Acredita-se que exista seis vezes mais matéria escura do que matéria “convencional” no universo e, mesmo com essa suposta abundância, sua existência é um mistério para nós.
De acordo com o físico do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA), Samuel Ting, porém, em breve teremos informações importantes sobre tal fenômeno.
Essas informações virão do coletor de partículas Alpha Magnetic Spectrometer (AMS), instalado no exterior da Estação Espacial Internacional, e usado por cientistas na busca pela matéria escura.
Daqui a duas semanas, um artigo contendo resultados de investigações iniciadas em maio de 2011 (quando o coletor foi montado) deve ser enviado a um periódico científico para avaliação.
“Não será um artigo ‘pequeno'”, conta Ting. O texto, segundo o pesquisador, foi re-escrito 30 vezes até que os autores estivessem satisfeitos. Ainda assim, diante do complexo fenômeno, os resultados representam um “pequeno passo” (embora importante) na direção da melhor compreensão desta matéria.
Na trilha da matéria escura
De acordo com certas teorias da física, a matéria escura é formada por WIMPs (sigla em inglês para “partículas massivas de fraca interação”), partículas que, quando colidem, teoricamente se aniquilam e geram outras duas, um elétron e um pósitron (que é o equivalente de antimatéria do elétron).
O AMS é capaz de detectar pósitrons e elétrons. Se o aparelho encontrar uma quantidade abundante de pósitrons, pode dar uma pista sobre a existência da matéria escura, já que a colisão de duas WIMPs seria um dos poucos processos capazes de gerar esse tipo de partícula.
Outra evidência a ser considerada é a direção de onde vêm os pósitrons: se vierem de uma direção específica, é mais provável que tenham se originado de um processo astrofísico como a explosão de uma estrela; se, porém, vierem de várias direções, há grandes chances de terem surgido a partir da colisão de WIMPs.
Além do AMS, o LHC (Grande Colisor de Hádrons, em português) e outros detectores de matéria escura espalhados pela Terra também podem ajudar na nossa compreensão sobre o estranho fenômeno.[LiveScience]