Estas garotas construíram o primeiro satélite privado da África
Em maio do ano que vem, a África lançará seu primeiro satélite privado ao espaço, para monitorar as condições climáticas do continente.
Ao contrário da maioria dos satélites privados que existem, no entanto, este foi construído principalmente por 14 garotas adolescentes sul-africanas, como parte de um programa de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (conhecido pela sigla STEM).
A carga útil do satélite enviará dados detalhados de imagens térmicas duas vezes por dia, para ajudar na prevenção de desastres e melhorar a segurança alimentar na região.
O objetivo
O satélite foi comprado pela Organização de Desenvolvimento Meta-Econômico (MEDO) da África do Sul, e as alunas estão sendo habilitadas para programar sua carga útil por engenheiros da Universidade de Tecnologia da Península do Cabo.
Em seu treinamento inicial, as meninas programaram e lançaram pequenos satélites CricketSat usando balões meteorológicos de alta altitude.
Quando pronto, o satélite será capaz de coletar dados de imagens térmicas e mostrar onde secas e inundações são esperadas.
“Podemos tentar determinar e prever os problemas que a África enfrentará no futuro”, disse Brittany Bull, uma estudante da Pelican Park High School, na África do Sul, que trabalhou no projeto, à CNN. “Onde a nossa comida está crescendo, onde podemos plantar mais árvores e vegetação e também como podemos monitorar áreas remotas… Temos muitos incêndios florestais e inundações, mas nem sempre chegamos a tempo”.
Importância
Esse trabalho é muito importante, porque uma seca causada pelo El Niño em abril deste ano levou a África do Sul a produzir 9,3 milhões de toneladas a menos de milho do que o normal. Como resultado, o país terá que importar mais milho para compensar o déficit.
“Na África do Sul, experimentamos algumas das piores inundações e secas e isso afetou muito os agricultores”, completou Sesam Mngqengqiswa, da Philippi High School, à CNN. “Esperamos receber um bom sinal, o que nos permitirá receber dados confiáveis. É um novo campo para nós [na África], mas acho que com isso poderíamos fazer mudanças positivas em nossa economia”.
Se tudo correr de acordo com o planejado, o satélite será lançado em órbita em maio do ano que vem por uma empresa privada africana.
Inspiração
O grupo MEDO quer expandir o programa STEM para envolver meninas da Namíbia, Malawi, Quênia e Ruanda como uma forma de inspirar jovens mulheres africanas a trabalhar em campos de ciência e tecnologia.
Muitas das adolescentes do programa atual têm planos maiores, como chegar no próprio espaço, algo que nenhum negro africano já fez antes.
“Descobrir o espaço e ver a atmosfera da Terra não é algo que muitos africanos negros puderam fazer, ou têm a oportunidade de fazer”, afirmou Mngqengqiswa à CNN. “Eu quero ser capaz de experimentar essas coisas”.
“Quero mostrar a outras garotas que não precisamos nos limitar”, acrescentou Bull. “Qualquer carreira é possível – até mesmo a aeroespacial”.
O vídeo abaixo mostra as meninas trabalhando na carga do satélite: [ScienceAlert]