e acesso à informação disponível” será a principal tarefa da Gestão da Informação.

Na esteira de suas atribuições surgem os Sistemas de Informações Gerenciais que oferecem um instrumental precioso seja pelas possibilidades amplas de controle seja como apoio substancial ao delicado mecanismo de tomada de decisões.

Na teia de relações caracterizadas como um conjunto organizado de procedimentos este sistema dá corpo ao que se denomina “Virtualidades nas Organizações” atuando como sistemas de navegação e orientação que se postula hoje indispensável na arte de pilotar.

Talvez isso acabe por mudar a máxima de Fernando Pessoa:

– Navegar é preciso e viver é mais preciso ainda.

-o-

[Leia os outros artigos deste autor]

 

LEIA SOBRE O LIVRO A COR DA TEMPESTADE do autor deste artigo

Navegando entre a literatura fantástica e a ficção especulativa Mustafá Ali Kanso, nesse seu novo livro “A Cor da Tempestade” premia o leitor com contos vigorosos onde o elemento de suspense e os finais surpreendentes concorrem com a linguagem poética repleta de lirismo que, ao mesmo tempo que encanta, comove.

Seus contos “Herdeiros dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” juntamente com obras de Lygia Fagundes Telles foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”

Foi premiado com o primeiro lugar no Concurso Nacional de Contos da Scarium Megazine (Rio de Janeiro, 2004) pelo conto Propriedade Intelectual e com o sexto lugar pelo conto Singularis Verita.

2 comentários

  • jose ajosilaudo:

    é o futuro pessoal, quem viver vera.

  • Gautamann:

    Well,sabemos que tudo por trás de toda ação no planeta terra é movido por três fatores: Dinheiro, poder e sexo. Demais, orquestração para este fim. Observemos! 95% são falacias, anátemas, engodo, criação ,mentiras…. as vezes, 5% pode ser verdade!
    Que seja feliz!

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