Especialistas dizem que as novas tecnologias dos carros não são seguras

Por , em 29.11.2010

Hoje em dia, os automóveis são tão cheios de aplicativos que “transporte” para ser a última de suas funções. De pontos de acesso a internet a encostos de cabeça para TVs de última geração, cada vez mais carros vêm carregados de alta tecnologia e acessórios.

Mas, segundo especialistas, mesmo quando os dispositivos são projetados para ajudar os motoristas a manter as duas mãos no volante, toda essa tecnologia pode causar “distrações cognitivas” e se tornarem, em última análise, perigosas.

A Ford está figurando entre as montadoras mais polêmicas com seu recente sistema de comunicações. Uma interface chamada “MyFord Touch”, totalmente controlada por voz, incluindo entretenimentos como AM / FM, rádio por satélite, HD, CD, MP3, e controle de clima, telefone e navegação.

O MyFord Touch também usa o poder de um smartphone para acessar e controlar outras aplicações. Os usuários têm a capacidade de ouvir música a partir de serviços online, ficar em contato com as últimas notícias e checar suas últimas mensagens no Twitter – tudo sem tirar as mãos do volante.

A Ford acredita, dessa forma, estar ajudando a manter as estradas seguras, já que a tecnologia acaba com o uso manual de telefones e outros aplicativos e permite que os motoristas mantenham seus olhos na estrada.

Inclusive, de acordo com um estudo recente conduzido pela Ford, o novo sistema reduziu significativamente o nível de distração dos motoristas que o utilizaram para discar um número ou escolher uma canção, em comparação com os que usaram dispositivos manuais.

Eles mediram o tempo que os motoristas passaram olhando para a estrada, o desvio de posição, a variação de velocidade e tempo de resposta dos motoristas para identificar as diferenças entre a atenção e o desempenho de condução durante o uso da nova tecnologia.

A Ford revelou que os motoristas “serpentearam” sobre as linhas da pista em mais de 30% dos testes usando telefones portáteis e rádios convencionais, em comparação com 0% ao executar as mesmas tarefas com o MyFord Touch.

Outro estudo, da Virginia Tech, acompanhou 109 motoristas por um ano, o que implicou em 43 mil horas e mais de 2 milhões de quilômetros de condução. O relatório mostrou que discar manualmente um dispositivo durante uma condução (tarefa que exige desviar a atenção da estrada) é quase 2,8 vezes mais arriscado do que apenas dirigir. Além disso, quase 80% de todos os acidentes e 65% de todos os quase-acidentes ocorrem pouco depois de um desvio de olhar da pista.

No entanto, segundo especialistas, dizer que a tecnologia da Ford é benéfica para os motoristas é exagero. A tecnologia pode ser isenta do uso de mãos, mas certamente não é isenta de riscos.

O argumento é que as distrações causadas pela nova tecnologia são mentais, especialmente quando se trata de checar sites de redes sociais. Por exemplo, entrar em sites de mídia social exige uma concentração significativamente maior do que fazer uma chamada telefônica.

Checar o Facebook ou enviar um tweet é um processo envolvido em uma conversa complexa que não deve absolutamente ser feito durante a condução.Uma distração de dois segundos é tempo suficiente para alguém se envolver em um acidente. Ou seja, na opinião de alguns estudiosos, os fabricantes de carro estão na verdade provendo uma distração, e não impedindo que alguém se acidente somente pelo fato de não ter que usar as mãos.

Um cientista cognitivo que pesquisa direção distraída concorda que esse tipo de tecnologia nos carros é perigosa. Segundo ele, algumas atividades como ouvir rádio são passivas, mas outras, como enviar mensagens de texto ou verificar o Facebook não são. A mente só consegue fazer uma coisa de cada vez enquanto a pessoa dirige.

Os especialistas em segurança se preocupam especialmente com a instalação de TVs no interior dos veículos, por vezes até nos bancos da frente. Isso só serve para mostrar a falta de seriedade dos motoristas. As distrações podem ser fatais, como o caso do motorista de caminhão que estava assistindo a um filme, bateu acidentalmente e matou uma mulher que estava estacionada no acostamento de uma estrada.

Alguns pesquisadores estão lutando para desativar o uso de certas tecnologias nos automóveis. Uma campanha mostra pessoas nos EUA que foram feridas ou perderam entes queridos em acidentes de direção distraída. Em 2009, cerca de 5.500 pessoas morreram e meio milhão de pessoas ficaram feridas em acidentes envolvendo um motorista distraído.

Os especialistas acreditam que é um grande desafio político-social impedir o uso dessas tecnologias já que dezenas de bilhões de reais estão em jogo. As empresas de eletrônicos, automóveis e outras têm muito a perder.

