A humanidade atingiu o seu pico, e é tudo ladeira abaixo a partir de agora

Por , em 11.12.2017

Se a nova pesquisa da Universidade Paris Descartes (França) estiver correta, a humanidade já atingiu seu pico em termos de aptidão física, e não haverá mais melhorias para a espécie.

Isso é parcialmente nossa culpa. O nosso efeito sobre o meio ambiente, incluindo a poluição e as alterações climáticas, parece ter um impacto negativo nos nossos limites biológicos.

A barreira

Uma equipe multidisciplinar liderada pelo médico Jean-François Toussaint realizou uma revisão de mais de 160 estudos feitos nos últimos 120 anos.

Os pesquisadores analisaram longevidade, desempenho atlético, tendências de altura ao longo do tempo e o meio ambiente.

O que a avaliação concluiu é que a expectativa de vida, o desempenho físico e a altura – fatores que cresceram constantemente ao longo do século 20 – se estabilizaram nas últimas três décadas, desde 1980.

“Esses traços já não aumentam, apesar do contínuo progresso nutricional, médico e científico”, afirmou Toussaint. “Isso sugere que as sociedades modernas permitiram que nossa espécie alcançasse seus limites”.

Tendência

Registros médicos e esportivos confiáveis e a capacidade de medir com precisão coisas como o desempenho físico tornaram-se mais disponíveis durante o último século.

Agora, com mais de cem anos desses registros, podemos analisá-los em conjunto para observar tendências – e elas se mostram decrescentes. Ou seja, menos pessoas estão excedendo as maiores expectativas de vida, menos pessoas estão quebrando recordes esportivos etc.

Por exemplo, até agora, ninguém viveu mais do que Jeanne Calment, que morreu em 1997 com 122 anos e 164 dias. E ninguém bateu os recordes de velocidade nos 100 metros e 200 metros de atletismo estabelecidos por Usain Bolt em 2008.

As estatísticas médias de saúde e altura continuam aumentando, mas em alguns lugares da África, em contraste, as alturas médias já começaram a diminuir, indicando nutrição insuficiente.

Fator: mudança climática

Os cientistas acreditam que fatores ambientais podem contribuir para evitar que os humanos atinjam limites superiores de aptidão física e vida útil.

A poluição ambiental tem sido associada ao baixo peso ao nascer, a baixa saúde e a menor expectativa de vida. As mudanças climáticas também já foram associadas a menor expectativa de vida e a propagação de doenças como a malária.

“Observar tendências decrescentes pode fornecer um sinal precoce de que algo mudou, mas não para melhor”, disse Toussaint. “O atual declínio nas capacidades humanas que podemos ver hoje é um sinal de que as mudanças ambientais, incluindo o clima, já estão contribuindo para restrições crescentes que agora temos que considerar”.

O lado bom é que ter alguma ideia sobre nossos limites pode ajudar os governos de todo o mundo a trabalhar para atingir os valores mais altos possíveis para suas populações, apesar das restrições ambientais. E, assim, devemos observar um aumento incremental nos valores médios de altura, vida útil e biomarcadores humanos.

O artigo foi publicado na revista Frontiers in Physiology. [ScienceAlert]

3 comentários

  • Eder:

    Acredito que com o tempo (muito tempo) os records serão batidos inevitavelmente por causa da Evolução. Embora qualquer conquista no futuro não será creditada á mãe natureza.

  • Roberto Monteiro:

    Estão buscando pessoas mais altas para formar um grande time de basquete ou para vender mais tecido, mais couro, mais sintéticos? Tudo bem, lutar por melhor saúde, melhor bem estar geral, melhores condições de vida. Agora, o que a altura do cidadão vai influenciar? Imaginem ajustar o mundo aos com mais de1,90, por exemplo? O que uma pessoa com 1,75m faz que uma de 1,85 não faz? Bobagem.

    • Cesar Grossmann:

      Você não tem nenhuma curiosidade, Roberto, de saber se a altura atual é o máximo que podemos chegar, é até onde vai o nosso potencial para ficar alto? Se os recordes de hoje representam o máximo potencial dos atletas, conforme determinado pela natureza? Nenhuma curiosidade mesmo?

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