Descoberto problema cognitivo de teóricos da conspiração

Por , em 26.10.2017

Nosso cérebro é treinado para enxergar padrões e explicar o mundo a nossa volta. Como um órgão preditivo, o cérebro está nessa busca constante tanto para explicar as coisas como para prosperar na sociedade. Essa capacidade ajuda os seres humanos a enxergar sentido no mundo. Por exemplo, você provavelmente entende que, se você ver algo em vermelho, isso significa que você deve estar atento ao perigo.

Porque a maioria das teorias da conspiração deveria ter sido reveladas

Mas, segundo um novo estudo publicado no European Journal of Social Psychology, às vezes as pessoas sentem o perigo mesmo quando não há padrões para reconhecê-lo – e assim seus cérebros criam os seus próprios padrões. Esse fenômeno, chamado percepção de padrões ilusórios, é o que impulsiona as pessoas que acreditam em teorias da conspiração.

A percepção do padrão ilusório – o ato de buscar padrões que não existem – já foi associada à crença em teorias da conspiração antes, mas essa suposição nunca foi realmente apoiada com evidências empíricas. Os cientistas britânicos e holandeses responsáveis pelo novo estudo são os primeiros a mostrar que esta explicação está, de fato, correta.

Os pesquisadores chegaram a esta conclusão depois de realizar cinco estudos com 264 americanos que se concentraram na relação entre crenças irracionais e percepção de padrões ilusórios. Estudos iniciais revelaram que a compulsão de encontrar padrões em uma situação observável estava, de fato, correlacionada com crenças irracionais. As pessoas que viram padrões em lançamentos de moedas aleatórias e pinturas caóticas e abstratas estavam mais propensas a acreditar em teorias conspiratórias e sobrenaturais.

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O estudo mostrou como as pessoas podem ser também suscetíveis a influências externas. Ler sobre crenças paranormais ou de conspiração, os pesquisadores relatam, causou um “ligeiro aumento na percepção de padrões em lançamentos de moedas, pinturas e vida”, e ler sobre uma teoria da conspiração tornou as pessoas mais propensas a acreditar em outra.

“Após uma manipulação da crença em uma teoria da conspiração, as pessoas viram eventos no mundo como mais fortemente casualmente conectados, o que, por sua vez, previu crenças irracionais não relacionadas”, escrevem os autores.

Sentido ao mundo

Os pesquisadores sugerem que as crenças irracionais nascem da percepção do padrão devido à “tendência automática de dar sentido ao mundo, identificando relações significativas entre estímulos”. Mas as distorções podem acontecer e o cérebro pode conectar pontos que são inexistentes. As pessoas são ruins em julgar o que é aleatório e acreditam que, muitas vezes, os padrões são realmente coincidências, o que leva a conexões irracionais entre estímulos não relacionados. Por exemplo, apenas porque o poder social é dominado pelos ricos não significa que pessoas ricas são satanistas Illuminati, embora seja uma coisa que muitas pessoas acreditam.

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Felizmente, outros cientistas encontraram uma maneira de bloquear a onipresença da percepção de padrões ilusórios: pensamento crítico. Em uma entrevista, a professora de psicologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte, Anne McLaughlin, disse ao portal Inverse que o pensamento crítico é algo que pode ser ensinado, e se as pessoas são treinadas no caminho certo, a pseudociência e falsas conspirações podem ser combatidas com lógica e raciocínio. O cérebro pode tentar fazer conexões falsas, mas isso não significa que você tenha que acreditar nisso. [Inverse]

2 comentários

  • Tiago Vieira da Rocha:

    Uma coisa que me irrita profundamente são esses teóricos da conspiração. Não entendem nada, não aceitam nenhum argumento e são chatos.

  • Cesar Grossmann:

    Passou da hora de ter aulas de pensamento crítico nas escolas. A começar pelos professores…

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