Mulher sofre com Síndrome do Coração Partido após a morte do cão
Joanie Simpson, de 62 anos, acordou um dia com uma terrível dor nas costas. Quando ela se virou, a dor ficou ainda pior e se espalhou para o peito. Em 20 minutos, ela já estava no pronto-atendimento do seu hospital local, e logo foi enviada de helicóptero para um hospital em Houston, Texas.
Apesar de estar exibindo sinais clássicos de ataque cardíaco, exames realizados no Instituto Vascular e do Coração Memorial Hermann mostraram que ela estava com a Síndrome de Takotsubo, também conhecida como Síndrome do Coração Partido.
“A artéria estava limpa, estava impecável”, afirma um de seus médicos, Abhishek Maiti. A síndrome é mais comum em mulheres pós-menopausa e não é restrita a pessoas com problemas de saúde.
Essa síndrome foi descrita pela primeira vez na década de 1990, por médicos japoneses. Nela, uma forte liberação de hormônios de estresse fazem com que o coração fique inchado e tenha espasmos, causando muitas dores e falta de ar para o paciente. O coração fica parecendo uma armadilha para polvos japonesa chamada takotsubo (imagem B), mas não há nenhuma obstrução dos vasos cardíacos.
Normalmente, a síndrome acontece quando o paciente recebe uma notícia muito forte, tanto negativa quanto positiva, apesar de o tipo mais comum ser a morte de alguém próximo.
No caso de Joanie, o problema foi a morte da sua cachorrinha de estimação, Meha. Ter tamanha reação à morte de um animal de estimação é menos comum entre pacientes com a síndrome, mas já foi registrada anteriormente.
O caso ganhou destaque por sua “elegância e concisão”, de acordo com Maiti, que publicou a história na revista New England Journal of Medicine. Assim, outros profissionais da saúde podem usar este caso como modelo para situações semelhantes.
Joanie foi enviada para casa dois dias depois de ser internada e passa bem, apesar de ter que tomar dois medicamentos para o coração.
Momento de estresse
A morte da cachorrinha Meha não foi o único acontecimento estressante naquele momento da vida de Joanie. Seu filho estava para fazer uma cirurgia nas costas e o genro tinha perdido o emprego. Além disso, ela tentava vender a casa e encontrar outro imóvel em outra cidade, o que mostrou-se complicado e demorado. Por isso, a morte da yorkshire terrier de 9 anos Meha foi a última gota para a saúde de Joanie.
A cachorrinha era como uma filha para Joanie e o marido, que não tinham mais filhos em casa. Ela nadava na piscina da casa e quando o casal fazia churrasco às sextas-feiras, ela ganhava o próprio hambúrguer. “Era nossa menininha”, relembra sua tutora.
Em maio de 2016, ela ficou tão doente que Joanie marcou uma eutanásia com o veterinário da cachorra. Quando o dia chegou, porém, Meha parecia estar muito bem, e a consulta foi cancelada. A yorkshire acabou morrendo no dia seguinte, com muito desconforto físico.
“Foi uma coisa horrível de ver. Quando você já está triste com outras coisas é a última gota. Quero dizer, tudo pesa em você”, descreve Joanie.
Cuidar de cães com doenças crônicas faz mal para a saúde
Isso traz à tona o outro lado das inúmeras pesquisas que afirmam que ter um cão traz alegria e melhora na qualidade de vida. Uma nova linha de pesquisa examina os efeitos negativos de cuidar de um cão com doença crônica.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Kent (EUA) e publicada na revista Veterinary Record mostra que tutores que cuidam de cães e gatos doentes sofrem mais de ansiedade e depressão do que pessoas que vivem com animais saudáveis. Isso porque os animais de estimação são vistos como partes da família, e as consequências de ver sua saúde deteriorar é semelhante à de ver um ente querido sofrendo.
Atualmente, Joanie tem um gato chamado Buster, mas pretende ter outros cães. “É de partir o coração, é traumático. Mas você sabe de uma coisa? Eles dão tanto amor e companhia que vou fazer de novo. Vou continuar a ter animais de estimação, isso não vai me impedir”, afirma ela. [Science Alert, Reuters]