Dispositivo de invisibilidade: mito ou realidade?
Desde que a franquia estadunidense de ficção científica Star Trek (Jornada nas Estrelas) lançou o tema da invisibilidade no ringue da ciência no início da década de 1960, pesquisadores do mundo todo perseguem essa ideia com afinco.
Estudos atuais mostram que ainda há uma longa jornada para fazer grandes objetos tornarem-se invisíveis, como na ficção, mas parece ser possível.
Entenda como
Para compreender como atingir o fenômeno da invisibilidade, faz-se necessário recordar alguns conceitos da física.
Imagine uma lâmpada que ilumina um determinado objeto, por exemplo. Esse objeto pode absorver, transmitir ou refletir a luz. E justamente graças a essa luz espalhada pelo objeto, é que podemos enxergá-lo.
O cérebro processa a informação e nos diz a forma e a cor do objeto. Por isso, para fazer um objeto ficar invisível a nossos olhos, precisamos que os raios luminosos se desviem ao chegar perto do objeto e se reconstruam de forma a se afastarem dele.
Para o feito, cientistas trabalham com a refração, fenômeno físico que explica por que temos uma falsa impressão da profundidade de qualquer objeto no fundo de uma piscina, por exemplo. Na década de 1960, o físico russo Victor Veselago provou que meios com índice de refração negativo teriam propriedades ópticas extraordinárias. Mas não existiam ainda tais materiais.
Apenas há alguns anos foram produzidos os primeiros materiais com tal característica. Esses “metamateriais” abriram uma possibilidade enorme: a de gerar caminhos luminosos até então impossíveis, como fazer a luz desviar de um objeto iluminado.
Alfinetes e clipes invisíveis
Diversos grupos ao redor do mundo conseguiram uma invisibilidade quase perfeita para objetos milimétricos.
Uma das pesquisas mais proeminentes tem sua casa na Universidade de Birminghan, na Inglaterra. Os pesquisadores conseguiram tornar alfinetes e clipes invisíveis ao olho humano, graças a um dispositivo capaz de ocultar objetos dentro do espectro de luz visível.
O feito é do cientista Zhang Shuang, que criou um aparelho com dois cristais de calcite, um mineral que possibilita a polarização da luz, sendo capaz de criar um manto de invisibilidade.
Ao incidir um raio de luz na calcite, ele se decompõe em dois feixes, em direções perpendiculares e com velocidades diferentes. Assim, os cientistas colocaram dois prismas deste mineral unidos em forma piramidal na parte superior e recorreram ao ouro para fortalecer a reflexão. O objeto que ficar entre os cristais fica invisível.
Mas o dispositivo ainda precisa ser aperfeiçoado, pois o aparelho que oculta os objetos deve ser invisível e o tamanho dos minerais deve diminuir – já que atualmente eles devem ser maiores que os objetos que pretendem esconder. [LiveScience, CiênciaHoje, CiênciaHojePortugal, StarTrek]