Medicamento comum restaura função em cérebros velhos

Por , em 23.08.2024

Um medicamento utilizado para induzir o parto em mulheres grávidas demonstrou ser capaz de reativar pequenos mecanismos de limpeza de resíduos no cérebro de camundongos idosos. Essa descoberta, puvlicada na revista Nature Aging, pode abrir novas possibilidades para o tratamento de doenças como Alzheimer e Parkinson, bem como para o declínio cognitivo em geral.

O cérebro, quando está funcionando adequadamente, produz proteínas em excesso devido aos processos energéticos intensivos entre os neurônios. Essas proteínas devem ser eliminadas para manter a função cerebral. Se não forem removidas, elas podem se acumular e causar problemas, como os emaranhados de beta-amiloide e tau associados ao Alzheimer, ou o acúmulo de alfa-sinucleína relacionado ao Parkinson.

Em 2012, a neurocientista dinamarquesa Maiken Nedergaard identificou e nomeou o sistema que utiliza o líquido cerebrospinal (LCR) para limpar resíduos do cérebro, chamado de sistema glinfático. Recentemente, Nedergaard e sua equipe investigaram mais detalhadamente esse sistema, focando em vasos linfáticos chamados linfangions. Esses pequenos mecanismos no pescoço são responsáveis por transportar o LCR sujo do cérebro para o sistema linfático, onde é processado pelos rins.

Com o uso de técnicas avançadas de rastreamento de partículas em modelos de camundongos, os pesquisadores descobriram que, com o envelhecimento, a atividade das bombas linfáticas diminuía. Em consequência, camundongos mais velhos tinham 63% menos LCR sujo sendo eliminado do cérebro em comparação com os camundongos jovens, o que pode levar ao declínio cognitivo.

Para reativar essas bombas, Nedergaard e sua equipe focaram nas células musculares lisas e utilizaram a prostaglandina F2α, um medicamento que age sobre essas células e é comumente usado para induzir o parto. A administração desse medicamento aos camundongos idosos com um creme tópico restaurou a função das bombas, fazendo com que o fluxo de LCR sujo retornasse ao nível eficiente observado em camundongos mais jovens.

Se esses resultados se confirmarem em testes clínicos com humanos, a descoberta poderá proporcionar uma nova abordagem para tratar o comprometimento cognitivo e doenças cerebrais.

Douglas Kelley, coautor do estudo da Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas Hajim da Universidade de Rochester, comentou: “Esses vasos estão próximos à superfície da pele, sabemos que são cruciais, e agora entendemos como melhorar sua função. Esse método, possivelmente combinado com outras intervenções, pode servir de base para futuras terapias para essas condições.”

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