Cientista propõe sistema de nomeação revolucionário para toda a vida na Terra

Por , em 12.03.2014

O pesquisador e professor Boris Vinatzer, do Instituto Politécnico da Universidade da Virgínia (Virginia Tech), Estados Unidos, desenvolveu uma nova forma de classificar e dar nome aos organismos vivos. A ideia é utilizar como base a sequência do genoma dos seres vivos e, com isso, criar uma linguagem universal que os cientistas poderão usar para se comunicar com uma especificidade sem precedentes sobre toda a vida na Terra.

Em um artigo publicado na revista especializada “PLoS ONE”, Vinatzer propõe ir além do atual sistema de nomeação biológico de cada organismo individual e desenvolver um nome mais preciso e informativo para qualquer organismo, seja uma bactéria, um fungo, uma planta ou um animal.

De acordo com Vinatzer, o novo modelo de classificação melhora e acrescenta profundidade para a convenção de nomenclatura desenvolvida pelo padrinho do gênero, o biólogo sueco Carlos Lineu. Cientistas de todo o mundo têm usado o sistema criado por Lineu há mais de 200 anos.

“A tecnologia de sequenciamento do genoma progrediu imensamente nos últimos anos, a ponto de agora sermos capazes de distinguir entre bactérias, plantas e animais a um custo muito baixo”, explica Vinatzer. “A limitação do sistema de Lineu é a ausência de um método para dar nome aos organismos sequenciados com precisão”, observa.

No entanto, Vinatzer não propõe alterar a convenção de nomenclatura de classificação biológica já existente. Em vez disso, o novo sistema teria como objetivo acrescentar mais informações para classificar organismos dentro de espécies já nomeadas e identificar mais rapidamente novos seres, uma vez que o processo depende unicamente do código genético do organismo.

Vinatzer já havia usado o sequenciamento do genoma com grande sucesso. Em 2009, ele e um colaborador foram capazes de rastrear um patógeno que estava devastando lavouras de kiwi ao redor do mundo.

Um sistema de nomes baseado no genoma seria particularmente útil para funcionários da rede pública de saúde, que vivem em uma época de constante vigilância contra ameaças biológicas, principalmente nos Estados Unidos. Em seu artigo, Vinatzer usa a tensão em relação ao antraz que surgiu após os ataques terroristas de 11 de setembro como um exemplo das limitações do atual sistema baseado em taxonomia.

Existem mais de 1.200 cepas de antraz (ou Bacillus anthracis). Cada uma possui um nome arbitrário escolhido por pesquisadores e que não leva em conta as semelhanças genéticas com outras cepas. Com o esquema de nomenclatura desenvolvido por Vinatzer, quanto mais parecido for o nome de duas cepas, maiores as similaridades genéticas entre elas.

A convenção de nomenclatura de Vinatzer também daria aos pesquisadores a capacidade de nomear novos agentes patogênicos em questão de dias – e não em meses ou anos – com base na sua semelhança com patógenos conhecidos. Outra vantagem apontada pelo pesquisador diz respeito à própria manutenção dos nomes codificados, que seria permanente, em oposição à atual mudança que costuma acontecer no atual sistema de classificação biológica.

Agora, a Universidade de Virgínia entrou com o pedido de patente do esquema de nomenclatura. Vinatzer e seu colaborador Lenwood Heath, professor do Departamento de Ciência da Computação, fundaram o “This Genomic Life Inc.”, que irá licenciar a invenção para desenvolvê-la ainda mais.

“Eu trabalho em computação, portanto, ter a oportunidade de transmitir o meu conhecimento, ordenando o mundo orgânico por meio de sequências numeradas de DNA foi fascinante”, descreve Heath. “O mundo matemático e dos seres vivos estão muito mais relacionados entre si do que pensamos”. [Phys]

5 comentários

  • paulo rerisson:

    A vida biológica em si é matemática pura!

  • WPantuzzo:

    Irrestritamente apoiado por mim.

  • Leandro Pereira:

    fala ai: é sacanagem patentear um negócio desses, não?

    • Marcelo Ribeiro:

      Depende de quem avalia o pedido de patente. Se alguém trabalha duro para criar algo, mesmo que use apenas sua mente papel e lápis, não pode proteger esta invenção? Geralmente pode.

    • Cesar Grossmann:

      Tem uma discussão sobre isso no Reddit. Eu estou entrando em contato com biólogos e profissionais da área para entender a razão para patentear.

      Uma das razões pode ser para impedir que uma empresa comercial o faça e passe a cobrar royalties.

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