50 poderes impressionantes do seu cérebro [parte 4]

Por , em 12.06.2014

Para ver a parte 3, clique aqui.

A ciência acumulou anos de sabedoria à nossa disposição. Nosso cérebro é capaz de fazer ligações impressionantes, e conhecê-las pode nos ajudar a tomar melhores decisões na vida. Confira:

31. Guarde informações por mais tempo ao espaçar lembretes

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A maioria de nós estuda apenas um dia antes de fazer uma prova importante não por procrastinação, mas sim porque se estudarmos uma semana antes, vamos esquecer tudo.

Há um processo mensurável pelo qual seu cérebro esquece informações, chamado de “curva de esquecimento”. Se você deseja guardar informações por mais tempo, precisa contornar essa curva, ou seja, saber quanto tempo leva para esquecer as coisas. Dá trabalho, mas vale a pena. A técnica é conhecida como “repetição espaçada”. Esse gif animado a resume:

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Explicamos. Digamos que você está tentando aprender inglês, e vai ter uma prova em quatro meses. A forma mais rudimentar de praticar a repetição espaçada é colocar as palavras que você precisa saber em cartões com a tradução em português, e os colocar aos poucos em três caixas com as legendas: “todo dia”, “toda semana” e “uma vez por mês”.

Os rótulos lhe dizem quantas vezes você vai olhar para os cartões de memória. “O quê?”, pensa você. “Todo dia?”. Fazer o quê, esse é o preço do método, que como recompensa vai lhe dizer exatamente por quanto tempo você consegue guardar informações, e vai te ajudar a chegar ao exato mínimo tempo que você precisa para estudar.

A primeira vez que você estudar, infelizmente, você vai ter que ver todos os cartões de memória. O que você acertar, você coloca na pilha “toda semana”. O que errar, na pilha de todos os dias. No dia seguinte, você tenta de novo, mas agora tem uma pilha menor. No dia seguinte, será ainda menor. Uma semana mais tarde, você dá uma olhada somente na pilha “toda semana”, e o que você acertar (ou seja, o que você é capaz de lembrar por uma semana com sucesso) vai para a pilha do mês. O que errar, volta para todos os dias.
Um mês depois, você dá uma olhada na pilha do mês para se certificar do que se lembra. As coisas que você esqueceu entram na rotação semanal novamente. Assim, você sabe a taxa exata a qual esse material cai fora de seu cérebro. A caixa mensal agora pode ser vista a cada dois meses, e assim por diante. Você também pode adaptar essas datas (dia, semana, mês) conforme o tempo que você tem: se for menos, faça em menos dias, se for mais, dê mais tempo entre as caixas. O método funciona – tem gente que consegue se lembrar de coisas por anos usando-o.

Se fazer caixas lhe parece complicado demais, existem aplicativos que ajudam com a técnica da repetição espaçada.

32. Música pode impulsionar o seu sistema imunológico

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Música pode ajudar na recuperação de uma ampla gama de condições, incluindo doenças cardíacas, doenças pulmonares e até mesmo resfriados. Enquanto o campo de estudo ainda é jovem, já há um consenso de que a música ajuda as pessoas a superar doenças debilitantes.

A música é especialmente boa em reduzir o estresse, ao reduzir os níveis de cortisol no organismo, que é o hormônio que o causa. Jazz, blues e rock leve são os melhores ritmos para isso.

Além de diminuir os níveis de estresse, a música também eleva marcadores imunológicos em seu sistema, criando mais anticorpos para combater doenças. Ironicamente, ouvir Amy Winehouse poderia torná-lo imune a todas as potenciais doenças que você estaria exposto se conhecesse a Amy Winehouse.

Este efeito é longo: com o tempo, o corpo pode aprender a reconhecer certos tipos de música (especialmente coros ou músicas clássicas) como um reforço imunológico, dando continuidade à melhoria do sistema imunológico.

33. Seu tato influencia seu cérebro

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Dos nossos cinco sentidos, aquele que menos prestamos a atenção é o toque. No entanto, experiências recentes indicam que podemos estar menosprezando o primeiro sentido que desenvolvemos. Tudo, desde a sensação da cadeira que você está sentado ao que você está segurando pode influenciar o seu comportamento e as decisões que você toma.

Ao longo de uma série de estudos, cientistas descobriram que poderiam facilmente manipular os sentimentos e as percepções das pessoas com base simplesmente naquilo que pediam para os participantes segurarem. Homens segurando objetos mais pesados, por exemplo, pensaram mais seriamente sobre as coisas, o que por sua vez os tornou mais propensos a doar dinheiro para a caridade. Já os homens que seguraram objetos mais leves foram menos propensos a doar para causas beneficentes.

Além disso, pessoas que manipularam objetos ásperos eram mais propensas a ver situações sociais neutras de um ângulo ruim.

Talvez a descoberta mais chocante desses estudos seja que sua mão não tem que estar segurando nada para o toque te atrapalhe. Em um experimento, as pessoas que se sentaram em cadeiras duras foram mais propensas a manter uma linha dura em negociações e foram menos receptivas à maneira de pensar da outra pessoa. Maluco, não?

