Estes são os primeiros filhotes de cães gêmeos idênticos registrados no mundo
Uma cadela da raça lébrel irlandês acaba de dar à luz aos primeiros filhotes gêmeos idênticos de que temos registro.
A descoberta foi feita pelo veterinário Kurt de Cramer, que realizou o parto no Rant en Dal Animal Hospital, da África do Sul.
Raros
Os filhotes são um exemplo raro de gêmeos monozigóticos, ou idênticos, em mamíferos.
Antes, o nascimento de gêmeos só foi relatado em cavalos e porcos, mas parece ser extremamente raro na maioria das espécies, exceto seres humanos e tatus.
A suspeita
Quando Cramer retirou os filhotes da mesma placenta da cadela através de uma cesariana, ele desconfiou de cara que tinha os primeiros cães monozigóticos conhecidos pela ciência em suas mãos.
“Quando percebi que os filhotes eram do mesmo sexo e tinham marcas muito semelhantes, eu imediatamente suspeitei que poderiam ser gêmeos idênticos originados da divisão de um embrião”, disse ao portal BBC News.
Mas havia um problema – os filhotes não eram totalmente idênticos. Eles tinham marcas um pouco diferentes em suas patas, ponta da cauda e peito. Como cães filhotes de uma mesma mãe muitas vezes são bastante semelhantes, ele precisava de mais provas.
Quando os animais tinham duas semanas de idade, Cramer colheu amostras de sangue e as enviou para os especialistas reprodutivos Carolynne Joone, da Universidade James Cook (Austrália), e Johan Nöthling, da Universidade de Pretória (África do Sul), e eles confirmaram as suspeitas do veterinário: os perfis de DNA dos cães eram idênticos em todos os 40 marcadores genéticos.
Confirmação
Este é o primeiro relato de gêmeos monozigóticos em cães confirmado usando perfis de DNA.
Tal como acontece com seres humanos, os animais podem ser gêmeos idênticos sem ser totalmente idênticos, porque os genes que codificam certas diferenças físicas podem ser expressos de maneiras diferentes.
Se você conhece gêmeos idênticos, pode notar algumas variações sutis entre os dois, como pequenas diferenças de altura ou uma pinta em um que não existe no outro. A mesma coisa vale para cães gêmeos.
Por que só é comum em humanos?
Se os seres humanos têm um 1 em 330 chances de dar luz a gêmeos idênticos, porque o fenômeno é tão incrivelmente raro na maioria dos outros animais?
Não sabemos dizer ao certo, mas uma hipótese é de que gêmeos monozigóticos não sejam incomuns no momento da concepção, só nunca completem seu desenvolvimento.
Gêmeos colocam uma pressão incrível sobre a mãe. Afinal, eles precisam se encaixar na mesma placenta, compartilhar nutrientes durante toda a gravidez, e os desafios podem ser muitos para que de fato o nascimento seja bem-sucedido.
Fetos de gêmeos idênticos têm sido relatados em cavalos, mas nenhum sobreviveu. A placenta de uma égua não é eficiente o suficiente para transportar oxigênio para dois fetos.
Outra explicação é que talvez eles não sejam tão raros como pensamos. Só porque esses cães foram os primeiros já conhecidos pela ciência não significa que não tenha havido outros que passaram despercebidos. É só pensar em quantos filhotes nascem nas ruas, ou longe das vistas de seus proprietários, para considerar essa teoria.
Mas dado o fato de que nenhum veterinário já havia registrado um – Cramer mesmo faz em média cerca de 900 cesarianas por ano -, é seguro dizer que, mesmo se deixamos passar alguns, eles ainda devem ser bem raros. [ScienceAlert]