Para ser mais feliz você deve parar de fazer isto (estudo)

Por , em 6.08.2018

Nos acostumamos desde cedo a agendar nossos compromissos, sejam eles profissionais, médicos ou de lazer. Marcamos em nossas agendas, virtuais ou reais, tanto a hora de uma reunião importante ou de uma cerveja no fim de tarde com os amigos. Mas segundo um estudo que está para ser publicado em abril deste ano, este hábito de agendar atividades prazerosas diminui a diversão que elas deveriam nos trazer.

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Baseadas em uma pesquisa feita por elas mesmas em 2016 com cerca de 13 estudos que analisaram o aproveitamento das atividades de lazer, Selin Malkoc, professora de marketing da Universidade de Ohio e especialista em gerenciamento de tempo, e Gabriela N. Tonietto, professora da Rutgers Business School, ambas nos EUA, advertem que nosso calendário social pode estar tirando a alegria de atividades que deveriam ser divertidas ou relaxantes.

O artigo aponta que quando uma atividade de lazer é planejada, e não espontânea, nós a aproveitamos menos, porque tendemos a mentalmente agrupar todas as nossas atividades programadas no mesmo lugar, seja ela prazerosa ou não.

“(As atividades prazerosas) se tornam parte de nossa lista de tarefas. Como resultado, elas se tornam menos agradáveis”, explica Malkoc em matéria publicada no site do jornal The Washington Post.

Malkoc liga o excesso de agendamento no nosso tempo livre ao valor que damos às conquistas ao invés de valorizar a felicidade que uma atividade prazerosa pode nos proporcionar. “O foco na produtividade é tão difundido que as pessoas até se esforçam para tornar o lazer produtivo e se gabar de estarem ocupadas”, diz a especialista ao jornal. “Quando agendadas, as tarefas de lazer parecem menos fluidas e mais forçadas – e isso é o que as rouba de sua utilidade”, argumenta.

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Parte do problema é cultural. Segundo Malkoc, colocamos um valor tão alto na conquista que até o contentamento se torna secundário. Nossas vidas agitadas, nas quais temos que equilibrar o trabalho com as outras atividades, exigem tempo e energia. Cumprimos nossas programações, temendo que nunca faremos tudo o que queremos se nos dermos algum tempo livre, acrescenta a especialista.

No final, fazemos mais coisas, mas aproveitamos menos.

Agendamento flexível

Segundo Malkoc, a solução para aproveitar ao máximo nossos momentos de lazer é agendar as atividades, mas de maneira não muito detalhista e mais flexível em relação ao tempo. Ou seja, marcar um encontro durante o almoço ou uma bebida depois do trabalho, mas não atribuir um período de início ou término para estas atividades, se possível.

“Por mais trivial que a mudança possa parecer, ela tem um efeito importante na psicologia humana: ela reintroduz a flexibilidade para as tarefas de lazer”, afirmou ela ao Washington Post.

Um dos estudos sobre os quais ela e Tonietto escreveram apoia esta ideia de um agendamento bem-sucedido. No estudo, 148 estudantes universitários que estavam no período das provas finais concordaram em fazer uma pausa nos estudos para tomar um café e comer alguns biscoitos gratuitos. Metade deles receberam um horário específico para o lanche, enquanto a outra metade teve a oportunidade de escolher quando fazer o lanche durante uma janela de duas horas. Os alunos que receberam um tempo específico relataram menos prazer do que aqueles que receberam uma janela, de acordo com o estudo.

Além do agendamento flexível, outro conselho que Malkoc dá é parar de tentar encaixar tantas coisas em nossas vidas. Ela sugere que é melhor medir nossa satisfação com nossas de atividades ao invés da quantidade delas. “Seja mais seletivo no que escolher fazer. Tome a liberdade de deixar as coisas acontecerem”, escreveu ela. “Isso não quer dizer que nunca devemos fazer planos. Mas podemos priorizar melhor e deixar de lado o nosso medo de perder”.

Esqueça o calendário

Em uma matéria publicada no site da Universidade de Ohio, Malkoc dá mais algumas dicas de como podemos aproveitar melhor nossos momentos de lazer. Segundo a especialista, é importante não programar nada para depois de uma atividade assim, nem que seja outra atividade de lazer.

“(Quando faz isso), você está sempre olhando para o relógio e sente que tem menos tempo para aproveitar a primeira atividade. Você está temendo o final da diversão e ter que fazer a próxima coisa em sua programação”, diz ela.

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Em um estudo, por exemplo, os participantes esperavam que uma atividade desejável, como uma massagem, fosse menos agradável se ocorresse antes de outra atividade programada, como encontrar-se com amigos.

Outra dica é focar no momento presente e esquecer o futuro. Segundo a especialista, mesmo quando não há pressão de tempo, o mero conhecimento das próximas atividades pode diminuir sua satisfação com o que você está fazendo agora.

“Sua mente vagueia para o próximo evento. O que você está fazendo agora pode ser visto apenas como uma maneira de chegar à próxima atividade, e não como algo tão divertido por si só”.

Por exemplo, os participantes de um estudo gostaram menos de um vídeo cômico quando souberam que assistiriam a outro vídeo divertido na sequência, em comparação com aqueles que não sabiam o que fariam depois. “A chave para desfrutar de suas atividades de lazer é viver o máximo possível no momento. Seja espontâneo e não viva no calendário”, sugere. [Science Alert, ZME Science, Ohio State University]

1 comentário

  • Dalton Telli:

    “Tem uma coisa que você deve parar de fazer para ser mais feliz: estudo” – – Parar de estudar nunca significou infelicidade. Já esta comprovado cientificamente que a satisfação de auto superação individual é uma grande “felicidade”.

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