7 maneiras de perder um prêmio Nobel

Por , em 20.10.2018

É mais fácil perder um Prêmio Nobel do que ganhar um.

As medalhas laureadas aos vencedores já foram roubadas, contrabandeadas, emprestadas para impressionar garotas em um bar, dissolvidas e perdidas das formas loucas e mais trágicas ao longo dos mais de cem anos de história da premiação.

Conheça os destinos bizarros de algumas das medalhas:

Dissolvidas em ácido

Quando os nazistas invadiram a Dinamarca em abril de 1940, cientistas do Instituto de Física Teórica Niels Bohr começaram a se preocupar com as medalhas de ouro do Prêmio Nobel de Física de 1914 e 1925 que dois laureados alemães – Max von Laue e James Frank – haviam guardado ali.

“No império de Hitler, era quase uma ofensa capital enviar ouro para fora do país e, com o nome de Laue gravado na medalha, a descoberta disso pelas forças invasoras teria consequências muito sérias para ele”, escreveu em 1962 o químico húngaro George de Hevesy, que trabalhava no Instituto.

Depois de ser persuadido a não enterrar as medalhas, uma vez que elas poderiam ser descobertas, de Hevesy decidiu dissolver as medalhas de ouro de 23 quilates em uma solução corrosiva de água regia. Armazenado no alto de uma prateleira de seu laboratório, o líquido cor de laranja passou despercebido pelos nazistas.

Depois que a guerra acabou, de Hevesy – que ganhou o Prêmio Nobel em 1943 – transformou o líquido mais uma vez em ouro, em 1950. Ele doou esse ouro à Fundação Nobel para que pudesse ser reformulado em duas novas medalhas que foram apresentadas aos homens em 1952.

Presenteada a um nazista

Em um momento menos triunfante, o escritor norueguês Knut Hamsun entregou sua medalha do Prêmio Nobel de Literatura ao ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, em 1943.

Um forte defensor dos nazistas, Hamsun foi condenado por traição em 1947 e passou o resto de sua vida em instituições mentais.

Não se sabe o que aconteceu com sua medalha.

Leiloadas

Às vezes, por causa de atos de caridade, disputas de herança ou apenas porque a vida pode se tornar difícil, as medalhas do Prêmio Nobel acabam à venda em leilões, com resultados variados.

O Prêmio Nobel da Paz, ganho pelo francês Aristide Briand em 1926 por seu papel na curta reconciliação do pós-guerra entre França e Alemanha, foi vendido pela modesta quantia de 12.200 euros (cerca de R$ 52.200 no câmbio atual) em 2008.

Seis anos depois, o cientista norte-americano James Watson, que ganhou o prêmio em 1962 por seu papel na descoberta da estrutura do DNA, vendeu sua medalha por um recorde de US$ 4,1 milhões excluindo impostos (cerca de R$ 15,22 milhões no câmbio atual). Um excelente negócio para o biólogo norte-americano, especialmente depois que o comprador, o bilionário russo Alisher Usmanov, lhe devolveu a medalha.

Roubadas

Houve também momentos em que as medalhas simplesmente desapareceram ou foram roubadas.

O Museu do Patrimônio da França Ecomusee de Saint-Nazaire, comprador da medalha de Aristide Briand, só a teve por alguns anos: ela foi roubada em 2015 e ainda não foi recuperada.

Em 2017, ladrões fugiram com a medalha do Prêmio Nobel da Paz de 2014 conquistada por Kailash Satyarthi na Índia. Foi isso que eles pensaram, pelo menos. A medalha era uma réplica – a verdadeira está em exibição em um museu – e foi rapidamente recuperada.

Já a medalha do Nobel de Literatura de 1913 concedida a Rabindranath Tagore foi roubada em 2004 e até hoje não foi encontrada.

Confiscada

A advogada e defensora dos direitos humanos iraniana Shirin Ebadi acusou o Teerã, em 2009, de confiscar seus bens por impostos não pagos.

Um cofre contendo a medalha do Prêmio Nobel da Paz de 2003 e uma medalha da Ordem Nacional da Legião de Honra foi apreendido para forçá-la a pagar US$ 410 mil (cerca de R$ 1,5 mi) em impostos. Autoridades iranianas negaram a alegação.

Depois de um clamor internacional, a medalha Nobel de Ebadi foi devolvida a ela.

Trocadas

Os nomes dos laureados são gravados no verso de sua medalha, com exceção dos prêmios Nobel de Paz e de Economia, nos quais os nomes são escritos na borda da medalha.

Por isso, não é tão difícil confundir as coisas: a dupla Leonid Kantorovich, da Rússia, e Tjalling Koopmans, dos EUA, voltou para casa com as medalhas trocadas, após vencerem juntos o Prêmio Nobel de Economia de 1975.

Por causa da Guerra Fria, foram necessários quatro anos de esforços diplomáticos para que cada medalha fosse devolvida ao seu dono.

Emprestadas para impressionar mulheres

Em dezembro de 1999, pânico irrompeu em uma suíte no Grand Hotel de Oslo, Noruega, porque a medalha do Prêmio Nobel concedida aos Médicos Sem Fronteiras (MSF) havia desaparecido.

No dia seguinte, a medalha estava de volta onde pertencia. Membros da delegação francesa do MSF pegaram o prêmio emprestado para impressionar garotas em bares da cidade.

“Dava para ver as marcas dos dentes de todos que quiseram testar se a medalha realmente era feita de ouro puro”, contou Morten Rostrup, membro da delegação norueguesa do MSF, em um livro de 2006. [Phys]

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