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Aplicativos para aprender idiomas funcionam?

Cerca de 70 milhões de pessoas estão inscritas no aplicativo de aprendizagem de línguas Duolingo.

Os criadores do app afirmam que ele pode ajudar qualquer um a aprender um novo idioma, pois é gratuito e tem vários recursos de ponta, como algoritmos adaptativos para se adequar a velocidade de aprendizado dos usuários e gratificação para aumentar a motivação.

Eles também afirmam que o aplicativo pode dar acesso à aprendizagem a comunidades mais pobres que, caso contrário, não conseguiriam estudar um novo idioma.

Como funciona

O Duolingo funciona da seguinte maneira: vocabulário novo é apresentado ao usuário e, em seguida, ele passa todos os dias alguns minutos fazendo exercícios de linguagem, tais como a tradução de frases.

Há um nível de adaptabilidade: as palavras que o usuário erra aparecem de novo e de novo, enquanto as palavras que ele acerta surgem com menos frequência – embora ainda apareçam.

Esta repetição é um elemento central do app – é o que os criadores acreditam que levará à aquisição de novo vocabulário. Conforme os usuários completam os exercícios com sucesso, podem mover-se através dos “níveis”, e desbloquear lições bônus.

Métodos de aprendizagem

Os experientes professores de línguas Mike Groves, Diana Hopkins e Tom Reid fizeram uma análise desse método para tentar descobrir quão eficaz ele realmente é.

Ao longo do tempo, várias metodologias de ensino de idiomas foram inventadas. A mais antiga referente a línguas modernas é chamada de “tradução gramática”. Ela é focada em traduzir frases e aprender as regras da gramática. Muitos aprenderam latim com esse tipo de abordagem mecânica. As pessoas acabam sabendo como conjugar um verbo, mas geralmente são totalmente incapazes de fazer-se entender.

Outro método conhecido criado após a Segunda Guerra Mundial é o “audio-lingualismo”, baseado em parte na ideia de que normas e padrões formam os sistemas primários de línguas. A repetição de frases torna-se a principal atividade de aprendizagem. Em sala de aula, até dá certo, mas, novamente, ajuda pouco quando a pessoa precisa de fato comunicar-se em uma língua estrangeira.

Através dos anos 60 e 70, uma série de novos métodos começaram a vir à tona, muitas vezes baseados em uma filosofia humanística holística. Eles variam de “métodos silenciosos” (onde o professor é proibido de falar) a abordagens psicológicas, onde alunos e professores são incentivados a ter uma relação paternal e ler longos diálogos com acompanhamento musical. No geral, Groves, Hopkins e Reid acreditam que esses sistemas são balela, e também não servem como apoio quando as pessoas precisam realmente usar seu conhecimento para se comunicar.

COMUNICAÇÃO, é difícil de entender?

Você já deve ter percebido aonde queremos chegar. Se você realmente quer poder conversar em outra língua, o melhor método para aprender um idioma é o conhecido como “abordagem comunicativa”.

Este rótulo refere-se a métodos que priorizam a função da linguagem como comunicação, não estrutura. A ideia é que, se você está falando com alguém, é melhor que sua pronúncia seja boa, e não que você acerte todos as regras gramaticais.

Afinal de contas, se você acertar a gramática, mas a sua pronúncia for tão ruim que a pessoa não consegue entender o que você está dizendo, não vai sair conversa nenhuma daí. Além disso, é igualmente ruim quando um aluno fica tão preocupado em acertar a gramática que hesita em tomar parte em uma conversa.

E como apps como o Duolingo se encaixam neste pano de fundo teórico?

Segundo os professores, o aplicativo tem uma abordagem áudio-lingual: não há comunicação acontecendo. Em vez de uma conversação básica, os usuários são apenas forçados a repetir frases descontextualizadas.

Mas há duas coisas que nenhum teórico negaria sobre a aprendizagem de uma língua: a importância de aprender muitas palavras (vocabulário extenso) e a necessidade de um esforço constante.

E é aí que um aplicativo como Duolingo tem seu mérito: ele te lembra todos os dias de praticar e reforça as palavras que você aprendeu, com o incentivo de recompensas virtuais. Uma vez que o tempo necessário para as aulas é pequeno, os usuários podem fazer isso sem sacrificar outras coisas nas suas vidas.

No geral, Groves, Hopkins e Reid creem que aplicativos como o Duolingo podem ser um complemento útil quando você está aprendendo uma língua – mas não um substituto. Ele pode ajudá-lo a aprender algumas palavras e construções básicas, mas não vai permitir que você tenha uma conversa complexa em um novo idioma. É melhor do que nada, mas há uma abundância de opções mais eficazes disponíveis. [Phys]

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