Ilha ZERO KM é o perfeito laboratório para a vida

Por , em 18.05.2015

Uma ilha que surgiu recentemente na costa do Japão oferece aos cientistas uma rara oportunidade de estudar como a vida começa a colonizar terra estéril.

Os pesquisadores dizem que os resíduos de pássaros serão o ingrediente secreto para alavancar a natureza na ilha, que ainda é um vulcão ativo que apenas cutucou sua cabeça para cima das ondas do mar, em novembro de 2013.

A cerca de 1.000 quilômetros ao sul de Tóquio, a nova ilha engoliu sua vizinha maior, Nishinoshima, que fazia parte da cadeia de ilhas Ogasawara, conhecida pela riqueza e variedade de seu ecossistema (depois de ser tomada por um vulcão, tudo isso certamente desapareceu).

À esquerda, antiga Nishinoshima e nova ilha formada por vulcão em 2013; à direita, a nova Nishinoshima já havia enfulgado a antiga, em 2015

À esquerda, antiga Nishinoshima e nova ilha formada por vulcão em 2013; à direita, a nova Nishinoshima já havia enfulgado a antiga, em 2015

A nova Nishinoshima, com respeitáveis 2,46 quilômetros quadrados, é formada hoje em dia quase inteiramente de rochas, criadas a partir da refrigeração de lava.

Laboratório natural

Chamada de “laboratório natural”, a ilha é um dos últimos pedaços intactos do Oceano Pacífico.

“Nós vamos ser capazes de observar o ponto de partida dos processos evolutivos ali”, disse Naoki Kachi, professor da Universidade Metropolitana de Tóquio e líder do Comitê de Pesquisa de Ogasawara. “Após a atividade vulcânica se acalmar, provavelmente chegarão plantas trazidas pelas correntes oceânicas e pelos pés das aves”.

As aves marinhas, que poderiam usar as rochas remotas como um lugar de descanso temporário, devem eventualmente estabelecer-se no local.

Seus excrementos, juntamente com as penas que caem de seus corpos, pedaços de alimentos regurgitados e cadáveres apodrecendo, devem formar um solo rico em nutrientes que oferecerá um terreno fértil para sementes levadas pelo vento, ou trazidas no sistema digestivo de aves sobrevoando a região.

Exemplo a ser seguido

O Japão, que fica na junção de várias placas tectônicas, é lar de mais de 100 vulcões ativos. Os cientistas não têm ideia de quando Nishinoshima vai parar de expelir lava, mas eles esperam que o local siga o mesmo caminho que Surtsey, uma ilha que emergiu em 1963 a cerca de 30 quilômetros da costa da Islândia.

A UNESCO rastreou a evolução desse habitat. “Desde que começaram a estudar a ilha em 1964, os cientistas observaram a chegada de sementes levadas pelas correntes oceânicas, o aparecimento de fungos e bactérias, seguido pela primeira planta vascular em 1965”, lê-se no site da Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. “Em 2004, havia 60 plantas vasculares, juntamente com 75 briófitas, 71 líquens e 24 fungos. 89 espécies de aves foram registradas em Surtsey, 57 das quais se reproduzem em outros lugares na Islândia. A ilha de 141 hectares é também a casa de 335 espécies de invertebrados”.

Nada mal para um lugar que só existe há meio século. Mas Nishinoshima não deve ser tão rápida quanto Surtsey para estabelecer-se como um refúgio de vida selvagem, pois está longe do Japão continental e de suas vizinhas da cadeia de ilhas Ogasawara, o que limita o número de espécies de aves e sementes que devem chegar ali.

ilha vulcao japao (1)

No entanto, é uma tela em branco emocionante e precisa ser tratada com respeito, o que significa impedir invasores estrangeiros que não chegariam ali naturalmente de serem despejados em suas terras.

Todo cuidado é pouco

Por enquanto, Nishinoshima só está sendo monitorada a partir do ar.

Os primeiros pesquisadores a pisarem na ilha devem ser geólogos e vulcanólogos. Por conta disso, os biólogos dizem que eles devem ser treinados para não contaminar o local. Isso inclui esterilizar e proteger todo o equipamento de investigação levado para a região.

“Os biólogos entendem do negócio, mas, provavelmente, os primeiros a pousar na ilha não estarão familiarizados com esses problemas”, explica Kachi, que se ofereceu para dar conselhos a pesquisadores de outras áreas antes que viajem a Nishinoshima. [Phys]

1 comentário

  • Jobson Andrade Filho:

    É apenas mais um vulcão. Quem vai querer chegar perto desta coisa para fazer turismo. Dá licença… proteger o cão de quem?

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