A gravidade é uma coisa que estamos tão acostumados que sequer pensamos nela. Afinal de contas, quando foi que ficamos sem ela? Ou que ela mudou para nós?
As primeiras especulações sobre a gravidade vieram dos gregos, que falavam de um centro para onde convergiam todos os pesos, mas foi Isaac Newton quem deduziu corretamente seu comportamento, apontando que ela varia proporcionalmente com as massas e inversamente com o quadrado das distâncias.
Mas mesmo o grande Isaac Newton não poderia imaginar o quão estranha a gravidade realmente era. Veja aqui seis de suas esquisitices:
6. Está tudo na sua cabeça
A gravidade pode ser consistente aqui na Terra, mas nossa percepção dela não é. Um estudo que foi publicado em 2011 no periódico PLoS ONE descobriu que, de pé, as pessoas conseguem prever mais corretamente como um objeto vai cair do que quando elas estão deitadas de lado.
É estranho pensar nisso, mas significa que a nossa percepção da gravidade está mais presa à orientação do nosso corpo do que a pistas visuais sobre a real direção da gravidade. Usando esta descoberta, os pesquisadores esperam criar novas estratégias para os astronautas lidarem com a microgravidade no espaço.
5. É duro voltar à Terra
Falando em astronautas, a experiência de passar de um ambiente de microgravidade (em órbita da Estação Espacial Internacional, por exemplo) para um ambiente de gravidade normal, na superfície da Terra, pode ser problemático.
A NASA tem acompanhado a saúde de todos os seus astronautas e, de acordo com seus estudos, eles perdem 1% da massa óssea por mês no espaço. Quando retornam à Terra, tanto o corpo quanto a mente precisam se recuperar, e isto leva tempo. A pressão sanguínea, que é igual no corpo todo quando estamos no espaço, tem que voltar ao padrão normal, em que o coração precisa trabalhar mais para manter o fluxo de sangue ao cérebro, e esta adaptação nem sempre acontece sem problemas.
Em 2006, a astronauta Heidemarie Stefanyshyn-Piper retornou de uma missão na Estação Espacial Internacional usando o Ônibus Espacial. No dia seguinte, ela desmaiou em uma cerimônia de boas-vidas.
A readaptação mental também pode ter seus momentos estranhos. Em 1973, o astronauta Jack Lousma, do Skylab 2, contou à revista Time Magazine que acidentalmente quebrou um vidro de loção pós-barba em seus primeiros dias de uma missão de um mês no espaço. Ele soltou o vidro no ar, esquecendo que ele não ficaria flutuando.
4. Quer perder peso? Vá à Plutão
Plutão pode não ser mais considerado um planeta, mas ainda é um bom lugar para ficar mais leve. Uma pessoa de 68 kg não pesa mais do que 4,5 kg no planeta-anão.
Por outro lado, o planeta com a gravidade mais esmagadora é Júpiter, onde a mesma pessoa irá pesar 160,5 kg. O planeta que tem as maiores chances de ser visitado por humanos, Marte, também deixa os exploradores mais leves, já que a atração gravitacional marciana é só 38% da terrestre, o que vai deixar nosso astronauta de 68 kg pesando apenas 26 kg.
3. A gravidade é irregular
Por incrível que pareça, existem lugares onde a gravidade é um pouco mais forte, e outros em que ela é um pouco mais fraca. O globo não é uma esfera perfeita, e a massa é distribuída de forma não uniforme. Logo, a gravidade também não é igual em todos os cantos. Uma das anomalias gravitacionais misteriosas está na Baía de Hudson, no Canadá.
Esta região tem uma gravidade um pouco menor que outras, e o motivo parece ser o derretimento de uma geleira, segundo concluiu um estudo de 2007. O gelo que cobria esta área durante a última Era do Gelo se foi, mas a Terra ainda não se recuperou daquele “peso que foi retirado de suas costas”.
O que ocorre é que a massa de gelo movimentou a massa da Terra naquela região, mas depois que a massa de gelo saiu dali, a deformação permaneceu. O resultado é que a gravidade ali é levemente menor. Isto explica entre 25% e 45% da perturbação gravitacional naquela região. O resto pode ser explicado por um arrasto para baixo causado pela movimentação do magma no manto da Terra, a camada que sustenta a crosta.
2. Sem gravidade, alguns germes ficam mais fortes
Esta é uma notícia ruim para quem pretende se mudar para o espaço: algumas bactérias patogênicas ficam piores por lá. Um estudo publicado em 2007 na revista PNAS apontou que a salmonela, que costuma causar intoxicação alimentar, fica três vezes mais virulenta em microgravidade. Alguma coisa no ambiente mudou a atividade de pelo menos 167 genes da bactéria e 73 de suas proteínas. Sabemos por que os ratinhos que foram alimentados com estas salmonelas ficaram doentes mais rápidos mesmo consumindo menos bactéria.
Em outras palavras, o filme “O Enigma de Andrômeda” (“The Andromeda Strain“, na versão original) estava errado em sua premissa: o perigo de infecção no espaço pode não vir de vírus alienígenas, e sim muito provavelmente de vírus terrestres que ficam mais fortes.
1. Buracos negros no centro das galáxias
Eles têm este nome porque nada escapa de suas garras gravitacionais, nem mesmo a luz. Os buracos negros são os objetos mais destrutivos no universo. No centro da nossa galáxia há um destes gigantes, com massa de 3 milhões de sóis. Assustador, mas, segundo alguns cientistas, como Tatsuya Inui, da Universidade de Tóquio (Japão), ele pode estar simplesmente “descansando”.
Apesar de seu tamanho imenso, este buraco negro não representa perigo para nós, terráqueos, já que está muito longe e “supercalmo”. Um estudo do Dr. Inui publicado em 2007 aponta que 300 anos atrás esse buraco negro teve alguma atividade, enquanto outro estudo mostra que alguns milhares de anos atrás uma massa do tamanho de Mercúrio causou outra atividade.
O nosso buraco negro, de nome Sagittarius A*, é fraquinho comparado com outros. Frederick Baganoff, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA), aponta que “esta fraqueza implica que gás e estrelas raramente chegam perto o suficiente para estar em perigo, mas que o apetite está lá, só não está sendo satisfeito”. [LiveScience]