Michael Phelps descreve como eram as crises de depressão logo depois de cada Olimpíadas

Por , em 19.01.2018

Michael Phelps contou sobre sua luta com a depressão no Kennedy Forum, evento que aconteceu em Chicago nesta semana para discutir saúde mental. “Você contempla o suicídio”, disse ele ao público.

O atleta explicou que para levar 23 medalhas olímpicas para casa, foi necessário muito trabalho duro e persistência. “Eu estava sempre com fome de mais, fome de mais, e eu queria mais. Eu queria me superar para ver qual era o meu máximo. Mas depois de cada Olimpíadas, eu caía em um grande estado de depressão”, relembrou ele em entrevista ao estrategista político David Axelrod, comentarista da CNN dos EUA.

Phelps começou a notar um padrão de emoção que, segundo ele, não parecia certo. Isso sempre acontecia em uma determinada época do ano, no começo de outubro ou novembro. “Eu diria que minha primeira crise de depressão aconteceu em 2004”, aponta ele. Naquele ano, ele foi multado por dirigir sob efeito de substâncias entorpecentes.

Algumas semanas depois das Olimpíadas de 2008, ele foi fotografado usando um cachimbo de vidro para maconha, e na época se desculpou pelo comportamento. Segundo ele, drogas pareciam uma solução para escapar de “seja lá o que eu estivesse fugindo”. “Eu estava me auto-medicando, basicamente todos os dias, para tentar consertar seja lá o que eu estivesse tentando evitar”.

Michael Phelps no Kennedy Forum, que aconteceu no dia 16 de janeiro de 2018 (Crédito imagem: CNN)

Phelps diz que as ótimas performances nas Olimpíadas de 2004, 2008 e 2012 eram “explosões”, seguidas por quedas. A maior queda, conta ele, foi a que aconteceu em 2012. “Eu não queria mais estar no esporte… eu não queria mais estar vivo”.

Ele relata que ficava deitado em seu quarto por três a cinco dias seguidos, sem comer, praticamente sem dormir e “só não querendo estar vivo”. Foi aí que ele percebeu que precisava de ajuda.

“Lembro do primeiro dia de tratamento. Eu estava tremendo, tremendo porque estava nervoso sobre as mudanças que viriam. Eu precisava descobrir o que estava acontecendo”. Na primeira manhã de tratamento, uma enfermeira o acordou às 6:00 e o orientou a olhar para a parede, onde estavam oito figuras representando diferentes emoções. “Olhe para a parede e diga o que você sente”, disse ela. “Como você acha que eu me sinto agora? Estou muito bravo. Não estou feliz. Não sou uma pessoa que gosta de acordar cedo”, respondeu ele para a enfermeira. Phelps relatou a experiência entre risadas.

Assim que ele começou a falar sobre seus sentimentos, porém, tudo melhorou. “A vida ficou mais fácil. Eu disse a mim mesmo várias vezes: ‘por que não fiz isso há 10 anos?’. Mas eu não estava pronto”.

Depois de toda esta experiência, Phelps decidiu implementar gerenciamento de estresse nos programas oferecidos pela fundação Michael Phelps e também nos Clubes de Meninos e Meninas da América.

Hoje ele vê que contar sua história para outras pessoas pode ajudá-las a procurar ajuda. “E isso é muito mais poderoso. Esses momentos e emoções são anos-luz melhor que ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas”, diz ele. “Sou extremamente grato por não ter tirado minha vida”. [CNN]

2 comentários

  • Simões Neto:

    Acredito ser muito importante o depoimento de “super campeão”, que tinha contratos milionários, prova que o dinheiro não é tudo. Alerta, para quem está nessa busca alucinada pela fama e riqueza.

    • Cesar Grossmann:

      Mas o anonimato e a pobreza não salvam ninguém da depressão.

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