Esteira antigravitacional evita lesões em corredores
Nas semanas e dias que antecedem as Olimpíadas, muitos fãs do esporte prendem a respiração quando ouvem falar que tal ídolo está machucado e talvez fique fora da competição. Por essa razão, um batalhão de médicos e outros profissionais trabalha para minimizar os riscos de contusões dos esportistas. Uma das novidades recentes é extravagante: uma esteira que simula a falta de gravidade.
Uma solução como essa só poderia surgir no momento em que engenheiros se unissem a essa cruzada, e foi o que aconteceu. Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh (Pensilvânia, EUA) observaram que uma das principais causas de lesões nos atletas é a velha lei enunciada por Newton: o contínuo impacto entre o peso do corpo do atleta e o chão é um dos principais fatores que mandam potenciais medalhistas olímpicos para o departamento médico. A motivação da novidade, portanto, foi construir um ambiente no qual o atleta estivesse livre deste desgaste.
Fratura de estresse
É variável, mas nunca nulo, o impacto que o exercício físico tem em ossos, músculos e articulações. Em um esporte como o atletismo, por exemplo, o atleta percorre distâncias que vão de brevíssimos 100 metros rasos até a interminável maratona de 42.195 metros, ou 50 quilômetros de marcha atlética.
Centenas, milhares de passos no chão. O constante e agressivo contato entre pés e solo, ao longo dos anos, cobra seu preço. A fratura de estresse é exatamente o que o nome sugere: de tanto impacto, algum osso dos membros inferiores acaba sofrendo uma ruptura repentinamente.
Geralmente, o atleta que está sob risco de sofrer uma fratura de estresse tem alguns sinais precedentes. Um exemplo é a periostite tibial, chamada popularmente de “canelite”. Pesadelo que sobressalta velocistas e maratonistas, ela proporciona uma dorzinha que parece aumentar a cada treino.
Este problema seria aparentemente sem solução, porque não há como fugir dele ou contorná-lo: se o corredor quiser vencer, precisa treinar, e a cada treino fica mais próximo da fratura de estresse. Algumas inovações recentes, tais como tênis amortecedores que ajudam a diminuir o impacto, ou pistas de atletismo mais macias e absorventes, ajudam a amenizar essa tendência, mas os engenheiros americanos acham que podem ir além.
Uma mãozinha da física
O equipamento elaborado pelos engenheiros de Pittsburgh abordou a questão por um ângulo diferente das pistas modernas e dos calçados com amortecedores. Enquanto estes aparatos buscam apenas minimizar o impacto depois que as pernas já “empurraram” o solo, a nova esteira faz com que os pés alcancem o chão com menos força.
Para usar a esteira, o atleta deve vestir uma espécie de cinto que será acoplado a uma estrutura inflável, já ligada ao equipamento. Vista de fora, a máquina parece uma esteira quase comum: do quadril para cima, nenhuma diferença. Abaixo da cintura, no entanto, o atleta fica inserido em uma cápsula de ar pressurizado, parecida com um balão.
A esteira não reduz de fato a gravidade, mas simula esta redução. Embora mantenha o contato dos pés com o chão, o atleta fica levemente suspenso. Com isso, a sensação de quem usa a esteira é de estar mais leve, correndo sobre uma superfície mais lisa. É preciso fazer o movimento na mesma velocidade e empregar o mesmo esforço para correr, o que garante a eficácia do treino, com a única e desejável vantagem de não sobrecarregar os ossos e articulações.
Uma das fundistas (corredoras de longa distância) que usou e aprovou a novidade foi a americana Jennifer Simpson, vencedora da prova dos 1.500 metros no último Campeonato Mundial de Atletismo, em Daegu (Coreia do Sul), no ano passado. Jennifer quase ficou fora das Olimpíadas de Londres devido à sua luta contra as lesões, mas conseguiu evitar uma fratura de estresse e estará na pista para disputar o ouro. Com a benção da tecnologia. [Live Science/NBC/Jornal dia a dia]