Os rituais de sepultamento da tribo indonésia Toraja

Por , em 30.12.2012

Quer viajar? Eis uma dica: um dos mais belos destinos turísticos da Indonésia, as colinas verdejantes da ilha Celebes do Sul, que também são o lar de Toraja, uma tribo que ainda homenageia o velho estilo de vida austronésio, semelhante à cultura Nias.

A tribo Toraja é conhecida pela forma alegre com que trata a morte, e por seus cemitérios únicos esculpidos em rochas íngremes. A maioria dos membros da tribo é cristã, convertidos durante a colonização holandesa, mas os traços de suas velhas crenças ainda se mantêm, e são mais visíveis durante as festividades fúnebres e costumes funerários.

Sim, a tribo indonésia é obcecada com a morte, mas não em um sentido trágico; para eles, os funerais são mais parecidos com festas de despedida, celebrações grandes com sacrifícios de dezenas de búfalos e porcos apreciados por toda a comunidade.

A principal preocupação de um membro da tribo Toraja é ter certeza de que ele conseguirá dinheiro suficiente na época que deixar esse mundo, para que sua família possa dar a melhor festa da cidade.

Os corpos dos mortos são armazenados sob a casa de suas famílias por anos após a sua morte. Durante esse tempo, os parentes restantes referem-se a essa pessoa não como “o falecido”, mas como “o doente”, e arrecadam dinheiro para um verdadeiro funeral com, normalmente, centenas de convidados. Dica: os turistas são bem-vindos a participar das festividades, contanto que não se vistam de preto ou vermelho.

Embora existam igrejas na região indonésia, os membros da tribo raramente são enterrados no solo. Comumente são colocados em túmulos escavados nos penhascos das proximidades, ou em caixões de madeira pendurados ao lado das montanhas.

Lemo, um dos cemitérios mais populares da área, se parece com um grande pedaço de queijo suíço, com buracos esculpidos na rocha onde devem caber caixões, e varandas para o “tau tau” (bonecos de madeira em tamanho real que representam o falecido).

Nos velhos tempos, as efígies só demonstravam o gênero dos mortos, mas agora os mestres escultores tentam fazer os bonecos se parecerem com a pessoa real. Após o corpo ter sido colocado em sua tumba de pedra, a efígie do morto é colocada ao lado de outras, em um balcão esculpido, assim seu espírito pode vigiar seus descendentes. Infelizmente, muitas efígies tau tau foram roubadas para serem vendidas a turistas, então as pessoas começaram a mantê-las em sua casa.

Já no cemitério Ke’te kesu’, os mortos não são colocados em “túmulos”, mas em caixões de madeira pendurados do lado das falésias. Os caixões são decorados com formas geométricas, mas com o tempo a madeira começa a apodrecer e os ossos do falecido frequentemente ficam expostos.

Alguns membros da tribo Toraja mais espertos fazem um pacote com ossos de vários membros da família e o colocam em um único caixão que, eventualmente, não consegue suportar tal peso e se quebra. Entretanto, a julgar pelas pilhas de madeira e ossos no fundo do cemitério suspenso, isso não parece incomodar ninguém.

Os menores de todos os cemitérios Toraja são os “Baby Trees” (em português, árvores dos bebês), onde os mais jovens da tribo são “enterrados”. Se uma criança morre antes de começar a ter dentes, sua mãe deve envolver seu corpo em roupas, fazer um buraco na “árvore do bebê”, e colocar o bebê dentro. O buraco é então selado e, conforme a árvore começa a sarar, os membros da tribo acreditam que a criança é absorvida.

Se você achar tudo isso muito estranho ou exagerado, lembre-se que estes costumes de sepultamento são uma grande parte da tradição da tribo Toraja, tradição esta que exige muito esforço para se manter viva em um mundo moderno. Vale a pena conferir.[OddityCentral]

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