Cientistas fizeram “pernas de dinossauro” crescer em uma galinha pela primeira vez

Por , em 14.03.2016

Uma generalização científica incorreta muito popular é que todos os dinossauros morreram há 65 milhões de anos. A verdade é que vários deles realmente foram extintos depois da colisão do enorme asteroide contra a Terra, mas alguns sobreviveram e deram origem aos pássaros que conhecemos hoje.

Para descobrir como essa evolução aconteceu, pesquisadores do Chile manipularam genes das galinhas comuns para que desenvolvessem fíbulas mais longas em suas pernas, como os dinossauros voadores tinham.

Dinossauros como o Archaeopteryx tinham a fíbula e a tíbia com tamanhos aproximados, que iam até o tornozelo. Mais tarde, outro grupo de dinossauros chamados Pygostylian apresentou fíbula mais curta que a tíbia, que se afinava até desaparecer, antes de chegar ao tornozelo.

Embriões de aves modernas como galinhas ainda apresentam sinal de que poderiam desenvolver uma fíbula longa como a dos Archaeopteryx, mas conforme crescem, esses ossos ficam mais curtos, finos e mais parecidos com os dos Pygostylian.

O experimento

O pesquisador João Botelho, da Universidade do Chile, decidiu investigar como aconteceu a transição entre os dois tipos de fíbula. Para fazer isso, ele e sua equipe inibiram a expressão do gene IHH, que fazia o osso parar de crescer durante o desenvolvimento da galinha.

gene IHH em aves

Ao fazer isso, os pesquisadores descobriram algo interessante: havia mais um ossinho escondido ali, que impedia o crescimento da fíbula. Um osso normal tem seu crescimento interrompido na parte média do osso muito antes de suas pontas pararem de crescer. Já nas galinhas, o crescimento da fíbula é interrompido primeiro nas pontas, sem nunca chegar ao tamanho necessário para alcançar o tornozelo. Isso significa que a fíbula do pássaro moderno é bloqueada para não crescer tanto quando o outro grupo de aves.

Os pesquisadores sugeriram em sua publicação na revista Evolution que esse crescimento foi impedido por um osso no tornozelo chamado calcâneo. “Ao contrário de outros animais, o calcâneo do embrião de aves pressiona o final da fíbula”, explica a equipe. “Eles estão tão próximos que foram incorretamente identificados como um único osso pelos pesquisadores”.

Essa pressão exercida pelo calcâneo na fíbula envia sinais de que a fíbula deve parar de crescer, isso tudo muito antes de atingir o tornozelo. Quando o gene IHH é desligado, esse crescimento acontece. Assim, embriões foram criados com a fíbula e tíbia do mesmo tamanho.

Nada de dino-frangos

Infelizmente, essas galinhas com fíbulas longas não chegaram a sair dos ovos. De qualquer forma, o objetivo da pesquisa não era fazer com que elas nascessem e chegassem à fase adulta, mas sim compreender a transição entre dinossauros voadores e aves modernas.

Esta não foi a primeira vez que esse grupo de pesquisadores “recriou” galinhas antigas. Em 2015, eles criaram pés de dinossauro em galinhas. Outra equipe nos Estados Unidos conseguiu criar um bico de dinossauro em embriões de galinhas. [ScienceAlert, Evolution]

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