Pessoas materialistas são mais infelizes, diz estudo

Por , em 3.04.2014

Não importa quanto as tecnologias de mapas e GPS avancem, encontrar a felicidade nunca será uma tarefa fácil. Mais: nunca haverá só um caminho possível.

O curioso é que algumas pessoas têm uma facilidade muito grande em associar a felicidade com bens materiais, de forma que “quanto mais coisas eu tenho, mas feliz eu sou”. Será mesmo?

De acordo com um estudo realizado pelos pesquisadores da Universidade Baylor, nos Estados Unidos, as coisas não funcionam bem assim. Aliás, é o contrário. Segundo o estudo, publicado na revista americana Personality and Individual Differences, pessoas materialistas são mais propensas a serem deprimidas e insatisfeitas com a vida, em grande parte porque acham mais difícil ter gratidão pelo que elas têm.

Jo-Ann Tsang, autora principal do estudo, intitulado “Porque materialistas são menos felizes? O papel da gratidão e necessidade de satisfação na relação entre materialismo e satisfação com a vida”, professora associada do núcleo de psicologia e neurociência da Universidade Baylor, explica melhor: “A gratidão é um estado de espírito positivo. Trata-se das outras pessoas. Pesquisas anteriores feitas por nós e outras equipes mostram que as pessoas são motivadas a ajudar quem as ajuda – e a ajudar os outros também. Nós somos criaturas sociais e assim nos concentramos em outras pessoas de uma forma positiva que faz bem à nossa saúde”.

Mas, quando uma pessoa é materialista, ela não segue essa lógica. Pessoas materialistas tendem a ser centradas nelas mesmas. e apenas nelas.

E como isso explica o fato de pessoas assim serem mais infelizes?

“Nossa capacidade de adaptação a novas situações pode ajudar a explicar porque ter mais coisas não nos faz mais feliz”, disse o coautor do estudo, James Roberts, professor da Escola de Negócios da Universidade de Baylor.

“À medida que acumulamos mais e mais bens, nós não ficamos mais felizes. Nós simplesmente aumentamos o nosso ponto de referência”, disse ele. É como se nos acostumássemos muito rápido a um novo padrão de vida. E, assim, imediatamente passamos a querer algo mais.

Vamos supor que você tenha sonhado a vida toda em ter uma casa grande e depois de muito trabalho, conseguiu comprar uma. “Essa nova casa de 2.500 metros quadrados, então, se torna a base para nossos desejos de ter uma casa ainda maior”, exemplifica o professor. Isso se chama “esteira de consumo”. Continuamos a comprar cada vez mais coisas, mas nunca chegamos mais perto da felicidade. Adquirir mais bens só acelera cada vez mais a tal da esteira.

Amostra

Os resultados do estudo foram baseados em uma análise de 246 membros do departamento de marketing de uma universidade particular de médio porte localizada no sudoeste dos Estados Unidos, com uma idade média de 21 anos entre os estudantes que participaram da amostra. Cada um deles respondeu um questionário de 15 minutos, usando uma escala de 15 itens de materialismo.

Pesquisas anteriores sugerem que os materialistas são, em geral, menos satisfeitos com suas vidas. Eles são mais propensos a serem infelizes e têm baixa autoestima. Também são mais propensos a serem menos satisfeitos com suas relações e menos envolvidos em causas sociais.

Enquanto isso, aqueles que são mais gratos pelo que conquistaram têm mais probabilidade de encontrar mais sentido na vida e serem, assim, mais felizes.

É como diria o filósofo grego Epicuro: “Não estrague o que você tem desejando o que não tem. Lembre-se que o que você tem agora é o que um dia você sonhou”. [medicalxpress]

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