Grávidas podem ingerir bebida alcoólica ocasionalmente: mito ou realidade?

Por , em 23.04.2013

O Ministério da Saúde aconselha que mulheres grávidas não tomem nada alcoólico. Essa também é a diretriz de saúde em muitos países.

Todos conhecem a história: bebida alcoólica faz mal para a saúde, especialmente quando se está grávida. Pesquisadores já concluíram definitivamente que o consumo regular de álcool afeta o bebê dentro do útero, pois quando uma gestante bebe, o álcool atinge rapidamente o feto através da corrente sanguínea e da placenta.

[box]RISCOS

Mulheres que consomem mais de dois copos de bebidas alcoólicas por dia durante a gestação têm mais chances de dar à luz a bebês com problemas de fala e linguagem, de concentração e de hiperatividade. Já mulheres que tomam mais de seis doses de álcool por dia correm o risco de ter filhos com síndrome alcoólica fetal. Crianças nascidas com essa síndrome sofrem de retardo mental e de crescimento, e de distúrbios de comportamento, bem como apresentam malformações cardíacas e na face.[/box]

Alguns médicos, no entanto, adotam uma postura mais flexível, permitindo que suas pacientes tomem, em ocasiões especiais, uma taça de vinho ou um copo de cerveja.

Nos EUA, de acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças, 7,6% das mulheres grávidas bebem ocasionalmente durante a gestação. O número aumenta para 10% entre as mulheres com formação superior, e também sobe com a idade, atingindo 14% entre as mulheres grávidas com 35 a 44 anos.

Enquanto beber moderada ou pesadamente durante a gravidez é comprovadamente perigoso, alguns estudos sugerem que beber ocasionalmente não carrega o mesmo risco.

Um estudo recente realizado na Grã-Bretanha, onde as diretrizes desencorajam o consumo de bebida alcoólica na gravidez, concluiu que alguma flexibilidade é possível: um copo a cada semana após o primeiro trimestre não resultou em maior risco de saúde para os bebês.

Cientistas da Universidade College London analisaram os hábitos de um grande grupo de mulheres grávidas e acompanharam seus descendentes, 10.534 crianças, até a idade escolar.

A maioria das mulheres absteve-se de álcool durante a gravidez. Mas uma em cada cinco era bebedora “leve” que tomava um copo pequeno de álcool por semana. Testes mostraram que as crianças dessas mães, aos 5 anos de idade, não tinham quaisquer atrasos no seu desenvolvimento emocional, comportamental ou cognitivo.

[box] CONSUMO MODERADO

O consumo considerado moderado de bebidas alcoólicas está na faixa das duas unidades de bebida (um total de 20 g de álcool) por semana. Como cada bebida alcoólica tem uma quantidade diferente de álcool, uma unidade é equivalente a cerca de 280 ml de cerveja ou 35 ml de destilado.[/box]

Foram descobertas poucas diferenças entre as crianças de mães que não beberam e de mães que beberam moderadamente. “Sabemos que beber muito durante a gravidez tem um efeito muito prejudicial, mas é improvável que beber pequenas quantidades terá um impacto (na gravidez)”, afirmou Yvonne Kelly, uma das autoras do estudo.

As autoridades de saúde britânicas disseram que as descobertas apoiam a sua posição de que “não há evidência de dano” em se tomar um pequeno copo de vinho de vez em quando, após o primeiro trimestre de gravidez. Mas é necessário mais estudo sobre as consequências dessa conduta a longo prazo e, até então, aconselha-se a abstinência.

“Seguimos estas crianças durante os primeiros sete anos das vidas delas, mas mais pesquisas são necessárias para detectar se algum efeito adverso dos baixos níveis de consumo de álcool na gravidez pode aparecer mais tarde”, afirmou Kelly.

Os pesquisadores alertam ainda que ninguém está sugerindo que consumir bebidas alcoólicas durante a gravidez é benéfico.

“Muitas mulheres ficam divididas, elas sabem que suas mães beberam um pouco quando estavam grávidas delas, elas veem amigos e parentes bebendo, elas podem pensar que uma bebida ocasional é OK, mas elas também sabem que a coisa mais segura a fazer é não beber, pois as provas (de que não faz mal) são limitadas e elas querem fazer o melhor para seus bebês”, afirma Linda Gueddes, autora do livro Bumpology (‘Barrigologia’, em tradução livre).[NYTimes, BBC, BabyCenter]

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