Como agricultores de 800 anos atrás podem nos ensinar a proteger a Amazônia

Por , em 10.04.2012

Descobertas recentes indicam que podemos aprender com os primeiros habitantes da Amazônia como utilizar suas terras de forma sustentável.

Se você é contra o desmatamento em massa da nossa floresta, a aposta é seguir as dicas de índios que moravam lá anos atrás.

Uma equipe internacional de arqueólogos e paleoecologistas relataram pela primeira vez que os povos indígenas que viviam nas savanas ao redor da floresta amazônica cultivavam suas terras sem o uso de fogo.

A pesquisa pode fornecer ideias sobre o uso sustentável e a conservação dos ecossistemas amazônicos, que são globalmente importantes e estão sendo rapidamente destruídos.

O estudo

Ao analisar registros de carvão vegetal, pólen e outros materiais abrangendo mais de 2.000 anos, a equipe da pesquisa criou o primeiro retrato detalhado do uso da terra nas savanas amazônicas na Guiana Francesa. Isto dá uma perspectiva única sobre aquele pedaço de terra, antes e depois da chegada dos europeus, que ocorreu em 1492.

A pesquisa mostra que os primeiros habitantes destas savanas amazônicas praticavam um tipo de agricultura que envolvia a construção de pequenos montes agrícolas com instrumentos de madeira.

Estes campos elevados tinham uma melhor drenagem, aeração do solo e retenção de umidade, ideal para um ambiente que tem tanto secas quanto inundações.

Os campos levantados também se beneficiavam de um aumento de fertilidade, pois o esterco era continuamente tirado da bacia alagada e depositado sobre os montes.

Os agricultores antigos limitavam os incêndios, e isso ajudava a conservar os nutrientes do solo e a matéria orgânica, e preservar a estrutura do solo.

“Nós usamos datação por radiocarbono para determinar a idade desses tipos de canteiros e chegamos à conclusão de que datam de 800 anos atrás”, disse o Dr. Mitchell Power, professor da Universidade de Utah, EUA.

Ou seja, os povos indígenas antigos não usavam o fogo como uma forma de limpar as savanas e gerenciar sua terra, como era pensado. A pesquisa também mostra um aumento acentuado dos incêndios com a chegada dos primeiros europeus, um evento conhecido como Encontro Colombiano.

Depois desse evento, o tipo de agricultura saudável nas savanas amazônicas se perdeu e até 95% da população indígena foi exterminada, graças a doenças trazidas pelos colonizadores europeus.

De olho no futuro

Os pesquisadores dizem que esta antiga forma de agricultura poderia pavimentar o caminho para aplicações modernas do mesmo tipo em áreas rurais da Amazônia.

“Ela pode se tornar uma alternativa para a queima de florestas tropicais, recuperando terras de outra forma abandonadas e ecossistemas de cerrado criados pelo desmatamento. Ela tem a capacidade de diminuir as emissões de carbono e, ao mesmo tempo, garantir a segurança alimentar para as populações rurais mais vulneráveis e pobres”, disse o Dr. José Iriarte, da Universidade de Exeter, Reino Unido, principal autor do estudo.

“Savanas amazônicas estão entre os ecossistemas mais importantes na Terra, suportando uma rica variedade de plantas e animais que também são essenciais para a gestão do clima. As savanas hoje são frequentemente associadas com fogo e elevadas emissões de carbono, mas nossos resultados mostram que nem sempre foi assim. Com o aquecimento global, é mais importante do que nunca encontrarmos uma forma sustentável de gerenciar savanas. As pistas de como conseguir isso poderiam estar nos 2.000 anos de história que nós revelamos”, comentou o professor Doyle McKey, da Universidade de Montpellier, França.[ScienceDaily, Foto]

7 comentários

  • Sérgio Castilho de Oliveira:

    Numa via sem saída, é melhor voltar atrás para não perder a jornada. Quanto mais cedo adotarmos o crudivorismo e o huggelculturismo melhor é

  • jose Senen de Alencar:

    Concordo com o Cesar em parte. Realmente os índios não tinham a tecnologia que aprenderam com os brancos, mas também não conheciam a ambição e a ganância que aprenderam com os mesmos. Eram simples e solidários. Dizem que antes conhecerem os europeus não sabiam mentir nem roubar. Hoje sabem, e como sabem!

  • Cesar Grossmann:

    Os índios mesmos se tornam destruidores da amazônia, basta ter acesso à tecnologia do homem branco. Eles não são conservacionistas por opção, mas por que não tem tecnologia diferente. As aldeias eram pequenas, as roças eram pequenas, o número de pessoas espalhadas pelo Brasil era pequeno, e o dano ambiental causado pelos índios era absorvido pela natureza.

  • Renato Almeida:

    Eu sei como proteger a amazonia , tirando esse governo corrupto que existe aqui no Brasil e colocando outro q coloque as leis em pratica , se fosse eu o poder disso tudo nem uma arvore seria cortada de la .

  • Gilberto M.:

    O estudo da Mitologia da maioria dos povos indígenas indica que se tratava de culturas que procuravam respeitar o meio ambiente. Aqui em São Paulo há o Vale do Anhangabaú, onde corria um antigo rio. Em Tupi significa Rio do Mal Espírito e só os pagés tinham autorização para adentrá-lo. Tudo para proteger o vale. Funcionou bem até as ações dos jesuítas e foi tudo por água abaixo. O Saci, a Caipora, o Curupira são outros exemplos mitológicos para proteger o meio ambiente.

  • Danilo M.:

    concerteza a nossa civilização contemporânea tem muito a aprender com a com as antigas civilizações!!!

    • Marcelo Marques:

      Fico imaginando o quanto poderia-nos ser felizes neste planeta,mas esse ser “racional” é muito covarde em relação sua casa, temos que acorda e apreender com povos que viverão em harmonia com a natureza e consigo mesmo!…

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