Cientistas seguiram uma tartaruga durante o furacão Florence, e isso foi o que descobriram
Cientistas seguiram Isla, a tartaruga, através do furacão Florence que atingiu o Oceano Atlântico em setembro deste ano.
A tartaruga-de-couro, também chamada de tartaruga-gigante, estava sendo rastreada desde 5 de maio, quando uma equipe da organização sem fins lucrativos Florida Leatherbacks Inc se aproximou da fêmea enquanto ela botava ovos na areia de uma praia da Flórida.
Trabalhando rapidamente, os cientistas perfuraram dois pequenos buracos em seu casco, adicionando um pequeno transmissor a ele.
Nos meses seguintes, os membros da instituição observaram Isla visitando a praia mais uma vez para colocar mais ovos, antes de iniciar sua migração para o norte no final do verão, ao longa da costa leste americana.
No meio da tempestade
Isla se encontrou com Florence em Outer Banks, uma ilha da Carolina do Norte. No começo, parecia que ela seria pega na enorme tempestade enquanto deslizava pela costa.
Felizmente, ela passou ao norte do pior momento do furacão, mas ainda experimentou mar agitado. Mesmo antes da tempestade, Isla emergiu em uma área onde as ondas atingiam mais de 4 metros de altura.
“As tartarugas precisam vir à superfície periodicamente para respirar, mas eu suspeito que muitas mergulham abaixo da superfície para resistir às tempestades”, disse Kate Mansfield, diretora do Grupo de Pesquisa de Tartarugas Marinhas da Universidade da Flórida Central (EUA) ao portal Popular Science.
No passado, Mansfield também rastreou tartarugas através de algumas tempestades e não encontrou qualquer evidência que sugerisse que os animais tentam fugir delas, ou que as tempestades mudam seus caminhos.
Furacão e vida marinha
Mansfield aponta ainda que há alguns dados de um estudo de 2006 sobre como as tartarugas-de-pente se comportam durante um furacão.
Enquanto elas pareciam continuar aproximadamente no mesmo lugar, sem evitar a tempestade, também se tornaram mais ativas, permanecendo submersas por longos períodos de tempo.
Outros animais reagem de maneira diferente a esses fenômenos. Por exemplo, tubarões, especialmente os jovens, tendem a mudar de rota.
De acordo com Nick Whitney, cientista do Centro de Vida Oceânica Anderson Cabot do Aquário de Nova Inglaterra (EUA), tubarões jovens tendem a ficar em águas rasas perto da costa, onde há menos predadores, como peixes grandes ou outros tubarões que podem vê-los como uma refeição. No entanto, quando um furacão se aproxima, esses jovens vão para águas mais profundas.
A queda na pressão atmosférica com uma tempestade se aproximando pode ser suficiente para desencadear esse comportamento nos tubarões.
Dificuldades de estudo
Ambas tartarugas e tubarões são rastreados via satélite, mas não é fácil obter uma leitura durante um furacão.
Muitas condições precisam ser atendidas: a cobertura de nuvens tem que estar relativamente baixa para o sinal chegar ao satélite, o satélite tem que estar no lugar certo, o animal tem que se aproximar da superfície, e a etiqueta de rastreio precisa estar seca por pelo menos alguns segundos, explica Whitney.
Ainda há muito que não sabemos sobre os animais em furacões, e serão necessários mais do que alguns dados para entender como as diferentes espécies agem durante esses eventos. A maioria das informações que temos foram colhidas ao acaso, quando animais como Isla, que já estavam sendo rastreados por outros motivos, cruzaram com uma tempestade.
Tempestades acontecem rapidamente e são difíceis de prever, então conseguir financiamento para um estudo específico pode ser complicado.
Diga onde você vai
Além disso, rastrear animais custa muito caro. O transmissor ligado à Isla tem um gasto de milhares de dólares, que a pequena organização sem fins lucrativos só pode bancar graças à parceria com o Departamento Canadense de Pesca e Oceanos.
Em parte por causa da despesa, a Florida Leatherbacks Inc está rastreando apenas este animal nesta temporada.
Você pode acompanhar o progresso da tartaruga na rede social Twitter. [PopSci]