O que o ciclo constante de notícias violentas está fazendo conosco?

Por , em 20.07.2016

É indiscutível que os meios de comunicação de massa tornam o acesso a informações de todas as partes do mundo praticamente instantâneo, mas como lidar com todas essas notícias, especialmente as sobre violência?

Enquanto alguns autores e especialistas defendem que essa exposição exagerada está deixando a população anestesiada e insensível em relação a esses temas, outros observam que esse tipo de notícia causa ansiedade e até depressão em outras pessoas.

“Com a grande frequência de ataques terroristas e tiroteios, há uma sensação de ansiedade crescendo nas pessoas. Uma sensação de vulnerabilidade e impotência”, diz a psicóloga Anita Gadhia-Smith.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Bradford (Inglaterra) relatou em um congresso de psicologia em 2015 que a exposição a imagens violentas nas redes sociais pode causar sintomas semelhantes ao transtorno de estresse pós-traumático. Esse transtorno é definido como uma reação emocional persistente a um evento traumático que trouxe grande impacto na vida de uma pessoa.

Experimento com imagens violentas

Os pesquisadores da universidade conduziram um estudo com 189 voluntários, que foram expostos a imagens de eventos violentos, como o ataque de 11 de setembro, tiroteios em escolas e ataques suicidas de homens-bomba.

A análise mostrou que 22% dos participantes ficaram significativamente impressionados pelo o que viram.

O estudo também mostrou que quem consome este tipo de notícias com mais frequência sofre maior impacto do que aqueles que têm pouco contato com essas imagens. Os pesquisadores também observaram que os participantes mais extrovertidos ficaram mais impressionados com as notícias.

O que não fazer:

Segundo a psicóloga e diretora do departamento de Transtornos de Ansiedade da Universidade de Columbia (EUA) Anne Marie Albano, uma das maiores preocupações dos psicólogos é que as pessoas fiquem com tanto medo que se fechem em um mundinho solitário em busca da sensação de segurança.

As pessoas podem evitar sair de casa ou interagir com outras pessoas pensando que isso será benéfico para elas, mas isso pode acabar causando ansiedade e depressão.

“Terroristas querem justamente isso. Eles querem ver a população mudando seus hábitos”, diz ela.

O que fazer:

Albano sugere diminuir o tempo de exposição aos meios de comunicação. Você pode conferir o Twitter enquanto toma café da manhã, mas ficar longe das estações de notícias do rádio enquanto dirige para o trabalho, por exemplo – ou vice-versa.

“Isso vai ajudar a equilibrar o mundo real com as informações que são sensacionalistas”, explica a psicóloga. Isso pode ajudar a pessoa a não ser impulsiva ao acreditar que aquela notícia tem um impacto direto na sua vida, quando na verdade pode não ter.

Martin Seif, psicólogo especializado em transtornos de ansiedade, explica que os seres humanos são péssimos em analisar probabilidades e riscos. Quem tem medo de viajar de avião se esquece que este é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, e que dirigir até o aeroporto representa um perigo muito maior do que voar.

“Todas as técnicas de controle de ansiedade se baseiam na premissa que sua reação está fora de proporção com a possibilidade de estar em perigo”, diz ele.

Se você tem filhos, a Associação Americana de Psicologia recomenda conversar com eles sobre como estão se sentindo em relação às notícias violentas. Afinal de contas eles também prestam atenção nos meios de comunicação e nas conversas dos adultos com quem convivem. [The New York Times]

2 comentários

  • Douglas Wilson:

    O mundo está demasiado violento e perigoso, não admira as pessoas ficarem com ansiedade e depressão, as coisas estão indo por um caminho mal

    • Cesar Grossmann:

      Não, Douglas, a maioria dos casos de depressão é fisiológico, é um problema no corpo mesmo, e um tratamento com medicamento ajuda a estabilizar.

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