Como um macaco e um maçarico fizeram um país inteiro acreditar em alienígenas

Por , em 3.11.2013
Dr. Mickle (direita) e Ed Watters (esqueda)

Em 1953, dois homens conseguiram convencer um país inteiro que estavam sendo invadidos por alienígenas, usando nada mais do que um macaco, corante verde e um maçarico. A farsa foi tão convincente que até a Força Aérea dos EUA se envolveu nela. E, como toda boa história, essa começou com uma aposta.

Em um bar em 8 de julho de 1953, dois jovens barbeiros fizeram uma aposta com seu amigo açougueiro: a de que um dos homens conseguiria colocar seu nome na primeira página do jornal local.

Eles apertaram as mãos e os barbeiros começaram a trabalhar para alcançar seu objetivo. Eles começaram comprando um macaco rhesus em um petshop local e dando-lhe uma dose letal de clorofórmio. Depois que o animal estava morto, eles depilaram todo o seu pelo e cortaram sua cauda. Por fim, tingiram o pobre macaco com corante verde. O resultado foi uma criatura que parecia decididamente alienígena.

Quando já estava suficientemente assustadora, os homens a lançaram no chão de uma estrada e criaram um pequeno círculo de fogo com um maçarico em volta do bicho. O próximo passo óbvio foi chamar a polícia.

O policial Sherley Brown e seu parceiro estavam fazendo uma patrulha de rotina perto de Austell, Geórgia, quando viram uma caminhonete parada no meio da estrada. O que eles encontraram foi a cena mais inusitada de suas carreiras como oficiais: três jovens assustados – Ed Watters (barbeiro, 28 anos), Tom Wilson (barbeiro, 20 anos), e Arnold “Buddy” Payne (açougueiro, 19 anos), esperando nervosamente ao lado da pista. Deitado na frente do veículo dos rapazes, iluminado pelos seus faróis, estava uma bizarra criatura de 60 centímetros de altura que parecia um alienígena.

A história contada pelos meninos – de que tinham encontrado um OVNI e um bando de aliens, atropelado um deles com seu carro, mas é claro que vários outros haviam fugido em sua nave espacial – seria bastante inacreditável, não fosse pela visão estranha ao chão da estrada.

Ed Watters ganhou sua aposta – US$ 10, cerca de R$ 21 reais, sem contar a inflação do período -, pois dentro de algumas horas, não só o jornal local, como meios de comunicação nacionais estamparam sua história nas suas capas. A polícia foi bombardeada com telefonemas de outras pessoas que definitivamente tinham visto os marcianos, e jornalistas de todos os cantos vieram até à cidade. Pior ainda: quando um veterinário local examinou o corpo e proclamou que “não parecia deste mundo”, até mesmo a Força Aérea dos EUA demonstrou interesse, enviando seus próprios homens para investigar o ocorrido.

O conto só foi desmitificado quando o Dr. Herman Jones, chefe do laboratório criminal do estado da Geórgia, entrou em cena e confiscou a criatura, levando-a para a Universidade de Emory (EUA) para ser examinada por dois professores de anatomia, Marlon Hines e W.A. Mickle. Os professores determinaram rapidamente que ela só seria de origem extraterrestre se houvesse macacos em Marte. Dr. Mickle acrescentou: “Se é do espaço sideral, eles não inventaram nada de novo”.

Dr. Mickle (direita) e Ed Watters (esqueda)

Dr. Mickle (direita) e Ed Watters (esqueda)

Quando confrontados com as opiniões dos especialistas, os jovens confessaram. A história foi retratada em todos os jornais, e Watters acabou no vermelho, porque o macaco lhe custou US$ 50, e a polícia o multou em US$ 40 por obstruir a rodovia (um prejuízo de US$ 80, ou R$ 174, novamente sem contar a inflação).

Os meninos logo caíram no esquecimento do público, mas sua pegadinha tem sobrevivido ao tempo. Até o macaco raspado ainda permanece em um frasco no laboratório criminal da Geórgia, acessível a curiosos e repórteres que escrevem sobre histórias estranhas do passado. [KnowledgeNuts, MOH]

Sherley Brown com o macaco em 1998

Sherley Brown com o macaco em 1998

15 comentários

  • Airon david Silva:

    Isso foi muita maldade com o bichinho.

  • Douglas Brito:

    porque usar a frase “O resultado foi uma criatura que parecia decididamente alienígena.” ou seja deve existir e alguém sabe como eles são, o governo esconde muito de nós.

