Um desastre como o Titanic poderia acontecer de novo hoje?

Por , em 12.04.2012

Um século atrás, o famoso navio Titanic bateu em um iceberg e afundou, matando 1.514 passageiros. O desastre virou um filme popular que evoca imagens de luxo, arrogância, covardia e heroísmo. Poderia algo desse tipo acontecer de novo?

De algumas maneiras, desastres parecidos já ocorreram. Pesquisas e bancos de dados marítimos, por exemplo, listam mais de 470.000 naufrágios apenas na América do Norte no século 20.

Claro que naufrágios extremamente mortais são muito mais raros, mas mesmo o infame desastre do Titanic foi apenas o sexto pior naufrágio da história. O mais mortífero foi o naufrágio do navio-hospital alemão MV Wilhelm Gustloff por torpedos soviéticos, que matou mais de 9.000 pessoas. Esse desastre ocorreu em 1945, ou seja, depois do naufrágio do Titanic, em 1912.

Porque não teremos um Titanic 2

Certas características do naufrágio do Titanic, entretanto, não devem se repetir. Mas outros riscos permanecem. “Você nunca pode eliminar completamente o risco de um desastre. É apenas uma questão de tentar minimizá-lo”, disse Malom Kennicutt, um oceanógrafo da Universidade do Texas, EUA.

Aliás, os desastres marítimos que ocorrem nos ensinam cada vez mais como nos preparar contra esses riscos inevitáveis.

Por exemplo, o Titanic, notoriamente, tinha muito poucos botes salva-vidas para seu tanto de passageiros, e o procedimento de evacuação foi desastroso. Além disso, o perigo não era óbvio.

Você com certeza se lembra da Kate Winslet e do Leonardo Di Caprio congelando nas águas do Atlântico. Pois bem, se você não achasse que ia morrer, ia preferir ficar no quentinho do navio ou nas águas frias?

“Existem casos documentados de pessoas que se recusaram a entrar nos botes salva-vidas”, disse Charles Weeks, professor de transporte marítimo na Academia Marítima do Maine, EUA, e membro da Sociedade Internacional do Titanic. “Não foi imediatamente óbvio o perigo que circundava o Titanic, e as pessoas hesitaram em saltar aos botes salva-vidas para o frio do Atlântico Norte. As luzes estavam acesas, o aquecedor estava ligado, estava quente e confortável, principalmente se eles permanecessem dentro do navio”, disse Weeks.

“Mais vidas poderiam ter sido salvas se os oficiais do Titanic insistissem em embarcar os passageiros nos botes”, disse George Behe, membro da Sociedade Histórica do Titanic e autor de vários livros sobre o desastre.

Behe credita a um homem, o quinto oficial Harold Lowe, o salvamento de muitas vidas devido à sua insistência de que as pessoas entrassem nos botes salva-vidas. Lowe também remou de volta ao local do naufrágio depois que o navio afundou, em busca de sobreviventes.

“Tendo dito isso, porém, o quinto oficial Lowe também foi responsável pela morte de um certo número de passageiros da primeira classe, já que mais tarde ele revelou que cuidou pessoalmente para que nenhum dos ‘ricos esnobes’ do Titanic encontrassem um lugar nos botes salva-vidas”, disse Behe.

A nossa tecnologia de construção naval certamente avançou. Embora o Titanic tenha sido construído com padrões elevados para seu tempo, o aço de 1912 continha mais impurezas do que o aço moderno e era mais frágil no frio.

Melhor formação da equipe do navio, botes salva-vidas suficientes e melhor auxílio à navegação, que provavelmente teria evitado o confronto com o iceberg, teriam salvado o Titanic de 1912, e hoje nós já temos tudo isso. E, se o mesmo desastre ocorresse hoje, nossa comunicação moderna teria tornado um resgate de sucesso mais provável.

“Se um outro navio meso-oceânico tivesse um acidente, eu esperaria uma taxa de sobrevivência muito maior”, disse Weeks.

Riscos modernos

Porém, como os especialistas já disseram, sempre há riscos no mar. Hoje, há cerca de 4 milhões de embarcações de pesca comercial no mar, com mais dezenas de milhares de cruzeiros, petroleiros, navios privados e embarcações militares. Mais navios, mais oportunidades de acidentes.

Também, as embarcações se aventuram cada vez mais em águas árticas e antárticas, que podem ser mal mapeadas e traiçoeiras.

Em dezembro de 2011, por exemplo, um navio de pesca russo bateu em um iceberg no Mar Ross da Antártica. O navio ficou preso por quase duas semanas, com risco de derramar seu combustível em uma importante área de alimentação do pinguim imperador. Eventualmente, os membros da tripulação foram capazes de fazer reparos suficientes para levar o navio danificado para a Nova Zelândia.

Erro humano e falha nas normas de segurança são muitas vezes os culpados por acidentes marítimos. Por exemplo, em um acidente mortal de 1987, o navio de passageiros Doña Paz colidiu com um petroleiro. Após a colisão, um incêndio se espalhou no Doña Paz, que estava sobrecarregado de passageiros com possivelmente o dobro do que poderia lidar com segurança. Apenas 24 pessoas sobreviveram ao naufrágio, e o número de mortos é estimado em mais de 4.000.

“Se você operar fora dos seus recursos, você realmente aumenta o risco de um acidente grave”, disse Kennicutt.[LiveScience]

2 comentários

  • Nuno:

    Claro que poderia. E já aconteceu apesar de todos os recursos modernos como sonares e mapeamento por satélite. Chama-se Costa Concórdia!

  • Big Bang:

    Não concordo q o caso do MV Wilhelm Gustloff seja um desastre, esta mais para uma da muitas covardias do camarada Stalin e de seu imperio do mal. Que jaz morto e enterrado.

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