34. Música muda seus hábitos de beber

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Sabia que você pode fazer uma pessoa comprar um vinho mais caro só tocando música clássica? Experimentos provam que a música faz as pessoas sintam como se estivessem em um comercial ou em um filme protagonizando ricos finos e esnobes, e daí pedem aquela garrafa cara para acompanhar. Faz sentido, não?

Mas não para por aí. Em outro estudo, desta vez cego, diferentes tipos de música tocando no fundo fizeram os bebedores mudarem a forma como tinha descrito as bebidas que tomaram. Música calma levou as pessoas a avaliá-las como “suaves”, e música animada resultou em mais pessoas descrevendo as bebidas como “refrescantes”.

Em ainda outro estudo, pesquisadores colocaram vinhos alemães e franceses em supermercados com pequenas bandeiras ao lado de cada garrafa e tocaram música internacional de fundo. Quando música alemã tocou, o percentual de vendas de vinhos alemãs aumentou, e vice-versa. Pior: isso não aconteceu porque os consumidores fizeram uma associação, já que questionários mostraram que os clientes não se lembravam que tipo de música estava tocando no mercado.

Bares e casas noturnas tocam música rápida para aumentar o lucro à base de álcool. Mas outros estabelecimentos, principalmente restaurantes de luxo, preferem músicas lentas e relaxantes porque elas também podem fazer você beber mais. O ritmo da música está ligado ao nível de excitação de seu corpo, ou a “velocidade” com que o seu sistema nervoso funciona. Música rápida aumenta a excitação, e os clientes fazem tudo mais rapidamente, incluindo comer e beber. Por outro lado, a música mais lenta significa que você come em um ritmo mais vagaroso. Talvez você fique mais tempo no local conversando com sua companhia, e todo esse tempo significa que você vai provavelmente comprar mais bebidas. Para um restaurante que cobra inúmeros reais por uma garrafa de vinho, isso é ótimo.

35. Escreva coisas para se lembrar delas (mesmo que você não as leia mais tarde)

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Nesta época de smartphones, mensagens de texto e redes sociais, quase ninguém mais se aproveite da arte de segurar um lápis e rabiscar um papel – o que é ruim, porque o ato de escrever te ajuda a lembrar das coisas.

Durante um experimento na Universidade de Indiana (EUA), crianças pré-escolares que estavam aprendendo o alfabeto foram separadas em dois grupos. O primeiro grupo só viu cartões com as letras, enquanto o segundo teve a tarefa adicional de praticar a escrita dessas letras. Quando as crianças foram colocadas em uma “nave espacial” (uma máquina de ressonância magnética), os cérebros do grupo que escreveu tinham atividade neural mais reforçada, e mais parecida com a de um adulto.

Em outras palavras, parece que forçar outra parte do seu cérebro a entrar em ação ajuda na memorização. Um estudo de 2008 mostrou que isso funciona especialmente bem quando você está fazendo algo que envolve a aprendizagem de algo estranho a você, como linguagem computacional ou japonês. Então, alie essa informação àquela sobre a repetição espaçada e escreva seus cartões de memória à mão.

36. Olhar para o logotipo da Apple te deixa mais criativo

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Não há nada de mágico sobre o logotipo da Apple, mesmo os loucos fãs da empresa admitem. Mas, por cerca de 30 anos consecutivos, a companhia tem comercializado seus produtos como ferramentas excêntricas, inovadoras e criativas. E, por pior que isso seja, publicidade funciona.

De acordo com um estudo publicado no Journal of Consumer Research, as pessoas atribuem características humanas específicas para vários logotipos corporativos – por exemplo, o “M” do McDonald’s parece acolhedor e simpático. Isso é baseado em como nós vemos essas empresas na nossa cultura (uma mistura de suas campanhas publicitárias com o que sabemos ou conhecemos delas). Os pesquisadores descobriram que esses logotipos podem colocar as pessoas em um certo estado de espírito. No caso da Apple, os participantes tiveram um aumento de criatividade e engenhosidade apenas ao serem expostos a maçã meia comida, talvez por conta da mensagem que esse logotipo se propõe a passar.

A pesquisa foi realizada com 341 estudantes universitários divididos em dois grupos. Um grupo viu uma série de logos da Apple subliminares e o outro viu o logotipo da IBM. Cada grupo foi então encarregado de listar o maior número de usos incomuns para um tijolo que eles conseguissem pensar. O grupo da Apple foi capaz de pensar em muito mais usos para o tijolo.

37. Trabalhar no pior momento do dia com as piores pessoas te faz melhor

Photo of BEATLES
Sabemos que hora do dia e com que tipo de pessoas trabalhamos melhor. Mas, quando se trata de resolver problemas ou pensar de maneira criativa, fazer tudo ao contrário é sua melhor aposta.

Em um estudo, pessoas matutinas tiveram melhor desempenho na resolução de problemas quando foram trazidss para o laboratório durante a noite, enquanto pessoas noturnas se saíram melhor em sessões de manhã.

