Por que os gritos nos fazem saltar de susto?

Por , em 19.07.2015

Por que os gritos, como o famoso da Janet Leigh no chuveiro em “Psicose”, fazem nossos pelos arrepiarem?

Segundo um novo estudo, as vocalizações assustam porque têm como alvo um ponto acústico especial em nosso cérebro, projetado para agarrar nossa atenção para um possível perigo.

Acústica única

“Se você perguntar a uma pessoa na rua o que é especial sobre gritos, ela vai dizer que os gritos são altos ou têm um tom mais agudo”, disse o principal autor do estudo, David Poeppel, professor de psicologia e neurociência na Universidade de Nova Iorque (EUA). “Mas muitas coisas são altas e agudas. O que torna o grito verdadeiramente útil em um contexto comunicativo?”.

A partir dessa pergunta, os cientistas analisaram as ondas sonoras de vários gritos, descobrindo que eles ocupam um espaço reservado do espectro auditivo não utilizado pelo discurso normal.

A observação permaneceu correta quando os pesquisadores compararam gritar com cantar e falar, mesmo em diferentes línguas.

Rugosidade

Os cientistas explicam que os gritos têm uma qualidade vocal única: rugosidade. Mas o que é “áspero” em um grito?

Para a maioria de nós, aspereza pode indicar uma voz rouca ou grave. No entanto, em psicoacústica, rugosidade é igual a dissonância, ou as qualidades desagradáveis de um som.

“Rugosidade refere-se a mudanças rápidas de volume (em uma faixa de frequência de 30 a 150Hz) de um som que pode ser agudo ou não”, disse Luc Arnal, coautor da pesquisa. Para comparação, se uma luz fosse rugosa, seria um estroboscópio.

O estudo

Os participantes do estudo foram convidados a ouvir diferentes gritos humanos, bem como sons artificiais como campainhas e alarmes de carro, e a compará-los com outros sons de controle.

Os pesquisadores descobriram que os gritos e sons classificados como “mais rugosos” eram os mais aterrorizantes para o ouvinte.

“Nós descobrimos que, quanto mais áspero o som, mais forte a resposta na amígdala, a parte do cérebro envolvida em reações de medo”, disse Arnal.

Os pesquisadores também descobriram que podiam fazer um som que não era um grito mais aterrorizante pela adição de rugosidade.

Alerta!

De acordo com os resultados da pesquisa, sinais de alerta, como alarmes de carro e alarmes de casas, ativam o mesmo intervalo auditivo que gritos.

“Estes resultados sugerem que os sinais de alarme podem ser melhorados”, argumentou Poeppel. “Da mesma forma que um cheiro ruim é adicionado ao gás natural para torná-lo facilmente detectável, acrescentar rugosidade a sons de alarme pode acelerar seu processamento”. [CNN]

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