Em caso de cansaço, a cafeína tem mais poder de aliviar a dor do que a morfina

Por , em 14.05.2017

Pesquisadores do Boston Children’s Hospital (Hospital Infantil de Boston, nos EUA) descobriram que a cafeína e outro produto químico estimulante podem ajudar ratos privados de sono a lidarem com a dor.

Segundo o estudo, se quisermos ajudar as pessoas com dor crônica, devemos primeiro abordar o problema da fadiga com a qual muitas delas sofrem.

A pesquisa

Os neurologistas e neurobiologistas do Hospital Infantil de Boston induziram a privação crônica de sono em ratos, entretendo-os com brinquedos quando eles normalmente deveriam estar dormindo.

Em seguida, os animais sentiram diferentes formas de dor, enquanto os cientistas mediram quanto tempo levava para os ratos reagirem à fonte do estímulo negativo. À medida que os ratos ficavam mais esgotados, tornavam-se mais sensíveis à dor e reagiam mais rapidamente.

Por fim, os cientistas trataram os ratos com drogas para ajudá-los a lidar com a dor. Em vez de responder a analgésicos normais como ibuprofeno ou mesmo morfina, os pesquisadores descobriram que os ratos responderam melhor a drogas estimulantes, nomeadamente a cafeína e o modafinil.

No entanto, os dois fármacos não tiveram efeito analgésico em ratos bem descansados, o que confirma que as substâncias estavam agindo sobre a fadiga dos animais, em vez da dor em si.

Dor e cansaço

“Isso representa um novo tipo de analgésico que não tinha sido considerado antes, um que depende do estado biológico do animal”, disse Clifford Woolf, diretor do Centro Kirby no Hospital Infantil de Boston, em um comunicado de imprensa. “Essas drogas podem ajudar a interromper o ciclo de dor crônica, em que a dor perturba o sono, o que, em seguida, promove a dor, que ainda perturba o sono”.

Embora esses resultados não tenham sido demonstrados em seres humanos ainda, os pesquisadores acreditam que o estudo ressalta a importância de promover o descanso junto às pessoas que sofrem de dor crônica.

“Muitos pacientes com dor crônica sofrem de sono fraco e fadiga diurna, e alguns medicamentos para a dor podem contribuir para essas comorbidades”, disse Kiran Maski, especialista em sono do Hospital Infantil de Boston, que não participou do estudo, no mesmo comunicado à imprensa. “Este estudo sugere uma nova abordagem para a gestão da dor que seria relativamente fácil de implementar nos cuidados clínicos”.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista Nature Medicine. [Futurism]

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