Tusi: o que é a cocaína rosa?

Por , em 22.10.2024

Entre pistas de dança e festas clandestinas, uma droga conhecida como “cocaína rosa” tem se infiltrado em baladas e festivais ao redor do mundo. Apesar do nome sugestivo, esta substância nem sempre carrega cocaína em sua composição, o que torna sua natureza ainda mais intrigante. Em uma reviravolta recente, reportagens sugerem que Liam Payne, ex-integrante do One Direction, teria consumido essa mistura antes de um trágico incidente na Argentina.

Uma Mistura Vibrante e Arriscada

O apelido chamativo da cocaína rosa não reflete sua verdadeira composição, que mais parece um coquetel químico volátil. Combinando estimulantes e depressivos, a droga frequentemente inclui metanfetamina, cetamina, MDMA (ecstasy) e benzodiazepínicos. A coloração rosa característica é resultado da adição de corantes alimentares e, em alguns casos, até sabores como o de morango para atrair os usuários.

Entre os efeitos relatados estão euforia intensa e alucinações, uma experiência híbrida que mistura a estimulação típica de drogas sintéticas com um toque dissociativo. A cetamina, por exemplo, é um anestésico que causa uma sensação de “desconexão” da realidade, enquanto o MDMA intensifica a empatia e o prazer sensorial. Como uma ironia perigosa, essa combinação pode causar overdoses, uma vez que o equilíbrio entre os efeitos de cada componente é imprevisível.

Tusi — um dos nomes mais comuns para a substância — é inspirado no composto psicodélico 2-CB, desenvolvido na década de 1970 pelo renomado químico Alexander Shulgin. Embora o 2-CB raramente esteja presente na cocaína rosa atual, a referência permanece viva na cultura das drogas recreativas.

Por Que a Cocaína Rosa Está no Centro das Manchetes?

A morte trágica de Liam Payne trouxe uma atenção renovada para essa droga de festa. O cantor teria caído de uma sacada de hotel na Argentina após supostamente consumir cocaína rosa, segundo reportagens iniciais de fontes como a ABC News e TMZ. O incidente acendeu o alerta sobre os perigos pouco conhecidos desse coquetel, que pode parecer sedutor aos jovens, mas possui riscos sérios.

Em muitos casos, os consumidores não sabem exatamente o que estão ingerindo, já que a composição do tusi varia de acordo com o fornecedor. Essa imprevisibilidade é uma das razões pelas quais especialistas em saúde enfatizam o risco de overdose e complicações severas, como aumento súbito da pressão arterial e infartos.

Uma Festa Com Consequências Pesadas

Com efeitos que misturam euforia e alucinação, a cocaína rosa se destaca na cena noturna por proporcionar uma experiência sensorial intensa. Usuários relatam sensações de prazer amplificadas, mudanças de percepção e até visões psicodélicas. Contudo, o preço a pagar pode ser alto: o consumo regular pode levar a dependência, psicose, ansiedade crônica e depressão.

Embora seus efeitos pareçam atrativos, o risco de overdose é significativo. O corpo pode ter dificuldade em lidar com a combinação simultânea de estimulantes e sedativos, levando a falhas cardíacas, derrames e crises respiratórias.

A Ascensão da Cocaína Rosa na América Latina e Além

O tusi surgiu nas ruas da Colômbia em torno de 2010, ganhando rapidamente adeptos na América Latina. Em países como Argentina, Venezuela, Chile e Uruguai, ele se tornou uma presença constante em festas e festivais. O fenômeno também alcançou a Europa e os Estados Unidos, especialmente em cidades como Barcelona e Ibiza, famosas por suas festas intensas.

Relatórios da ONU sobre drogas em 2022 indicam que a cocaína rosa já foi detectada em países como Reino Unido, Áustria e Canadá. No Brasil, relatos apontam para a circulação limitada da substância, geralmente em festas privadas. Embora a composição possa variar de acordo com a região, a essência do coquetel permanece: uma mistura imprevisível que equilibra excitação e risco em doses perigosas.

Um Coquetel Químico Sem Rótulo

A cocaína rosa reflete a evolução do mercado de drogas ilícitas, que agora oferece combinações customizadas para atender à busca por novas sensações. Porém, a ilusão de controle sobre os efeitos é perigosa. Consumir tusi é, essencialmente, jogar roleta russa química, sem saber quais substâncias estão presentes ou em que quantidade.

À medida que a popularidade dessa droga cresce, aumentam também os esforços para conscientizar a população sobre seus riscos. Centros de tratamento alertam que o consumo prolongado pode provocar não apenas dependência física e psicológica, mas também surtos psicóticos e comprometimento severo da saúde mental.

Em um cenário de festas onde as luzes piscam e a música pulsa, a cocaína rosa se apresenta como um convite sedutor — mas com consequências que podem durar muito além da última batida do DJ.

Referências adicionais

  1. UNODC – World Drug Report 2022
  2. Drug Wise – Ketamine

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