A depressão desse senador canadense melhorou depois sua esposa “dosar” seu café com cogumelos alucinógenos
O senador canadense e ex-prefeito de Vancouver, Larry Campbell, não tinha ideia de por que os sintomas de depressão pareciam estar diminuindo até que sua esposa o informou que estava fazendo microdosagens com psilocibina de cogumelos alucinógenos às escondidas.
O ex-prefeito, metalúrgico, policial da guarda montada e legista, inspirador do popular drama da CBC Da Vinci’s Inquest, sabia tudo sobre o estresse por causa de uma vida de serviço público. Campbell atuou como prefeito em importantes desenvolvimentos em Vancouver.
Campbell, que tem depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), revelou a medicação clandestina de sua esposa pela primeira vez recentemente, enquanto falava na conferência Catalyst Psychedelics Summit em Kingston, Ontário.
O senador de 74 anos disse aos participantes da conferência como sua depressão, TEPT e “envelhecimento” o afetaram, relata o Psychedelics Spotlight News. O fato de que ele estava ficando ainda mais mal-humorado era óbvio, mas apesar de seus esforços para melhorar, ele não conseguia fazê-lo.
Estranhamente, porém, as coisas pareceram melhorar durante a pandemia.
“Pessoas com histórico de problemas de saúde mental ou uso de substâncias foram desproporcionalmente impactadas por estresses relacionados à pandemia de COVID-19”, de acordo com um órgão governamental.
Isso, no entanto, não foi o caso de Campbell. Ele começou a se sentir melhor do que vinha se sentindo antes, segundo Psychedelics Spotlight News.
Embora a mudança fosse bem-vinda, ele não sabia por que as coisas estavam diferentes, então levantou a questão com sua esposa. Foi então que ela confessou que estava “colocando psilocibina no café dele” por algumas semanas.
Dois anos atrás, pesquisadores da Johns Hopkins Medicine divulgaram suas descobertas sobre o uso de psilocibina para tratar a depressão maior. Os investigadores relatam que duas doses de psilocibina, “administradas com psicoterapia de apoio, produziram reduções rápidas e grandes nos sintomas depressivos”. A maioria dos participantes do estudo apresentou melhora e metade dos participantes do estudo alcançou a remissão durante as quatro semanas de acompanhamento, relataram os pesquisadores na época.
Outro estudo em 2016, desta vez envolvendo 51 pacientes com câncer com diagnósticos de risco de vida, depressão e ansiedade, descobriu que altas doses de psilocibina, o que significa 22 ou 30 mg por 70 kg de peso do paciente, “produziu grandes diminuições [nos sintomas] médicos e [aumento] na auto-estima”, bem como aumentos na qualidade de vida, significado da vida e otimismo e diminuição na ansiedade com a morte.
Além de explorar condições como depressão e TEPT, estudos estão sendo realizados para focar na melhoria da qualidade de vida. Por exemplo, há um estudo no site de Ensaios Clínicos da Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA que busca “encontrar a microdose ideal ou baixa dose de psilocibina (cogumelos mágicos) que fornece melhorias gerais ao humor, memória, sono e outras medidas de bem-estar geral ser levar a quaisquer efeitos alucinógenos.”
Com relação a Campbell, o Psychedelics Spotlight News aponta que o fato de o senador não saber que estava sendo microdosado corrobora a ideia de que a melhora poderia ser resultado do efeito placebo é pouco provável.
No Brasil o fungo P. cubensis não é proibido, mas a substância purificada ou sintética psilocibina consta na lista de controlados da Anvisa.