Psicoterapia assistida por MDMA apresenta benefícios em longo prazo, de acordo com estudo
A eficiência do uso de MDMA em conjunto com psicoterapia vem sendo estudada e pesquisadores têm opiniões divergentes quanto a vantagens do uso terapêutico. Nesse sentido, diversos estudos foram publicados enfatizando os resultados positivos da segunda fase.
Uma nova pesquisa publicada na Psychopharmacology apresenta a eficiência da psicoterapia assistida por MDMA em longo prazo para o tratamento de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). O estudo compilou os dados de acompanhamento de seis ensaios anteriores. Assim, aproximadamente 100 sujeitos foram incluídos na pesquisa.
Além de identificar a duração dos benefícios da terapia por mais de um ano após o tratamento, foi possível perceber que os pacientes continuaram a apresentar melhora depois de poucas sessões com auxílio de MDMA.
É relevante destacar que o MDMA usado na terapia é puro e em doses controladas. Ele não é igual ao ecstasy vendido para propósitos recreativos que contém MDMA, mas, com frequência, também contém outras substâncias. Diferente de muitos medicamentos psicofármacos de uso contínuo, o MDMA é administrado poucas vezes.
Resultados
Os testes mostraram que dois meses depois da última sessão, 56% dos pacientes não apresentava sintomas de TEPT. Na análise publicada agora, 91 participantes foram entrevistados pelo menos 12 meses mais tarde. Desse total, 67% não apresentaram sintomas para serem diagnosticados com TEPT. Um dos estudos incluiu dados de uma média de 3,8 anos depois do tratamento.
Berra Yazar-Klosinski, um dos coautores do artigo, considera que, embora os testes da terceira fase não estejam completos, esses dados de longo prazo apoiam a hipótese de que a psicoterapia assistida por MDMA pode conferir vantagens significativas nos resultados do tratamento. Entre esses benefícios estão segurança e durabilidade em relação a outros tratamentos disponíveis para TEPT.
Devido à eficácia mostrada pelo tratamento a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos aprovou o acesso expandido, permitindo que certos pacientes tenham acesso à terapia antes que seja aprovada a comercialização de forma geral.
Tratamento
Os ensaios clínicos foram realizados com homens e mulheres com resistência crônica ao tratamento de TEPT por várias causas. Eles foram conduzidos nos Estados Unidos, Canadá, Suíça e Israel.
O ensaio clínico em dupla ocultação incluiu entre uma e três sessões de psicoterapia assistida por MDMA com oito horas, com espaçamento entre três e cinco semanas, combinadas com sessões semanais de psicoterapias sem auxílio de drogas. Sessões de terapia preparatória foram realizadas antes do tratamento com MDMA.
Vantagens
O acompanhamento do estudo em longo prazo mostrou que os eventos adversos foram mínimos enquanto os benefícios foram mantidos. O mais comum foi piora no humor em menos do que 4% dos participantes. Nos ensaios futuros é preciso avaliar os benefícios e riscos em longo prazo do tratamento, incluindo grupos de controle.
No acompanhamento de 12 meses foi possível perceber que 94% dos participantes queriam sessões adicionais de psicoterapia assistida por MDMA. Embora os pesquisadores reconheçam que esse desejo possa estar relacionado a efeitos prazerosos do MDMA, o estudo sugere que esse desejo esteja mais provavelmente relacionado a resultados positivos do tratamento.
Essas descobertas do acompanhamento em longo prazo mostram que as pessoas com TEPT aprendem que podem processar memórias traumáticas em vez de suprimi-las. Assim, elas podem continuar o processo de cura, mesmo depois de parar a psicoterapia assistida por MDMA, de acordo com Rick Doblin, outro coautor do estudo.
A expectativa é de que os ensaios clínicos da terceira fase sejam conduzidos por 12 ou 18 meses e que a aprovação da FDA ao tratamento possa ocorrer em 2022. [New Atlas, MAPS]