Bem-vindo a Júpiter: sonda da NASA finalmente chega ao planeta gigante

Por , em 6.07.2016
Impressão artística da sonda Juno acima do planeta Júpiter

Impressão artística da sonda Juno acima do planeta Júpiter

A sonda Juno, da NASA, entrou em órbita ao redor de Júpiter a 209.214 quilômetros por hora na última segunda-feira, após uma viagem de cinco anos que custou em média US$ 1,1 bilhão.

Os cientistas da missão comemoraram o sucesso da aproximação no Laboratório de Propulsão a Jato em Pasadena, nos EUA, conforme a nave espacial enviou o sinal de que estava no lugar desejado.

“Esta é a coisa mais difícil que a NASA já fez”, disse Scott Bolton, principal pesquisador da missão Juno, poucos minutos depois.

Cientistas da missão comemoram o sucesso

Cientistas da missão comemoram o sucesso

A câmera da sonda e seus outros instrumentos foram desligados para essa chegada, por isso não há nenhuma imagem do momento em que Juno abordou seu destino final. Mas a NASA divulgou um time-lapse feito na semana passada durante a aproximação, mostrando Júpiter e suas quatro luas internas:

Objetivos da missão

Juno é a segunda nave espacial a entrar em órbita em torno de Júpiter. A sonda Galileu da NASA passou oito anos examinando o planeta e suas muitas luas, mas não tinha as ferramentas que Juno tem para investigar o que está sob as nuvens de Júpiter.

Júpiter, provavelmente o primeiro planeta que se formou depois do sol, pode possuir as chaves para a compreensão das origens do nosso sistema solar. Ao respondermos questões como quanta água ele contém e se possui um núcleo rochoso, podemos descobrir onde no sistema solar Júpiter foi criado, bem como fornecer pistas para os primeiros dias de outros planetas.

Os instrumentos de Juno são projetados para medir com precisão os campos magnéticos e gravitacionais de Júpiter e o brilho de micro-ondas que emana de dentro dele. Isso dará dicas sobre sistemas de tempestades como a Grande Mancha Vermelha, que tem persistido durante séculos.

Centro de controle da missão no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA

Centro de controle da missão no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA

Dificuldades

Júpiter oferecia perigos sem precedentes para Juno. A sonda precisou acelerar rapidamente ao encontro do planeta, passando dentro da órbita de Calisto e Ganimedes, duas das principais luas do planeta, no domingo. Também se aproximou de Europa e Io na segunda-feira.

Juno tem estado em piloto automático desde quinta-feira, realizando uma sequência programada de ações. Primeiro, passou pelo polo norte de Júpiter, uma região que possui um cinturão de radiação com elétrons saltando quase à velocidade da luz. Essa passagem poderia ter estragado o computador e outros equipamentos eletrônicos da sonda. Um cofre de titânio construído para Juno se mostrou à altura da tarefa de proteger seus sistemas cruciais.

Mais tarde, o principal motor de Juno tinha que desacelerar a nave espacial o suficiente para que ela fosse capturada pela gravidade do planeta. Os planejadores da missão escolheram um lugar que eles pensaram que estaria livre para esta manobra, mas não tinham como ter certeza – até mesmo um pedaço de poeira colidindo com a sonda poderia causar danos consideráveis.

Ao longo do caminho, Juno se tornou a primeira sonda movida a energia solar, batendo Rosetta. Seu trio de asas solares geram 500 watts de potência para fazer funcionar seus nove instrumentos.

Modelo com escala de 1/5 da sonda Juno é exibido no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA

Modelo com escala de 1/5 da sonda Juno é exibido no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA

Próximos passos

Juno ficará em uma órbita de 53 dias de Júpiter a quase 5.000 quilômetros das nuvens do planeta. O verdadeiro trabalho começa no dia 27 de agosto, quando a sonda deve fazer o primeiro bom close-up do planeta.

Juno irá disparar seu motor novamente em 19 de outubro para se deslocar para uma órbita de 14 dias, quando a ciência ficará mais séria. A sonda terá que fazer vários voos rasantes, para os cientistas serem capazes de começar a responder perguntas como se existe um núcleo rochoso no centro de Júpiter.

Com um ponto de vista diferente, a sonda pode nos mostrar mais luas desconhecidas do gigante de gás – até agora, sabemos que existem 67.

Cientistas da missão falam sobre a aproximação de Juno à órbita de Júpiter

Cientistas da missão falam sobre a aproximação de Juno à órbita de Júpiter

A radiação que Juno vai receber durante esta jornada – estima-se que o equivalente a mais de 100 milhões de raios-X dentais – vai prejudicar seus componentes eletrônicos. Não sabemos até quando a sonda poderá enviar informações úteis, mas seu mergulho suicida em direção à Júpiter está marcado para 20 de fevereiro de 2018, dia em que Juno deve terminar sua missão.

Isso é para garantir que não haja possibilidade de Juno colidir com Europa, considerado um dos lugares mais prováveis para a existência de vida no sistema solar, contaminando a lua com caronas microbianas da Terra. [NYTimes, Phys]

8 comentários

  • Joao Ferraz:

    MarioMF , descobriram bactérias vivendo dentro do reator de Chernobyl , um local de radiação intensa, é valido portanto o cuidado excessivo

  • Thalya Dias:

    Ainda não bateram fotos ou a Nasa não quer liberar as imagens? No caso de plutão, tivemos várias fotos, mas Jupter… Até agora nada…

    • Cesar Grossmann:

      Thalya, as fotos vão primeiro para os cientistas que coordenam o projeto, para que eles tenham prioridade nas descobertas. Aconteceu com Plutão também, as fotos mais detalhadas foram publicadas mais tarde.

  • MarioMF:

    Para que se preocupar com contaminação por organismos caroneiros da sonda, se ela está exposta à radiação de mais de 100 milhoes de raios x?

    • Cesar Grossmann:

      Por que correr o risco? Dá para se livrar do perigo de contaminação, mas da contaminação é impossível, se acontecer, será irreversível.

  • MarioMF:

    Haveria necessidade de se preocupar com contaminação,haja vista a exposição da sonda à radiação equivalente a 100 milhões de raios x ?

  • Osny Tadeu Padilha:

    O difícil de compreender é porque a sonda não fica orbitando o planeta em órbita circular.

    • Cesar Grossmann:

      Por que ficar em uma órbita circular?

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