Histórico: Paciente tem sucesso em transplante duplo de coração e fígado
Em uma conquista médica inovadora, uma paciente chamada Adriana Rodriguez, do estado de Washington, passou por um procedimento único em que tanto seu coração quanto seu fígado foram substituídos por órgãos de um doador falecido. Essa abordagem incomum foi necessária devido a complicações graves que afetavam ambos os órgãos.
Embora Adriana atendesse a todos os critérios para um transplante de coração, seu sistema imunológico representava um desafio significativo. Seus anticorpos, responsáveis por defender contra tecidos estranhos, estavam extremamente elevados, tornando praticamente impossível encontrar um doador de coração adequado. Para evitar a rejeição, médicos da Escola de Medicina da Universidade de Washington decidiram realizar um transplante de coração após o fígado (HALT, na sigla em inglês) em Adriana.
Curiosamente, o fígado de Adriana estava plenamente funcional e não precisava ser substituído. Assim, seu fígado original foi doado a outro paciente em um procedimento conhecido como transplante HALT domino (HALT-D). Essa decisão foi baseada nos resultados positivos a longo prazo relatados por uma equipe liderada pelo cirurgião cardiovascular Richard Daly, que investigou a eficácia do HALT em pacientes com doenças cardíacas e hepáticas.
A razão pela qual um fígado transplantado pode reduzir o risco de rejeição do coração ainda não é totalmente compreendida. Os fígados possuem uma notável capacidade de resistir aos ataques de anticorpos em comparação com outros órgãos transplantados. Especula-se que a grande área de superfície do fígado divida o sistema de defesa do corpo, permitindo uma melhor integração de outros órgãos transplantados.
O Dr. Shin Lin, cardiologista responsável pelo caso de Adriana, acreditava que o HALT-D era sua melhor chance de sobrevivência. Apesar da complexidade do procedimento, sua convicção e experiência convenceram a equipe médica de que valia a pena tentar.
A necessidade de um novo coração surgiu em Adriana logo após o parto de seu terceiro filho. Complicações relacionadas aos hormônios da gravidez resultaram em um rompimento de uma das artérias do coração, levando a uma insuficiência cardíaca grave. Múltiplas tentativas de retirá-la do suporte de vida falharam, levando à necessidade de um transplante.
Após aguardar por um doador adequado, Adriana recebeu a notícia, em 14 de janeiro de 2023, de que tanto um coração compatível quanto um fígado estavam disponíveis para transplante. Após a operação, levou aproximadamente dois meses para que seu sistema imunológico se estabilizasse, e o fígado pareceu desempenhar um papel significativo na modulação de sua resposta imunológica.
As implicações futuras desse procedimento ainda são incertas. Devido à escassez de órgãos compatíveis, pesquisadores estão explorando métodos alternativos para aumentar a disponibilidade de tecidos transplantáveis com menor risco de rejeição. Enquanto isso, o HALT-D pode ser considerado em casos em que as chances de encontrar um receptor adequado são baixas.
Seis meses após a operação, Adriana expressa profunda gratidão pelos cuidados excepcionais que recebeu de sua equipe médica. Ela reconhece a dedicação dos médicos, cirurgiões e enfermeiros que trabalharam incansavelmente para salvar sua vida, bem como da equipe de apoio envolvida em seu caso, que agora proporciona uma esperança ainda maior para outras pessoas em sua mesma condição de saúde. [ScienceAlert]