Além disso, as pessoas eram piores na resolução de problemas quando estavam em grupos com pessoas com as quais se sentiam mais à vontade. Ainda mais estranho, as equipes que sentiram que seu trabalho em conjunto foi menos eficaz foram ironicamente as que tiveram melhor desempenho.

Nós costumamos pensar que grandes equipes trabalham extraordinariamente bem em conjunto, mas nem sempre é assim. Quer melhor exemplo que os Beatles? Eles foram a banda de rock mais famosa de todos os tempos, tinham uma capacidade quase sobrenatural de escrever músicas que pegavam, mas não duraram uma década. Com centenas de milhões de dólares e fama sem precedentes na balança, o grupo separou-se mais rápido do que se tivessem se casado um com o outro. Se preferir exemplos menos artísticos, tenha em mente que Michael Jordan deu um soco em Steve Kerr no ano em que eles estabeleceram um recorde de mais vitórias em uma única temporada.

Estar com seus amigos em um ambiente social confortável não te ajuda a se esforçar. Fazer seu trabalho bem descansado é muito bom para se focar, mas não para pensar fora da caixinha, para ter novas ideias, para chegar a uma solução realmente incrível. Sair da zona de conforto é uma maneira mais garantida de se sair melhor em uma tarefa difícil.

38. Você pode obter a satisfação de comprar algo sem gastar dinheiro

friends shopping
Quantas vezes você comprou coisas por impulso e nunca as usou? Isso é culpa da dopamina. É essa substância que seu cérebro produz em resposta a sexo, drogas ou um bom X-burger. Mais importante ainda, a dopamina também controla nosso sistema de recompensas e punições, e pode nos motivar, entre outras coisas, a adquirir novo material.

Assim, não só as compras satisfazem a necessidade de “novidades”, como a pesquisa mostra que o sentimento se intensifica quando você visita uma nova loja ou sai da sua cidade – por exemplo, os consumidores são mais propensos a comprar algo caro e estúpido quando estão de férias.

Mas existe uma maneira de burlar o sistema. É a antecipação da compra que lhe dá esse impulso de dopamina, não a compra em si. No entanto, simplesmente olhar vitrines não é suficiente. Sendo assim, conheça as políticas de retorno de suas lojas preferidas, e tenha a satisfação de realizar uma compra que você pode devolver, sem precisar ficar com um monte de lixo que você nunca vai nem tirar da embalagem.

39. Gesticule para visualizar melhor seus problemas

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A ligação entre o pensamento abstrato e movimentos de mão é intensa. Já falamos que gestos podem melhorar a sua memória, associando-os com o que você está memorizando, e que podem te influenciar mesmo sem querer (como no caso de pensar que você viu alguém com barba só porque o policial fez um gesto no queixo). De acordo com um estudo publicado na revista Psychological Science em 2011, pequenos gestos físicos com ambas as mãos também podem aumentar seu pensamento criativo.

O simples ato de usar as mãos para representar diferentes aspectos de um problema pode lhe ajudar a separar e organizar suas ideias. O estudo analisou um grupo de pessoas que viram uma série de objetos comuns e tinham que pensar em novos usos para eles, tais como a utilização de uma moeda como uma chave de fenda improvisada. Algumas pessoas foram instruídas a fazer gestos com as duas mãos ao mesmo tempo em que falavam suas ideias, os outros foram informadas a usar apenas uma mão.

O grupo que fez gestos com as duas mãos deu respostas mais criativas, o que faz sentido, já que mais gestos podem ser feitos com ambas as mãos. O que é surpreendente é que limitar a capacidade de gesto das pessoas de fato limitou seu pensamento criativo também.

40. Controle sua raiva usando sua mão menos dominante

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Sabe aqueles truques que sua mãe lhe ensinou para se acalmar, como contar até 10? Eles não funcionam no momento que você está enfurecido e pensando ilogicamente. O que você precisa é reforçar sua defesa contra a raiva antes que chegue a esse ponto.

A Universidade de New South Wales (Austrália) descobriu como. Em um estudo, os pesquisadores encontroaram o truque perfeito de controle de raiva: pessoas esquentadinhas foram convidadas a passar duas semanas usando sua mão não dominante para qualquer coisa que não a colocaria em risco, como abrir portas e segurar uma xicara de café. Depois de duas semanas, os participantes estavam controlando seus acessos de raiva melhor, mesmo quando outros participantes deliberadamente os insultavam para obter uma reação.

Por que isso funciona? Bem, varreduras do cérebro dessas pessoas mostram que explosões de raiva são menos sobre a raiva em si e mais sobre pouco autocontrole. A má notícia é que autocontrole é uma coisa finita, e você pode ficar sem ele. A boa é que ele é um mecanismo físico de seu cérebro, e você pode fortalecê-lo.

Se você é destro, usar sua mão esquerda para fazer tarefas diárias vai o obrigar a lidar com centenas de pequenos momentos totalmente gerenciáveis de frustração. Isso pode ser o suficiente para torná-lo um pouco mais imune a ela – e mais calmo quando se deparar com uma situação realmente frustrante no futuro. [Cracked]

50 poderes impressionantes do seu cérebro [PARTE 5]

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