Mas eles continuam alertando que dirigir não é hora de se envolver em outras atividades. Segundo os especialistas, as pessoas sabem, no fundo, que não devem participar desses tipos de distrações, mas quando tentam algumas vezes, porque estão entediadas, e nada de ruim acontece, elas pensam que estão seguras. No entanto, é fundamental que as pessoas se concentrem apenas em dirigir; afinal, esse não é o momento certo para se divertir. [LiveScience]

12 comentários

  • negative:

    Na boa, vetar, controlar, regular limitar funcionamento de acordo com a velocidade/posição da lua/hora do dia.. são opções toscas para um problema BEM maior.. as pessoas são mau educadas, estando conscientes da cagada que fazem admitem faze-lo e continuam persistindo no erro. Pouco importa limitar tecnologias, o fulano pode ficar brincando de kubric cube dirigindo e ninguém poderá impedi-lo, a não ser ele mesmo (ou um acidente fatal).
    Cada um sabe suas limitações e sabe exatamente que é perigoso desviar os olhos da estrada mesmo que você esteja olhando se vai chover ou não pelo teto solar do carro, então isso na minha visão é um problema de aumentar a reflexão de posturas seguras e incentivar o máximo a precação.
    Se fossemos vetar toda tecnologia arriscada para nossas vidas começaríamos por não utilizar o fogo (absurdo!!!). Temos que aprender a conviver com a tecnologia a nossa volta e nos portar de modo que elas contribuam ativamente para nossa existência.

  • Rodrigo Paim:

    Eu acho que deveria ter um bloqueio automático de TV, games, e futilidades quando o carro estivesse em movimento, simples.

  • Thiago Herrera:

    Eu acho que os carros podem ter esse tipo de “acessório”, mas deveria haver uma trava para isso.
    Por exemplo: Tem carros que possuem um sistema de trava das portas ao alcançar 20km

    O sistema de navegação em Twitter, Orkut, etc… que tenha no computador de bordo do carro, deveria ficar bloqueado caso o automóvel alcançasse determinada velocidade, ou simplismente estivesse em movimento. Pois esse tipo de coisa acredito eu, tenha sido projetada para o motorista se distraír, quando ficar preso no trânsito ou tiver dentro do carro esperando algo ou alguém. E não utilizar durante o percurso com carro em movimento.
    Já que os carros hoje em dia possuem tanta tecnologia, é tão dificil assim, colocar uma trava no sistema, de acordo com a velocidade do veículo ?
    Cabe apenas as montadoras se preocuparem com isso. Enquanto ninguém for prejudicado, eles estão é se lixando para quem continua a comprar seus veículos.

  • Marcos:

    Olá a todos !
    O excesso de automação e eletrônica embarcada torna-se um risco se o software apresentar algum problema. O ideal é que haja uma opção para condução manual ou automática e que esta “deixe”, em caso de emergências”, que o motorista retome o controle do veículo.
    Abraços

  • josias:

    NA VERDADE A TECNOLOGIA É TÃO BELA, QUANTO FRÁGIL.

  • GUIGUI leigo:

    NEM RÁDIO ADMITO.

  • Danielle:

    È fundamental utilizarmos as tecnologias contemporâneas com responsabilidade e bom senso, afinal, o feitiço pode virar contra o feiticeiro!

  • JEW PIERRIS:

    Até um certo ponto a tecnologia é muito útil mas não acredito
    que devemos deixar nossa vida na mão destes mecanismos
    se o ser humano que as criou mesmo tendo a razão a seu favor
    consegue se prejudicar,imagina estes sistemas que estão suscetíveis a degradação da própria natureza e a erros de programação agora do o maior apoio aos combustíveis alternativos

  • Guilherme Euripedes:

    Sem contar que carros que elvonvem sistemas eletrônicos como estes são passíveis ( testes confirmados) de hackeamento externo…

    Imaginem você com seu carrão blindado sendo sequesttrado por um hacker a quilometros de distância, controlando as travas, a aceleração, o freio e a direção do seu carro?

  • willian:

    Nada melhor que um fuscão.

  • Emerson Costa:

    Infelizmente não adianta ter sistemas de última geração se não houver educação no trânsito.

    O que vemos por aí são motoristas despreparados causando colisões que poderiam ser evitadas se houvesse mais educação e responsabilidade.

    Mas responsabilidade não é só deixar de andar feito louco nas ruas. É também deixar de andar feito tartarugas atrapalhando o trânsito tão caótico que se estabelece nas grandes cidades.

    Muitos não estão nem aí para quem vem atrás e não dão passagem, sem se lembrar que quando eles mesmos estiverem atrasados irão querer passar por cima dos que antes pediam passagem.

  • David Quirino dos Santos:

    Se eu tivesse que fazer uma viagem longa através de uma área desabitada, certamente não iria querer faze-la com um automóvel que necessitasse, para um conserto básico, de um técnico com um computador especialmente programado para isto, mas, não dispensaria a possibilidade de que ele fosse híbrido: podendo ser movimentado por dois ou mais tipos de combustíveis diferentes, ex.: gasolina, álcool, ou gás. Fora isso, tem que ser um carro básico; que pegue até no tranco.

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