Quais exames inúteis seu médico está solicitando?

Por , em 15.04.2012

Às vezes, os médicos são os principais responsáveis por pedir exames ou sugerir tratamentos desnecessários. Para economizar tempo e dinheiro, nove grandes grupos médicos, cada qual de uma especialidade, elaboraram uma lista.

Nela constam cinco exames e/ou tratamentos que poderiam ser evitados, sem retirar qualquer benefício médico dos pacientes. A iniciativa foi uma ideia de Howard Brody.

Depois de meses de análises por parte de comitês de especialistas, as nove primeiras especialidades a terem suas listas estabelecidas foram cardiologia, cardiologia nuclear, oncologia, radiologia, nefrologia, gastroenterologia, medicina de família, medicina geral e alergologia.

A importância dessas listas reside no fato de que tratamentos desnecessários podem acarretar péssimas consequências para a saúde do paciente, que, por exemplo, é exposto em excesso à radiação ou toma remédios além da conta.

Confira as listas!

Alergologia

  • Exames de imunoglobulina G (IgG) e uma bateria indiscriminada de testes de imunoglobulina E (IgE) devem ser evitados.
  • Não peça tomografia computadorizada da cavidade nasal e não prescreva antibióticos para rinossinusite aguda sem complicações.
  • Não faça testes diários de diagnóstico em pacientes com urticária crônica.
  • Em casos de infecção, não recomende a reposição de imunoglobulina, a menos que haja resposta dos anticorpos às vacinas terapêuticas.
  • Não diagnostique asma sem fazer espirometria.

Medicina de família

  • Caso sinta dores nas costas, não faça raio-X da região nas primeiras seis semanas, a menos que existam fatores de risco.
  • Não prescreva antibióticos para sinusite fraca ou moderada, a não ser que os sintomas durem sete dias ou mais, ou a menos que os sintomas piorem depois de uma pequena melhora clínica.
  • Não faça absorciometria de raios-X de dupla energia para casos de osteoporose em mulheres abaixo de 65 anos ou em homens abaixo de 70, sem fatores de risco.
  • Não peça eletrocardiogramas anualmente ou qualquer outro exame cardíaco para pacientes com baixo risco e sem sintomas.
  • Não faça o teste de Papanicolau em mulheres que tenham menos de 21 anos ou em mulheres que fizeram histerectomia por doenças não relacionadas a cânceres.

Cardiologia

  • Não faça exames cardíacos que possam ser estressantes ou não invasivos na avaliação inicial de pacientes sem sintomas cardíacos, a não ser que existam fatores de alto risco.
  • Não realize exames cardíacos que possam ser estressantes ou não invasivos em pacientes assintomáticos.
  • Não faça exames cardíacos que possam ser estressantes ou não invasivos, como uma avaliação de pré-operatório, em pacientes programados para passar por cirurgias não cardíacas de baixo risco.
  • Não faça ecocardiogramas como se fosse um exame de rotina para doenças assintomáticas de válvula nativa em pacientes adultos com nenhuma mudança dos sintomas.
  • Não faça colocação de stent de lesões não culprit durante angioplastia coronária para enfartos estáveis e sem complicações do tipo STEMI.

Medicina geral

  • Não realize eletrocardiograma em indivíduos assintomáticos e com baixo risco para doenças coronárias.
  • Não faça exames de imagens em pacientes com dores lombares não específicas.
  • Na avaliação de síncope simples (desmaio) e na avaliação neurológica normal, não realize tomografias computadorizadas ou ressonância magnética.
  • Em pacientes com baixa probabilidade de tromboembolismo venoso, obtenha a medida de D-dímero como um teste de diagnóstico inicial; não faça imagens computadorizadas como parte desse diagnóstico inicial.
  • Não realize radiografias pré-operatórias do peito na ausência de suspeita clínica de patologia intratoráxica.

Radiologia

  • Não faça exames computadorizados para dores de cabeça simples.
  • Não realize exames computadorizados para suspeita de embolia pulmonar sem probabilidade moderada ou alta (pré testada).
  • Evite raios-X do peito para pré-operatórios para pacientes ambulatoriais com histórico clínico e exames físicos normais.
  • Não faça tomografia computadorizada para avaliar suspeitas de apendicite em crianças até que o ultrassom seja considerado uma opção.
  • Não recomende exames computadorizados para cistos anexiais sem maiores perigos clínicos.

Gastroenterologia

  • Para tratamento farmacológico de pacientes com refluxo gastroesofágico, a terapia de supressão ácida deveria ser administrada na menor dose necessária, para atingir os objetivos terapêuticos.
  • Não repita imageamento para câncer colorretal (seja qual for o método) por 10 anos, depois de uma colonoscopia de alta qualidade ter dado negativo em indivíduos que tenham o fator de risco da idade.
  • Não repita colonoscopia por pelo menos cinco anos para pacientes que tenham um ou dois pólipos adenomatosos pequenos (menor que 1 centímetro), sem displasia.
  • Para o paciente que é diagnosticado com o esôfago de Barrett e que já fez duas endoscopias, que confirmam a ausência de displasia na biópsia, um exame de vigilância posterior não precisa ser feito em um período menor que três anos.
  • Para um paciente com síndrome da dor abdominal funcional, a tomografia computadorizada não deve ser repetida, a menos que haja mudança no quadro clínico.

