Aspirina diária não previne AVC em idosos e pode aumentar risco de hemorragia cerebral, revela estudo
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Monash em Melbourne, Austrália, indica que tomar uma baixa dose diária de aspirina não previne o tipo mais comum de acidente vascular cerebral em pessoas mais velhas que nunca tiveram tal evento e pode aumentar o risco de uma perigosa hemorragia cerebral.
À medida que as pessoas envelhecem, aumenta a chance de desenvolver coágulos sanguíneos, que podem bloquear o fluxo sanguíneo para o cérebro e desencadear o que é conhecido como acidente vascular cerebral isquêmico. Para tentar combater esse risco, os médicos às vezes prescrevem a pessoas mais velhas entre 75 e 100 miligramas de aspirina – geralmente considerada uma dose baixa – para tomar diariamente, já que o medicamento age como um anticoagulante.
No entanto, o professor John McNeil e sua equipe da Universidade Monash descobriram que, mesmo em doses baixas, a aspirina traz seus próprios riscos. Em um estudo anterior, eles demonstraram que uma baixa dose diária de aspirina aumentava o risco de quedas em pessoas idosas.
Para investigar ainda mais, a equipe conduziu um ensaio clínico com 19.114 participantes ao longo de quase cinco anos. A maioria desses indivíduos eram australianos brancos, com 70 anos ou mais, e o restante eram adultos hispânicos ou afro-americanos com 65 anos ou mais, residentes nos EUA. Nenhum dos participantes tinha histórico de acidente vascular cerebral ou outras condições cardiovasculares no início do estudo.
Metade dos participantes tomou 100 miligramas de aspirina diariamente, enquanto a outra metade recebeu um placebo.
Os resultados do estudo mostraram que 1,5% daqueles que tomaram aspirina de baixa dose tiveram um acidente vascular cerebral isquêmico durante o período do estudo, em comparação com 1,7% do grupo que recebeu o placebo. Portanto, a aspirina não reduziu o risco de acidente vascular cerebral isquêmico, mesmo ao considerar fatores como idade, sexo e etnia.
Além disso, 1,1% das pessoas que tomaram aspirina tiveram sangramento dentro ou ao redor do cérebro, em comparação com 0,8% do grupo do placebo. Isso sugere que a hemorragia intracraniana, que pode ser mais fatal do que um acidente vascular cerebral isquêmico, pode ser mais provável em pessoas que tomam aspirina. À medida que as pessoas envelhecem, seus vasos sanguíneos naturalmente enfraquecem, o que pode contribuir para esse aumento do risco.
No entanto, é importante ressaltar que essas descobertas se aplicam apenas a pessoas sem histórico de condições cardiovasculares. Para aqueles com tais condições, a aspirina de baixa dose ainda pode ser benéfica para reduzir o risco de acidentes vasculares cerebrais.
O estudo conduzido pela Universidade Monash em Melbourne, Austrália, trouxe importantes revelações sobre o uso diário de aspirina em idosos sem histórico de acidente vascular cerebral (AVC). Contrariando a crença popular, os resultados indicaram que a baixa dose de aspirina não oferece proteção efetiva contra o AVC isquêmico nesse grupo específico. Pelo contrário, os pesquisadores observaram que o uso contínuo da aspirina pode aumentar o risco de hemorragia cerebral, uma preocupação séria para a saúde dos idosos.
Essas descobertas são particularmente relevantes, uma vez que a aspirina é frequentemente recomendada como uma medida preventiva para problemas cardiovasculares em indivíduos mais velhos. No entanto, os especialistas alertam que a decisão de prescrever a aspirina deve ser cuidadosamente avaliada, levando em conta os riscos e benefícios específicos para cada paciente.
Os resultados desse estudo destacam a importância de uma abordagem personalizada na saúde dos idosos, considerando suas características individuais e histórico médico ao tomar decisões sobre medicações preventivas. Além disso, a pesquisa ressalta que a aspirina, embora tenha benefícios conhecidos, também pode apresentar riscos significativos, especialmente para pessoas com fragilidade vascular relacionada à idade.
Essa nova compreensão sobre o uso da aspirina em idosos pode impactar as práticas médicas e recomendações futuras, reforçando a necessidade de mais pesquisas nessa área. É fundamental que os profissionais de saúde estejam cientes dessas descobertas para fornecer orientações adequadas aos pacientes mais velhos e garantir a segurança e eficácia dos tratamentos medicamentosos. [NewSciencist]