Luas de Plutão são mais estranhas do que pensávamos

Por , em 9.06.2015

As luas de Plutão são ainda mais estranhas e intrigantes do que os cientistas imaginavam, um novo estudo revela. O sistema é composto por quatro pequenos satélites – Nix, Hydra, Kerberos e Styx – orbitando um “planeta binário” composto por Plutão e sua maior lua, Caronte (na foto acima, “Charon”), que, com 1.207 km de diâmetro, tem quase a metade da largura do próprio planeta anão.

Uma análise dos dados coletados pelo telescópio Hubble mostra que duas – e, possivelmente, todos as quatro – das menores luas do sistema Plutão-Caronte estão balançando descontroladamente de uma forma imprevisível. Além do mais, uma lua, Kerberos, parece apresentar uma superfície escura parecida com carvão que é radicalmente distinta das outras luas plutonianas.

O binário Plutão-Caronte está provando ser um dos mais interessantes e certamente únicos ambientes celestes no sistema solar. O trabalho realizado por Mark Showalter, do Instituto SETI em Mountain View, na Califórnia, e Doug Hamilton, da Universidade de Maryland em College Park, ambos nos Estados Unidos, tem mostrado que duas das luas menores, Nix e Hydra, estão presas em uma cambalhota caótica. Confira a representação de Nix no gif abaixo:

plutão

Os astrônomos, que usaram dados do Hubble registrados entre 2005 e 2012, também suspeitam que as outras luas pequenas, Kerberos e Styx, estejam presas nesta mesma dança selvagem. Os detalhes de seu trabalho podem ser encontrados na última edição da revista “Nature”.

Campo gravitacional variável

A razão para todo este caos tem a ver com a posição das luas dentro de um campo gravitacional que muda dinamicamente – um exercido pelos órgãos mais importantes do sistema, Plutão e Caronte, enquanto giram em torno de si mesmos. O campo gravitacional variável resultante produz torques (momentos de alavanca) que fazem com que as luas menores girem de formas imprevisíveis. E o fato de que essas luas têm o formato de bolas de futebol americano contribui para o efeito meio maluco.

Os astrônomos também descobriram que Nix, Styx e Hydra estão atualmente presas por uma “ressonância”, uma espécie de ponto gravitacional “ideal” em que as órbitas de vários corpos celestes estão relacionados por uma razão de dois números inteiros, existindo, assim, uma relação fixa entre os seus períodos orbitais.

“Isso une o seu movimento de uma forma semelhante à de três das grandes luas de Júpiter”, observou Hamilton em um comunicado, referindo-se a Io, Europa e Ganimedes. “Se você estivesse sentado em Nix, você veria que Styx orbita Plutão duas vezes para cada três órbitas feitas por Hydra”.

Mais estudos são esperados

Ainda é necessário que sejam feitas mais análises para determinar se o sistema é inerentemente instável e se encontra-se em risco de voar para além no espaço. “O Hubble tem proporcionado uma nova visão de Plutão e suas luas ao revelar uma dança cósmica com um ritmo caótico”, explica Grunsfeld. “Quando a sonda New Horizons voar através do sistema de Plutão, em julho, nós vamos ter a chance ver como essas luas são de perto”.

A equipe também descobriu que Kerberos não é como os outros satélites. Ela possui uma superfície que é incrivelmente escura, enquanto as outras luas parecem ser tão brilhantes quanto areia branca. Kerberos apresenta agora um enigma para os astrônomos. [io9, LiveScience]

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