Vazamento monstruoso de dados sobre corrupção faz a Lava-Jato parecer roubo de galinha
Uma equipe internacional de jornalistas divulgou o resultado de uma ampla investigação sobre a empresa Mossack Fonseca, chamada de “Panama Papers” (em português, “Papeis do Panamá”), que expõe os nomes de diversos políticos e outras personalidades públicas do mundo inteiro que mantêm seu dinheiro (de maneira ilegal ou lícita) em paraísos fiscais.
Este, que está sendo considerado o “maior vazamento da história”, soma 2,6 terabytes de dados – mais de 11 milhões de documentos – de cerca de 200.000 offshores ligadas a pessoas de 200 países.
Os documentos mostram ligações com 72 chefes de Estado atualmente no poder ou que já ocuparam o cargo, incluindo ditadores acusados de saquear seus próprios países, e mostram como a companhia panamenha ajudou clientes a evitar sanções e o pagamento de impostos e a lavar dinheiro.
A Mossack Fonseca possui filiais em várias partes do mundo. Em resposta ao vazamento, se recusou a discutir clientes individuais, mas comunicou que seus “serviços são regulados em vários níveis, muitas vezes através da sobreposição de agências, e nós temos um registro de cumprimento forte”, acrescentando que são “membros responsáveis da comunidade financeira e empresarial global”.
O Brasil nos Papeis do Panamá
De acordo com informações do jornal El País, as investigações sobre o esquema de corrupção da Petrobras contribuíram com o vazamento de dados confidenciais da Mossack Fonseca, uma vez que o escritório brasileiro da empresa foi alvo da 22ª fase (Triplo X) da Operação Lava Jato.
Pelo menos 57 brasileiros já relacionados à investigação da Polícia Federal aparecem nos documentos vazados, ligados a 107 offshores criadas em paraísos fiscais. Duas delas, por exemplo, foram criadas pela Mossack Fonseca para Luiz Eduardo da Rocha Soares e Olívio Rodrigues Dutra, acusados de operar contas secretas da empreiteira Odebrecht.
Outros nomes desconhecidos dos investigadores brasileiros também surgem nos dados, o que significa que Sérgio Moro deve somá-los ao processo.
Entre os nomes mais proeminentes que apareceram nos Papeis do Panamá estão o do Presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do usineiro e ex-deputado federal João Lyra (PTB-AL) e do ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Por meio de sua assessoria, Eduardo Cunha negou ser proprietário de qualquer empresa offshore e desafiou “qualquer um a provar que tem relação com companhia”.
A Operação Lava Jato investigou o escritório brasileiro por conta da suspeita de que ele estivesse ajudando o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva a ocultar a verdadeira propriedade do tríplex do Guarujá, mas seu nome não apareceu entre os clientes da empresa panamenha.
Offshore
Offshore é o nome dado a empresas abertas por pessoas e empresas em um país diferente do que se reside, normalmente com condições fiscais mais favoráveis.
No Brasil, essa prática não é ilegal, se tiver sido declarada à Receita Federal.
O mundo inteiro cai
Segundo o site americano Gizmodo, alega-se que 370 jornalistas de 100 organizações de mídia diferentes trabalharam no projeto dos Papeis do Panamá durante o último ano, até o furo ser dado pelo jornal britânico The Guardian e o alemão Süddeutsche Zeitung.
Esse vazamento de dados é muito maior do que os telegramas diplomáticos revelados pelo site WikiLeaks em 2010 ou o estoque de documentos da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) divulgados por Edward Snowden em 2013. Ainda não está claro como os documentos foram colocados à disposição dos jornalistas.
Dentro dos arquivos se escondem todos os tipos de revelações, muitas das quais virão à luz ao longo das próximas semanas. Até agora, no entanto, o The Guardian já publicou vários artigos que implicam diferentes líderes mundiais. Por exemplo:
- Detalhes sobre uma rede de negócios e empréstimos no exterior no valor de US$ 2 bilhões que se conecta ao presidente russo Vladimir Putin e seus conhecidos mais próximos;
- Bens não declarados do primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur Gunnlaugsson, em uma empresa offshore, o que pode levar a eleições antecipadas no país;
- Membros do comitê de ética da FIFA foram mais estreitamente relacionados com corrupção, o que não é nenhuma surpresa.
Além disso, a BBC reportou que alguns dos dados envolvem pessoas ligadas às famílias e sócios do ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, o ex-líder líbio Muammar Gaddafi e o presidente da Síria Bashar al-Assad. [Gizmodo, BBC, ElPais]
9 comentários
Não sei o porquê que ainda deixam essa Fifa existir. Ela já representa a corrupção.
Não que não fosse de conhecimento público antes disso tudo, claro.
Era de conhecimento ou era só desconfiança e paranoia, sem base em fatos?
Digamos que era intuição (certeira, no caso).
Constam corruptos velhos paladinos da Justiça (TVs/Autoridades falsos) que prenderam e acusaram e são acusados em outros casos, não só nesse
Parabéns por divulgar, porque Jornalistas estão reclamando que a grande mídia tenta acobertar certos nomes de pessoas e empresas.
Esses montes de $$ são MAIS PERIGOSOS que BOMBAS ATÔMICAS … até porque, podem COMPRAR VÁRIAS DELAS … é um verdadeiro ARSENAL
Todos, independente de partido, têm de devolver o dinheiro ganho excusamente, pagar imposto e multa do sonegado e ir pra cadeia!
To com voce, mas uma lei de iniciativa popular tem que ser criada para isto, e a unica forma com 1 por cento do eleitorado.