Esta é a estrela pulsar mais lenta já encontrada no universo
Um estudo da Universidade de Manchester (Reino Unido) e da Universidade de Amsterdã (Holanda) descobriu a mais lenta estrela pulsar já identificada.
A equipe internacional, liderada por Chia Min Tan, realizou as observações usando o Low-Frequency Array (LOFAR), uma rede de radiotelescópios cujo núcleo está localizado na Holanda.
Faróis cósmicos velozes
Os pulsares são estrelas de nêutrons que giram rapidamente e produzem radiação eletromagnética em feixes que emanam de seus polos magnéticos.
Esses “faróis cósmicos” nascem quando uma estrela massiva explode em uma supernova. Depois de tal explosão, resta apenas uma estrela de nêutrons superdensa e giratória, com um diâmetro de apenas 20 quilômetros.
Atualmente, o pulsar de rotação mais rápida conhecido pela ciência gira uma vez a cada 1,4 milissegundos, ou seja, 716 vezes por segundo.
Até agora, o mais lento pulsar conhecido possuía um período de rotação de 8,5 segundos. O novo pulsar, localizado na constelação de Cassiopeia, a cerca de 5.200 anos-luz da Terra, gira a uma taxa muito mais lenta: uma vez a cada 23,5 segundos.
Improvável
O que torna a descoberta ainda mais improvável é que a emissão de rádio dura apenas 200 milissegundos do período de rotação de 23,5 segundos.
“A emissão de rádio que vem de um pulsar age como um farol cósmico e você só pode ver o sinal se o feixe de rádio estiver voltado para você. Nesse caso, o feixe é tão estreito que poderíamos facilmente ter perdido o sinal”, disse Chia Min Tan.
Os pulsares de rotação lenta são os mais difíceis de detectar. Este gira mais de 15.000 vezes mais lentamente do que o mais rápido conhecido. “Esperamos que existam mais a serem encontrados com o LOFAR”, concluiu.
A pesquisa Tied-Array All-Sky do LOFAR procura por pulsares no céu com uma sensibilidade suficiente para descobrir esse objeto surpreendente. Os astrônomos não apenas “ouviram” os sinais regulares do pulsar, como também puderam “enxergá-lo”. “Este pulsar é brilhante o suficiente e gira devagar o suficiente para que possamos vê-lo piscando nas imagens”, afirmou o professor Ben Stappers, da Universidade de Manchester.
Próximos passos
O pulsar tem aproximadamente 14 milhões de anos, mas ainda possui um forte campo magnético.
“Esta descoberta foi completamente inesperada. Ainda estamos um pouco chocados que um pulsar pode girar tão devagar e ainda criar pulsos de rádio. Aparentemente pulsares de rádio podem ser mais lentos do que esperávamos. Isso desafia e informa nossas teorias sobre como os pulsares brilham”, explicou outro autor do estudo, Jason Hessels, da Universidade de Amsterdã.
O próximo passo é continuar a pesquisa LOFAR para encontrar novos pulsares, bem como observar a descoberta com o telescópio espacial XMM-Newton. “Este telescópio é projetado para detectar raios-X. Se o pulsar superlento é detectado como uma fonte de raios-X, então isso dará informações importantes sobre sua história e origem”, falou Min Tan.
Um artigo foi publicado na revista científica Astrophysical Journal. [Phys]