Dieta drástica reverte diabetes tipo 2 em 86% dos pacientes

Por , em 6.12.2017

Um novo estudo mostrou que o diabetes tipo 2 pode ser revertido com uma dieta radical de baixas calorias, mesmo em pacientes que têm a doença há seis anos. A pesquisa, das universidades de Newcastle e Glasgow, no Reino Unido, foi publicada na última terça-feira, dia 5, no periódico de saúde “The Lancet”.

O número de casos de diabetes tipo 2 tem disparado. Relacionada à epidemia de obesidade, a doença surge porque a gordura acumulada na região do abdômen impede o funcionamento correto do pâncreas. O estudo desenvolvido pelos pesquisadores mostrou que o quadro pode ser revertido pela perda de peso. O diabetes de nove a cada dez participantes (86%) que perdeu 15 quilos ou mais entrou em remissão.

Estudo encontra relação entre dieta sem glúten e diabetes tipo 2

“Essas descobertas são muito emocionantes. Elas poderiam revolucionar a forma como o diabetes tipo 2 é tratado”, declarou, em um comunicado à imprensa, o professor Roy Taylor, da Universidade de Newscastle, líder do grupo de pesquisa. Ele explica que a eficiência se dá por tratar a causa subjacente da doença. “Perda de peso substancial resulta em gordura reduzida dentro do fígado e pâncreas, permitindo que esses órgãos retornem à função normal.

Batizada de DiRECT (Diabetes Remission Clinical Trial), a análise clínica recrutou 298 pessoas ao todo, se baseou nos trabalhos prévios de Taylor e ainda está em andamento. “O que estamos vendo com a DiRECT é que a perda de peso não está apenas ligada a uma melhor gestão da diabetes tipo 2: a perda significativa de peso pode, na verdade, resultar em uma remissão duradoura”, afirma o pesquisador.

Remissão alcançada

No estudo, o quadro dos pacientes foi considerado em remissão quando os níveis de glicose no sangue (HbA1c) eram inferiores a 6,5% (48mmol/mol) em um ano, com pelo menos dois meses sem qualquer tipo de medicação para a diabetes tipo 2.

Do total de recrutados, metade recebeu de seu médico cuidados padrão e a outra metade passou a integrar um programa que tinha o controle de peso como foco de atenção primária. O programa incluiu uma dieta com baixo teor de calorias e nutrientes ao longo de três a cinco meses, reintrodução de alimentos e suporte médico a longo prazo para manter a perda de peso.

Tipo desconhecido de diabetes está sendo diagnosticado erroneamente

Enquanto mais da metade (57%) daqueles que perderam dez a 15 quilos entraram remissão, e um terço (34%) daqueles que perderam de cinco a dez quilos, apenas 4% do grupo controle chegou à remissão.

“Em vez de abordar a causa raiz, as diretrizes de gerenciamento para o diabetes tipo 2 se concentram na redução dos níveis de açúcar no sangue através de tratamentos medicamentosos. A dieta e o estilo de vida são abordados, mas a remissão do diabetes pelo corte de calorias raramente é discutida “, afirmou Taylor em entrevista ao jornal “The Guardian”.

“Uma grande diferença em relação a outros estudos é que aconselhamos um período de dieta de perda de peso sem aumento na atividade física, mas, durante o acompanhamento de longo prazo, o aumento da atividade diária é importante. A cirurgia bariátrica pode reduzir a remissão de diabetes em cerca de três quartos das pessoas, mas é mais cara e arriscada, e só está disponível para um pequeno número de pacientes”, explica.

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Problema mundial

Segundo o “The Guardian”, em todo o mundo, o número de pessoas com diabetes tipo 2 quadruplicou em 35 anos, passando de 108 milhões em 1980 para 422 milhões em 2014. A expectativa é de que esse número chegue a 642 milhões até 2040. A diabetes tipo 2 pode levar a sérias complicações, incluindo cegueira, amputações dos pés e doenças no coração e no fígado.

No Brasil, o diabetes atinge 8,9% da população adulta e cerca de 90% dos casos são do tipo 2. Os dados são do sistema Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, e são referentes ao ano de 2016. Entre os brasileiros, o diabetes causa 72,6% dos óbitos e, desde 2006, o índice de ocorrência da doença cresceu 61,8%. [The Guardian, Science Alert, Portal Saúde]

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