Gravidade artificial não é mais ficção científica

Por , em 6.07.2019

Se você assistiu a 2001: Uma Odisseia no Espaço, você deve se lembrar daquela cena em que os astronautas correm em uma roda de hamster gigante para se exercitarem e receberem a dose diária de gravidade. Esta roda funciona como uma centrífuga, que simula a força da gravidade.

Sem gravidade, os ossos perdem a força, os músculos ficam atrofiados e o coração perde o condicionamento. Quando os astronautas retornam de longas missões na Estação Espacial Internacional, eles são instruídos a nem se mexerem logo depois do pouso; eles são carregados e depois passam por várias semanas de recondicionamento à gravidade.

Isso significa que mesmo que tivéssemos naves preparadas para viajar por anos e anos pelo espaço, os astronautas não suportariam ficar todo esse tempo sem gravidade. Câmaras de gravidade são cruciais para longas viagens espaciais. Mas até agora não conseguimos criar nenhuma câmera que não cause tontura e enjoo em seus usuários.

O problema das rodas que geram forças sobre corpos é que toda essa movimentação gera visão cruzada acoplada, um incômodo no ouvido interno que faz com que você sinta que está virando cambalhotas, e isso causa enjoo.

7 fatos absurdos sobre a gravidade

Aclimatação lenta

Para tentar resolver este problema, o engenheiro aeroespacial Torin Clark liderou um experimento bastante divertido: ele e sua equipe colocaram vários voluntários para girar e girar em uma dessas máquinas centrífugas. O diferencial entre este estudo e todos os outros anteriores é que eles começaram com as rotações bem lentamente, e avançaram em ritmos diferentes, dependendo da adaptação de cada pessoa. O avanço era personalizado.  

Cada participante começou com apenas uma rotação por minuto, e só tinha a velocidade aumentada quando parasse de sentir enjoo. A aceleração gradual não aconteceu rapidamente: eles foram aclimatizados em 10 sessões diferentes.

Este avanço personalizado trouxe resultados positivos para todos os participantes. Ao fim da décima sessão, todos eles giravam confortavelmente sem sentir nenhum enjoo com média de 17 rotações por minuto. Este número é muito maior do que o atingido em qualquer experimento anterior.

Os resultados foram publicados no mês de junho na revista Journal of Vestibular Research. A pesquisa foi feita na Universidade do Colorado em Boulder (EUA).

Isso comprova que a gravidade artificial pode ser uma opção otimista para o futuro da viagem espacial. “Até onde sabemos, essencialmente qualquer pessoa pode se adaptar a este estímulo”, diz o pesquisador.

50 sessões

Em um estudo semelhante, os pesquisadores aumentaram o número de sessões de treinamento para 50, e concluíram que as pessoas se adaptam a ainda mais rotações por minuto.

Agora eles querem saber por quanto tempo os benefícios do treinamento duram depois da interrupção das sessões e quanta gravidade um astronauta precisa para combater a perda óssea e muscular. [Phys.org]

Veja abaixo como o treinamento funciona:

Deixe seu comentário!