Beber moderadamente causa danos ao cérebro a longo prazo

Por , em 14.06.2017

Beber moderadamente talvez não seja tão seguro assim quanto pensávamos. Tomar apenas algumas cervejas por semana está associado a mudanças de longo prazo no cérebro de uma pessoa, de acordo com um novo estudo – mas o significado funcional dessas mudanças ainda não está claro.

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Embora seja amplamente aceito que beber muito faz mal para a saúde, a sabedoria popular e as embalagens das bebidas dizem que o álcool pode ser consumido “com moderação”. Este estudo, publicado na última terça-feira, descobriu que beber em torno de 8 a 12 bebidas por semana, ou seja, de uma a duas doses por dia, está associado a algumas medidas de declínio cognitivo que apareceram nas imagens cerebrais.

Os pesquisadores levaram 550 moradores de Londres até a Universidade de Oxford e os examinaram através de uma máquina de ressonância magnética. Mas estas não eram pessoas quaisquer – eram funcionários do governo que, a cada cinco anos desde 1985, estavam preenchendo pesquisas sobre seus hábitos de saúde, incluindo a quantidade de álcool que consumiam. Isso permitiu aos pesquisadores procurar relacionamentos entre os hábitos de consumo dos indivíduos e o que apareceu em suas varreduras cerebrais.

Os pesquisadores descobriram que o consumo moderado de bebida nesses mais de 30 anos estava associado à degeneração e ao encolhimento do hipocampo, uma região do cérebro envolvida na memória e na navegação espacial, bem como a degeneração da substância branca do cérebro.

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Em essência, “quanto mais as pessoas bebiam, menor era o hipocampo”, afirma a autora, Anya Topiwala, professora de psiquiatria da Universidade de Oxford. Consumir mais de uma bebida alcoólica por semana estava associado a uma diminuição de 0,01% no tamanho do hipocampo. Como comparação, o envelhecimento de um ano está associado a uma diminuição de 0,02%.

O estudo apenas analisou algumas centenas de londrinos, principalmente bem educados e de classe média, por isso pode não ser representativo em uma população mais ampla. Topiwala também apontou que pode ter havido “viés de seleção” na amostra – os indivíduos tiveram que chegar de Londres a Oxford para se submeterem aos exames de MRI e depois passar uma hora em uma máquina de varredura do cérebro e passar por outros testes de memória – o que indivíduos dependentes de álcool ou que sofreram danos cerebrais pelo uso de álcool podem ser menos propensos a fazer.

Os autores também observaram que as mudanças no hipocampo são apenas estatisticamente significativas para o hipocampo direito, e não para o hipocampo esquerdo. Topiwala disse que não tem certeza da razão para isso.

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Em um editorial que acompanhou o estudo, Killian Welch, neuropsiquiatra em um hospital na Escócia, escreveu que o estudo poderia mudar o que achamos que constitui um nível saudável de bebida.

“Os achados fortalecem o argumento de que os hábitos de consumo de bebida que muitos consideram normais têm consequências adversas para a saúde”, escreveu Welch. “Isso é importante. Todos nós usamos racionalizações para persistir com comportamentos que não são de nosso interesse a longo prazo. Com a publicação deste artigo, a justificativa de beber de forma “moderada” com base na saúde cerebral torna-se um pouco mais difícil”, acredita. [Stat News]

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