    • Cesar Grossmann:

      “Parecia decididamente alienígena” é sinônimo de “não se parecia com nada que existe neste planeta”.

      Você não precisa saber como é um alienígena para saber que algum ser é alienígena, basta conhecer todos os seres que tem no nosso planeta. Qualquer coisa que seja diferente, não é deste planeta, portanto, alienígena.

      Sem precisar apelar para conspirações governamentais.

    • La Zerra:

      Cesar Grossmann,

      “Qualquer coisa que seja diferente, não é deste planeta, portanto, alienígena.”
      Pelo que parece o seu “portanto” na frase quer dizer “automaticamente”
      Mesmo conhecendo todas as espécies de seres vivos na terra, ao ver um diferente não devemos “portanto” (automaticamente) considerar como um alienígena, nenhum ser humano é capaz de conhecer tudo na terra, apenas achar que conhece tudo e só um idiota confia em conclusões tiradas precipitadamente daquele que se acha o sabichão , né?!
      Eu não acreditaria em conclusões tiradas “automaticamente”.

    • Cesar Grossmann:

      La Zerra, se conhecemos TODOS os seres vivos deste planeta, então automaticamente todo ser que não reconhecermos não será deste planeta. A chave aqui é que não conhecemos TODOS, por isto quando encontramos um ser desconhecido, não supomos que seja alienígena.

      O Douglas Brito questionou que, como estavam afirmando que o animal tinha aspecto alienígena, isto significava que sabiam como era um alienígena. Não necessariamente.

      Outro detalhe interessante é que existem muitas metáforas e figuras de linguagem que estão sendo tomadas ao pé da letra. No caso, “parecia decididamente alienígena” significa simplesmente “não parecia com nada que seja conhecido como terráqueo”, não significando que foi comparado com um alienígena ou mesmo que saibamos como se parece um alienígena.

      Finalmente, você entra em contradição ao afirmar “mesmo conhecendo todas as espécies” e depois “nenhum ser humano é capaz de conhecer tudo na terra”. Se estamos tratando de um caso hipotético, devemos respeitar as hipóteses que estamos tratando e tentar não usar premissas contraditórias. “Se” conhecemos todas as espécies do planeta, “então” qualquer espécie desconhecida não será da terra. “Se” não conhecemos todas as espécies da terra, “então” uma espécie desconhecida poderá ser terráquea ou não. E eu não sei se nenhum ser humano é capaz de conhecer tudo na terra. O número de seres vivos é finito, assim como a própria terra é finita, será que está fora da capacidade de conhecer do homem?

      Mas obrigado pelo recado, vou tentar não ser idiota da próxima vez.

    • La Zerra:

      Eu não entrei em contradição, apenas quis salientar que na verdade ninguém conhece todas as espécies do mundo e sim ACHA se conhece todas.

  • Luis Eduardo Rodrigues:

    Putz… coitado do macaco…

    • Leônidas Prado:

      mano, foi em 1953…
      vai falá que nunca esmagou uma formiga?

  • La Zerra:

    Filho de p*t*s assassinos. O que eu posso fazer? Apenas desejar uma morte dolorosa para eles.

  • Gabriel Rang:

    Legal é que pessoas começaram a alegar que viram aliens hahahahahahhahaha
    Lição aprendida: é só alguém espalhar o boato. hahaha

  • Cesar Grossmann:

    É interessante a abordagem dos “meninos”, pegar um animal e depilar ele completamente. Estamos acostumados a ver os animais “como na foto”, com pelo e tudo, basta o animal perder todos os pelos, como certos corpos de animais afogados, para que as pessoas comecem a inventar teorias de chupa-cabras e alienígenas.

  • Clovis Fialho:

    Acho que sonho do jornalista é publicar uma reportagem cause muita repercussão e não deve ser nada fácil, eu até entendo, eu vou colaborar e vou comentar, mas já vou avisando que não costumo fazê-lo eu geralmente não dou importância.

  • PHAS:

    E não receberam sequer uma multa por sacrificar um macaco por nada. ¬¬

    • Cesar Grossmann:

      Já havia alguma lei tipificando o crime de crueldade contra animais em 1953?

    • Leônidas Prado:

      eles mataram o macaco de uma forma bem humana pra 1953… coisas piorem acontecem ainda hoje, na era das leis e multas.

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