Diabetes tipo I é curada com células-tronco da própria paciente
Uma nova esperança surge no horizonte para pessoas com diabetes tipo 1. Um tratamento revolucionário com células-tronco permitiu que uma paciente, de 25 anos, vivesse sem necessidade de insulina por mais de um ano. Essa abordagem envolve a criação e o transplante de células que produzem insulina, usando as próprias células-tronco da paciente, num processo que pode mudar vidas.
Diabetes tipo 1, como se sabe, é uma condição autoimune em que o sistema imunológico acaba atacando o próprio corpo, mais especificamente as células que fabricam insulina no pâncreas. Isso deixa os pacientes sem o controle adequado da glicose no sangue, levando-os a depender de injeções regulares de insulina. Mas a ciência, como sempre, adora surpreender.
Um estudo clínico de fase I traz novidades. Os pesquisadores implantaram novas células produtoras de insulina em uma jovem diagnosticada com diabetes tipo 1 há 11 anos. Ela já tinha passado por dois transplantes de fígado e um de pâncreas antes de entrar no estudo. Agora, depois do transplante das células, a paciente não precisou de insulina por mais de 12 meses.
No experimento, os cientistas utilizaram células-tronco retiradas do tecido adiposo da mulher. Essas células foram reprogramadas para um estado inicial de desenvolvimento, onde possuem o potencial de se transformar em vários tipos de células. Elas foram guiadas para se tornarem células das ilhotas pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, e então foram implantadas em seus músculos abdominais.
O acompanhamento ao longo de um ano mostrou resultados impressionantes. Em apenas duas semanas, a quantidade de insulina necessária diariamente começou a cair. No 75º dia, ela já estava totalmente livre de injeções. Durante o resto do período de estudo, ela passou 98% do tempo dentro dos níveis saudáveis de glicose. Melhor ainda, os cientistas não detectaram quaisquer anormalidades nas células transplantadas.
Outros estudos haviam apontado para resultados semelhantes, mas este ensaio se destaca por alguns motivos. As células-tronco, ao invés de serem geneticamente modificadas, foram alteradas quimicamente. Além disso, ao invés de implantar as células no fígado, como em estudos anteriores, elas foram colocadas nos músculos abdominais, o que facilitou tanto a sobrevivência quanto o monitoramento das células, além de ser menos invasivo.
Há, no entanto, um ponto de atenção: o sistema imunológico ainda precisa ser controlado, já que o transplante de células não resolve o problema autoimune que desencadeia a doença. Mas, para quem já passou por transplantes de órgãos e tecidos, esse é um problema previsível.
Com mais estudos e testes, essa terapia tem potencial para transformar o tratamento do diabetes tipo 1. Atualmente, outros dois participantes já estão inscritos para os próximos passos do estudo.
A pesquisa completa foi publicada na revista científica Cell.