Quase Natal! Mas o que você fez o resto do ano? [Coluna]
Heh! Natal!
Finalmente aquela época alegre que você pode dedicar às pessoas que você ama e que lhe são importantes. As luzes, As Cores, As emoções.
Heh! Natal!
É aquela época em que você pode pegar sua décima-terceira-parte-de-suor e comprar um chinelo novo, quem sabe até um agrado para a cara metade.
Heh! Natal!
Uma época de reflexão, de superação, por que as monções mataram Mais de Cem aqui no Brazilzão, e você fez o que pôde, nem que fosse o encaminhamento de uma oração ou um pensamento positivo a favor dos que sofrem.
Peraê. O que você fez o resto do ano? Cumpriu, atingiu, conquistou metas? Adquiriu mais bens? Heh. Não se preocupe. O Mundo também não. Aliás, o mundo anda meio ruim. Tenho certa dó dos Marcianos que um dia podem herdar a terra: “Aqui Jaz a Raça Humana: A única capaz de consumir todos os recursos de um planeta no caminho de destruir outros indivíduos da mesma espécie. Caro Marciano, se vossa senhoria gostar de desertos radiativos, tenho um terreninho para vender.”
Mas é natal. Época de Luz! De alegria! De Enlevo. De gastar energia e comida chique. De se afundar em dívidas que vão fazer sua qualidade de vida despencar pelos próximos meses. De Engordar e fazer promessas de emagrecer.
Heh. Natal. Alguém nasceu pobre, para trazer esperança a uma parte da civilização ocidental. Em algum lugar do mundo, um templo foi reconstruído pela segunda vez.
Natal! Época de ficar Feliz! Época de relevar. Por que cada dia não pode ser um dia de esperança? De Renovação? De Melhoria? Por que a humanidade não pode ser pelo menos mesquinha em longo prazo?
Afinal, o que fazemos pau-la-ti-na-men-te com este planetinha é a recorrência da fábula da galinha dos ovos de ouro. Com a diferença de que a galinha, os ovos e o granjeiro são todos farinha do mesmo saco.
Felizmente, os dias estão contados: Em no máximo um lustro de bilhões de anos, o Astro Rei vai passar a queimar hélio, e, em uma pujança fulgurante, colapsar sobre si mesmo. Queria estar lá para ouvir alguém dizer que “Não viu a luz”.
Pelo menos no próximo ano eu vou, novamente, tentar fazer um ano bom, para mim e para todos os que estão à minha volta, um dia de cada vez.
Quem sabe, no ano que vem, um Feliz Natal.
Anderson “Rava” Ravanello é um motoqueiro malvado, iconoclasta e descontente que trabalha e estuda nas horas vagas.
[Imagem: Big Picture]
3 comentários
[…] são reajustados para se adaptarem às novas regras. E que hora melhor de atrair o consumidor que o Natal? “Todo mundo adora um bom […]
Ilustríssimo ser Ravínico:
Diria até que o maior culpado por toda a baboseira supracitada ainda seja o ano novo, época em que a velha máxima “daqui pra frente tudo vai ser diferente” é levada ao extremo.
O Natal, estrategicamente alocado nesta época do ano pelo departamento de marketing da Santa Igreja, é apenas um feriado que veio pra emendar a coisa toda e dar um ar místico à ocasião. No mínimo, conveniente.
Esquizofrenias coletivas à parte, uma coisa é bacana: Dois porretes garantidos, que servem muito bem pra treinar o fígado (este lutador!) para a grande festa da carne, já na seqüência.
Depois disso é só procrastinar aquele restinho do ano, coisa pouca.
Saudações entusiásticas de véspera de feriado (e de ressaca, portanto),
Marcos ”Natalino” Brehm
Isso é puramente epistêmico…
Concordo em atacar quando se é um iconoclasta (não poderia agir de outra forma, certo?), porém não acho que a conclusão esteja alinhada
a idéia principal…
Vc abre o precedente de “aquele que crê” quando termina dizendo que pode ter um Natal melhor se tentar fazer um bom ano…
Aí vc simplesmente se contradiz.
Onde???
Simples… vc coloca a idéia de que o Natal é tão imperfeito quanto qualquer um de nós…
Na sua leitura, concluo que: vc acredita que exista um natal, tão imperfeito quanto os homens que o celebram…
Afinal, acreditas ou não nessa mentira?
rs…