Tipo desconhecido de diabetes está sendo diagnosticado erroneamente

Por , em 30.10.2017
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A maioria das pessoas está familiarizada com diabetes tipo 1 e tipo 2. Recentemente, porém, um novo tipo foi identificado: a diabetes tipo 3c.

O tipo 1 é diagnosticado quando o sistema imunológico do corpo destrói as células produtoras de insulina do pâncreas. Ele geralmente começa na infância ou no início da idade adulta e quase sempre precisa de tratamento com insulina.

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Já o tipo 2 ocorre quando o pâncreas não consegue acompanhar a demanda de insulina do corpo. Muitas vezes, a doença é associada ao excesso de peso ou à obesidade e geralmente começa na meia idade ou na velhice, embora a idade de início esteja diminuindo.

O tipo 3c é causado por danos ocorridos através da inflamação do pâncreas (pancreatite), por tumores no pâncreas ou por uma cirurgia pancreática. Este tipo de dano ao pâncreas não só prejudica a capacidade do órgão de produzir insulina, mas também a produção das proteínas necessárias para digerir alimentos (enzimas digestivas) e outros hormônios.

No entanto, um estudo publicado recentemente aponta que a maioria dos casos de diabetes tipo 3c estão sendo diagnosticados erroneamente como diabetes tipo 2. “Apenas 3% das pessoas em nossa amostra – de mais de 2 milhões – foram identificadas corretamente como tendo diabetes tipo 3c”, conta Andrew McGovern, professor da Universidade de Surrey, na Inglaterra.

Pequenos estudos em centros especializados descobriram que a maioria das pessoas com o tipo 3c precisa de insulina e, ao contrário de outros tipos de diabetes, também pode se beneficiar com a ingestão de enzimas digestivas com os alimentos. Estas são tomadas como um comprimido com refeições e lanches.

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Mais comum do que o esperado

Segundo McGovern, os médicos e pesquisadores recentemente passaram a se preocupar com o fato de que o tipo 3c poderia ser muito mais comum do que o pensado anteriormente e que muitos casos não estariam sendo identificados corretamente.

“Por esse motivo, realizamos o primeiro estudo populacional de grande escala para tentar descobrir quão comum é a diabetes tipo 3c. Nós também analisamos o quão bem as pessoas com este tipo de diabetes controlam o açúcar no seu sangue. Para fazer isso, analisamos registros de saúde de mais de 2 milhões de pessoas na Inglaterra”, conta.

Os registros utilizados foram retirados do banco de dados de pesquisa e vigilância do Royal College of General Practitioners (RCGP RSC). Esta base de dados, usada principalmente para o acompanhamento da gripe, contém os registros de saúde anônimos de pessoas de todas as idades espalhadas por toda a Inglaterra.

“Buscamos casos que ocorrem após condições que causaram danos ao pâncreas, incluindo pancreatite, câncer de pâncreas e tumores e cirurgia pancreática. Estes casos provavelmente serão casos de tipo 3c. A proporção de pessoas com doenças do pâncreas que desenvolvem diabetes não é clara, mas isso não ocorre em todos os casos, e pode haver um longo atraso antes do início da diabetes”, aponta. “Descobrimos que o início do tipo 3c pode ocorrer muito depois do início da lesão no pâncreas. Em muitos casos, mais de uma década depois”, afirma.

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Esse longo atraso pode ser uma das razões pelas quais as duas coisas – a lesão e a doença – geralmente não são considerados como vinculados e o diagnóstico do tipo 3c está sendo negligenciado.

“Para nossa surpresa, descobrimos que, em adultos, a diabetes tipo 3c era mais comum do que o tipo 1. Descobrimos que 1% dos novos casos de em adultos eram diabetes tipo 1, em comparação com 1,6% para o tipo 3c”. Segundo McGovern, as pessoas com diabetes tipo 3c possuem duas vezes mais chances de ter um controle de açúcar no sangue falho do que aqueles com o tipo 2. “Eles também demonstraram cinco a dez vezes mais probabilidade de precisar de insulina, dependendo do tipo de doença do pâncreas”, conta.

Identificar corretamente o tipo de diabetes é importante, pois ajuda a selecionar o tratamento correto. Várias drogas usadas para o tipo 2, como a gliclazida, podem não ser tão eficazes para a diabetes tipo 3c. O diagnóstico incorreto, portanto, pode desperdiçar tempo e dinheiro em tratamentos ineficazes ao expor o paciente a altos níveis de açúcar no sangue.

“Nossos achados destacam a necessidade urgente de melhorar o reconhecimento e o diagnóstico desse tipo de diabetes surpreendentemente comum”, diz o especialista. [Science Alert]

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