Uma nova pesquisa nacional americana, realizada pela YouGov, mostrou que apenas 66% dos jovens de 18 a 24 anos nos EUA estão confiantes de que o mundo é redondo.
As descobertas não indicam necessariamente uma epidemia de crentes da conspiração da Terra plana, já que apenas 4% das pessoas de 18 a 24 anos disseram acreditar que o mundo é realmente plano.
Mas parece haver um número relativamente grande de indivíduos confusos nesta faixa etária: 9% disseram que sempre acreditaram que o mundo era redondo, mas recentemente estavam tendo dúvidas; 5% disseram que sempre acreditaram que o mundo era plano, mas estavam ficando céticos quanto a essa conclusão e 16% simplesmente não tinham certeza.
Certamente, tal confusão sobre um fato comprovado cientificamente que não deveria nunca ser objeto de controvérsia é preocupante.
Panorama da situação
A “filosofia da Terra plana” existe desde o século 19, mas tem se tornado mais presente no mundo online americano nos últimos anos, particularmente no YouTube e no Twitter.
Os crentes postam vídeos e memes discutindo sua defesa de uma Terra plana e postulando teorias da conspiração para explicar todos as sólidas evidências de que o planeta é um globo.
É difícil definir com precisão quantos crentes realmente existem. A primeira conferência da Terra plana nos Estados Unidos, realizada no ano passado, atraiu 500 pessoas, segundo seus organizadores.
A nova pesquisa da YouGov questionou 8.215 adultos a partir de seu painel online de 1,8 milhão de habitantes do país. Os resultados foram então ponderados para representar a composição demográfica da população dos EUA. No geral, os resultados sugerem que 84% dos americanos acreditam que o mundo é redondo.
Idade
A maioria das pessoas parece confiar nos fatos, então. Porém, 5% disseram que sempre acreditaram que o mundo era redondo, mas recentemente se tornaram céticos. 2% disseram que acham que o mundo é plano. Outros 2% disseram que sempre pensaram que o mundo era plano, mas recentemente se tornaram céticos. E 7% só não tinham certeza.
No quesito faixa etária, a maior confusão foi vista na Geração Y, também chamada de Millennials, composta de pessoas com idades entre 18 e 24 anos. Se o futuro do mundo está nas mãos dos jovens, é melhor que eles comecem a prestar atenção nas aulas de ciência.
Eles foram os mais propensos a exibir ceticismo sobre a circularidade da Terra, com apenas 66% se dizendo firmes em sua crença em um mundo esférico. Para fins de comparação, 94% das pessoas com 55 anos ou mais pensam que o mundo é redondo, assim como 85% das com 45 a 54 anos, 82% das com 35 a 44 anos e 76% das pessoas com 25 a 34 anos.
Papel da religião
Além da idade, outros fatores não representaram diferenças muito significativas na crença em uma Terra plana.
O número de crentes pareceu mais ou menos igual em todas as regiões do país, entre gêneros e entre pessoas de diferentes convicções políticas.
As pessoas que relataram renda de menos de US$ 40.000 por ano tinham uma probabilidade menor de aceitar que o mundo era redondo do que as que tinham renda mais alta (79% versus 87% na faixa de renda de US$ 40.000 a US$ 80.000 e 92% na faixa de renda acima de US$ 80.000).
O fator demográfico mais preditivo para explicar a crença na Terra plana, no entanto, foi a religião: de acordo com os resultados do YouGov, 52% daqueles que disseram que o mundo era plano também se consideravam “muito religiosos”, uma descrição que apenas 20% dos americanos como um todo usaram.
Outros 23% dos crentes da Terra plana se consideravam “um tanto religiosos”, enquanto 25% disseram que não eram muito religiosos ou nada religiosos.
Inteligência ou senso crítico?
Enquanto poucas pesquisas se concentraram especificamente na crença em uma Terra plana, outros estudos já sugeriram que os americanos são instáveis e confusos no que diz respeito a fatos geralmente ensinados no momento em que chegam à quarta série.
Uma pesquisa do Instituto Gallup de 1999 descobriu que 18% dos americanos erroneamente pensavam que o sol girava em torno da Terra, e não o contrário. O Gallup fez a mesma pesquisa em outros países, e alemães e britânicos se mostraram similarmente confusos.
Ou seja, talvez seja a hora de descobrir onde estamos errando, e consertar o erro já na quarta série, porque a internet está abrindo grandes oportunidades para notícias falsas e “fatos” equivocados se espalharem. Além de ciência, a escola talvez precise ensinar senso crítico também. [LiveScience]