Oncologia clínica

  • Não utilize terapias direcionadas ao câncer para pacientes com tumores sólidos e com as seguintes características: status de desempenho baixo (3 ou 4), nenhuma melhora de intervenções anteriores, não elegíveis para interferência cirúrgica e sem evidências clínicas de que tratamentos contra a doença poderão funcionar.
  • Não faça tomografia computadorizada, tomografia emissora de pósitron ou scan de radionuclídeo dos ossos, em níveis iniciais de câncer de próstata, com baixo risco de metástase.
  • Não faça tomografia computadorizada, tomografia emissora de pósitron ou scan de radionuclídeo dos ossos, em níveis iniciais de câncer de mama, com baixo risco de metástase.
  • Não realize testes com biomarcadores ou imageamentos para indivíduos assintomáticos, que trataram câncer de mama com terapia curativa.
  • Não use estimuladores das células brancas para prevenção primária ou neutropenia febril para pacientes com menos de 20% de risco de complicações.

Nefrologia

  • Não realize imageamentos rotineiros para detectar câncer em pacientes dialisados, que tem expectativas de vida limitadas sem qualquer sinal ou sintoma.
  • Não administre agentes estimulantes de eritropoiesis em pacientes com doença renal crônica, em que os níveis de hemoglobina sejam maiores ou iguais a 10g/L e que não tenham sintomas de anemia.
  • Evite drogas anti-inflamatórias não esteroidais em indivíduos com hipertensão e outras doenças cardíacas.
  • Não coloque cateteres centrais de inserção periférica em pacientes com doença renal crônica (do estágio III ao V), sem consultar um nefrologista.
  • Não inicie diálise crônica sem se assegurar que a decisão foi tomada em conjunto pelo paciente, sua família e seus médicos.

Cardiologia nuclear

  • Não faça imageamentos cardíacos ou angioplastia coronária em pacientes sem sintomas cardíacos, a não ser que tenham fatores de alto risco.
  • Não faça imageamentos cardíacos para pacientes com baixo risco.
  • Não realize imageamentos de radionuclídeos como parte de exames de rotina em pacientes assintomáticos.
  • Não faça imageamentos cardíacos, como avaliação pré-operatória, em pacientes que passarão por cirurgias não cardíacas de risco baixo ou intermediário.
  • Use métodos para reduzir a exposição à radiação em imageamentos cardíacos sempre que possível. [TheNewYorkTimes]

4 comentários

  • Saprugo:

    Acredito que devemos nos preocupar é com quais exames úteis nosso médico não está solicitando.

  • luysylva:

    é vero

  • luciana:

    Pois é, geralmente os médicos se vingam dos planos de saúde solicitando vários exames, uma vêz que os convênios pagam mal ao profissional. A tabela de pagamento para fisioterapia é ridicula, odontologia então, não chega a pagar o material usado. Quem está lucrando com isso?

    • Carlos:

      Culpa dos próprios médicos. O sujeito pode aparecer estribuchando na frente de um médico que ele só atende se ver a cor da grana. Da mesma forma, a classe médica é bem unida e nenhum deles atende por um valor abaixo de um determinado valor.
      Resultado: consultas particulares são altíssimas, inviáveis, daí as pessoas tem que recorrer aos planos de saúde.
      No entanto os planos de saúde ganham dos dois lados: exploram o usuário o máximo que podem com mensalidades altíssimas, inclusive negando a disponibilidae de serviços contratados, obrigando o usuário a procurar a via judicial, e, por outro lado, paga uma miséria ao hospital e ao médico.
      Não seria mais inteligente por parte do médico e do hospital cobrarem procedimentos particulares em valores que não sejam surreais?
      Tem plano de saúde que paga R$ 25,00 por consulta ao médico, mas este médico cobra 150 dilmas por uma consulta particular. Se ele fosse mais esperto, cobraria 40 contos, por exemplo, ganhando mais que com o plano de saúde e se livrando de um terceiro intermediário.
      O mesmo raciocínio vale para o hospital. Eu, por exemplo, praticamente nunca precisei ir em médico. Vamos supor que eu precise fazer uma cirurgia em que o plano de saúde pague 2000 ao hospital. Eu preferiria pagar 4000 direto ao hospital, do que ter que me submeter a um plano de saúde que me cobra 250,00 por mês, sendo que somente após dez anos de plano de saúde precisei utilizá-lo para uma cirurgia…
      Desculpem-me pelo longo comentário, mas como já trabalhei em hospital, me deparei com esta situação estapafúrdia, onde uma cirurgia particular custava R$ 25.000,00, e pela mesma cirurgia o hospital se sujeitava a receber 3.500 do plano de saúde, ou seja, colocava um valor absurdo no particular para se reembolsar de prejuízos com atendimento do plano de saúde.

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