Google Doodle homenageia a escritora Carolina de Jesus
A escritora Carolina de Jesus completaria 105 anos hoje (14 de março), razão pela qual o Google criou um doodle em sua homenagem na página inicial do motor de buscas.
Carolina de Jesus escreveu o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” em 1960, obra traduzida em 14 línguas e publicada em mais de 40 países.
De autoria de uma mulher negra e favelada, a obra é considerada um dos marcos da escrita feminina no Brasil. Inspirada em sua própria história, registra o cotidiano precário de uma favela de São Paulo onde ela criou seus três filhos.
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Carolina de Jesus é autora também de “Casa de Alvenaria”, “Pedaços de Fome” e “Provérbios”.
História
Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914, em Minas Gerais, e faleceu aos 62 anos em São Paulo, vítima de insuficiência respiratória.
Filha de negros que migraram para Minas no início das atividades pecuárias na região e oriunda de família humilde, a escritora estudou pouco. No início de 1923, foi matriculada no colégio Allan Kardec – primeira escola espírita do Brasil –, na qual crianças pobres eram mantidas por pessoas influentes da sociedade, na qual ficou por dois anos.
Mudou-se para São Paulo em 1947, quando a cidade iniciava seu processo de modernização e assistia ao surgimento das primeiras favelas. Carolina e seus três filhos – João José de Jesus, José Carlos de Jesus e Vera Eunice de Jesus Lima – residiram por um bom tempo na favela do Canindé, onde a matriarca vivia de catar papéis, ferros e outros materiais recicláveis nas ruas.
Leitora voraz, Carolina de Jesus tomou o hábito de escrever, iniciando sua trajetória de memorialista com o registro do “quarto de despejo” da capital nos cadernos que recolhia do lixo. Estes se transformariam mais tarde nos “diários de uma favelada”.
Carreira
A escritora foi “descoberta” pelo jornalista Audálio Dantas na década de 1950. Carolina estava em uma praça vizinha à comunidade quando percebeu que alguns adultos estavam destruindo os brinquedos ali instalados para as crianças, e ameaçou denunciar os infratores. Ao presenciar a cena, o jornalista iniciou um diálogo com a mulher, notando seus inúmeros cadernos nos quais narrava o drama de sua indigência e o dia-a-dia do Canindé.
A publicação desse primeiro livro deu-se em 1960, tendo uma vendagem recorde de trinta mil exemplares na primeira edição.
Carolina publicou ainda mais três livros: “Casa de Alvenaria” (1961), “Pedaços de Fome” (1963), “Provérbios” (1963). Há ainda o volume “Diário de Bitita” (1982), publicação póstuma. De acordo com Carlos Vogt, Carolina de Jesus teria ainda deixado inéditos dois romances: “Felizarda” e “Os Escravos”.
Na década de 2000, recebeu uma homenagem no Museu Afro-Brasil, inaugurado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, cuja biblioteca leva seu nome. Com cerca de 6.800 publicações, o local possui especial destaque para uma coleção de obras raras sobre o tema do Tráfico Atlântico e Abolição da Escravatura no Brasil, América Latina, Caribe e Estados Unidos. [G1, UFMG]