Cientistas reconstroem os genomas humanos mais antigos já encontrados

Por , em 23.09.2024

Pesquisadores conseguiram decifrar os genomas humanos mais antigos já descobertos na África do Sul, extraídos de dois indivíduos que habitaram a região há cerca de 10.000 anos. Isso abriu uma nova janela para compreender a ocupação humana naquele local, afirmou um dos autores do estudo.

As amostras de DNA vieram de um homem e uma mulher cujos restos mortais foram localizados em um abrigo rochoso próximo à cidade costeira de George, situada a aproximadamente 370 quilômetros a leste da Cidade do Cabo. Victoria Gibbon, professora de antropologia biológica da Universidade da Cidade do Cabo, detalhou que esses dois fazem parte de um conjunto de 13 sequências genéticas recuperadas de pessoas que viveram na área entre 1.300 e 10.000 anos atrás. Curiosamente, até então, o registro mais antigo de genomas humanos no local remontava a apenas 2.000 anos.

Uma descoberta intrigante foi que esses primeiros habitantes do sul da África apresentavam uma surpreendente semelhança genética com os grupos San e Khoekhoe que ainda vivem naquela área. Isso sugeriu que, enquanto os europeus enfrentavam transformações genéticas dramáticas nas últimas dezenas de milênios, a genética no sul da África seguiu um ritmo bem mais tranquilo, disse Joscha Gretzinger, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva.

Aparentemente, esse padrão genético se manteve inalterado até cerca de 1.200 anos atrás, quando novos povos trouxeram o pastoreio, a agricultura e novas línguas à região, iniciando interações com os caçadores-coletores locais.

Embora a África meridional seja uma das regiões que abriga as evidências mais antigas da existência de humanos modernos, os vestígios genéticos geralmente não resistem bem ao tempo. Gibbon explicou que foi graças a avanços tecnológicos que os cientistas conseguiram extrair e estudar esse DNA.

Ao contrário da Europa e da Ásia, onde genomas antigos são reconstruídos aos montes, a região da África do Sul, Botsuana e Zâmbia ainda oferece menos de duas dúzias de amostras. Gibbon destacou que abrigos rochosos como o de Oakhurst são verdadeiros tesouros científicos, permitindo desvendar como as populações locais se moveram e interagiram ao longo de quase 9.000 anos. [Science Alert]

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