Provável causa de ovário policístico finalmente é descoberta e cura está a caminho

Por , em 15.05.2018

A causa mais comum da infertilidade feminina é a síndrome do ovário policístico. Ela pode ser causada por um desequilíbrio hormonal que acontece enquanto os fetos femininos se desenvolvem na barriga das mães, mas a boa notícia é que um novo tratamento eficiente pode estar a caminho em breve.

Uma entre cinco mulheres no mundo têm esta síndrome, e 75% delas encontram dificuldades para engravidar. Quem tem ovário policístico tem altos níveis de testosterona, cistos no ovário, ciclos menstruais irregulares e dificuldade em regular o açúcar no sangue. “É de longe o problema hormonal mais comum que afeta mulheres em idade reprodutiva, mas não tem recebido muita atenção”, diz Robert Norman, pesquisador da Universidade de Adelaide (Austrália) ao New Scientist.

Os tratamentos atuais ajudam mulheres afetadas pelo problema conseguirem ficar grávidas, mas a taxa de sucesso deixa muito a desejar: ela é de menos de 30%.

Agora uma nova pesquisa conduzida por Paolo Giacobini no Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica afirma que a síndrome pode ser causada antes do nascimento pela exposição excessiva a um hormônio chamado anti-Mülleriano.

Os pesquisadores observaram que mulheres grávidas com a síndrome têm níveis desses hormônios 30% maiores do que o normal. Por isso, eles se questionaram se este desequilíbrio hormonal na gestação poderia induzir o mesmo problema em suas filhas.

Para testar esta hipótese, eles injetaram o hormônio anti-Mülleriano em ratas grávidas. Conforme suas crias fêmeas cresceram, elas apresentaram a síndrome de ovário policístico, incluindo puberdade atrasada, ovulação infrequente, atrasos na reprodução e menos filhotes.

O excesso de hormônio pareceu causar este efeito ao superestimular células no cérebro que aumentam o nível de testosterona.

Cura em ratos

A equipe de pesquisadores conseguiu reverter o efeito em ratos usando cetrorelix, um medicamento intravenoso usado para controlar hormônios em mulheres. Depois do tratamento com este medicamento, as ratas pararam de mostrar sintomas da síndrome.

Os pesquisadores estão planejando um teste clínico com mulheres com a síndrome, que possivelmente começará antes de 2019. “Esta poderia ser a estratégia para regularizar a ovulação e consequentemente melhorar a taxa de gravidez nessas mulheres”, diz Giacobini.

Se a síndrome realmente foi passada de mãe para filha por conta dos hormônios na barriga da mãe, isso poderia explicar por que é tão difícil encontrar uma explicação genética para o problema.

As descobertas também podem explicar por que mulheres com a síndrome parecem engravidar com mais facilidade ao redor dos 40 anos, diz Norman. Esses hormônios são conhecidos por ficar mais baixos com a idade, geralmente indicando fertilidade reduzida. Quando mulheres com ovário policístico chegam a esta idade, elas podem ter a fertilidade normalizada – mas esta hipótese ainda precisa ser testada, alerta Norman. [New Scientist]

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